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Otávio Luis Marques da Silva


Em 09 de maio de 2018, no anfiteatro do Instituto de Botânica (IBt-SP), Otávio Luis Marques da Silva, aluno de doutorado do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente e bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), defendeu a sua tese intitulada “Revisão taxonômica, filogenia e biogeografia de Astraea Klotzsch (Euphorbiaceae)”.

A banca examinadora foi presidida pela Dra. Inês Cordeiro (Instituto de Botânica – IBt), tendo como membros as Dras. Maria Beatriz Rossi Caruzo (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) e Lúcia Rossi (IBt-SP), e os Drs. Renato de Mello-Silva (Universidade de São Paulo – USP) e Jefferson Prado (IBt-SP).

O trabalho se concentrou em Astraea Klotzsch, um gênero pertencente à Crotoneae, tribo na qual está inserida Croton, um dos maiores gêneros de Euphorbiaceae. Como resultados, apresentamos rearranjos em Astraea, reconhecendo 13 espécies para o gênero. As análises filogenéticas baseadas em três marcadores (trnL-F, psbA-trnH e ITS) suportam o reconhecimento de três grupos dentro de Astraea. Avaliamos também a história evolutiva de Astraea com base em uma filogenia datada, reconstrução de áreas de distribuição ancestrais e mapeamento de caracteres morfológicos. Ainda, expandimos nossas análises para a tribo Crotoneae para avaliar a história evolutiva de Astraea em um contexto mais amplo, indicando diferentes posicionamentos para Brasiliocroton, Sagotia e Sandwithia que são discutidos do ponto de vista morfológico.


Revisão taxonômica, filogenia e biogeografia de Astraea Klotzsch (Euphorbiaceae)


ABSTRACT

Astraea belongs to tribe Crotoneae (Crotonoideae, Euphorbiaceae) along with Croton, Brasiliocroton, Acidocroton, Sagotia e Sandwithia. The genus is distributed mostly throughout the Neotropical region, but some of its species are weedy and also found along the Paleotropics. Described as a genus by Klotzsch in 1841, Astraea was traditionally recognized as one of the morphologically best-defined sections within the giant Croton (C. sect. Astraea). As such, C. sect. Astraea was one of the morphologically best-defined groups within Croton. The last comprehensive monographs of Astraea are those made by Müller Argoviensis in De Candolle’s Prodromus and Flora Brasiliensis during the 19th century. In these works, many varieties are recognized for Croton lobatus (= A. lobata), the type species of Astraea and the most complex and widespread of its species. As consequence of recent phylogenetic studies, C. sect. Astraea was recognized as a distinct genus. Astraea has been included in studies mostly as outgroup and, therefore, little is known about the relationships among its species. Based on ca. 5,200 specimens from more than 90 herbaria, we present a more precise morphological delimitation for the complex A. lobata and rearrangements within the genus, which resulted in the recognition of 13 species (A. cincta, A. comosa, A. digitata, A. gracilis, A. klotzschii, A. lobata, A. macroura, A. manihot, A. paulina, A. praetervisa, A. subcomosa, A. surinamensis e A. trilobata). The phylogenetic analysis with two plastid (trnL-trnF and psbA-trnH) and one nuclear (ITS) regions, including more than one sample for many of the species, confirmed the monophyly of Astraea. These analyses also recognized three main clades based on morphological characters or geographical distribution. Based on the phylogenetic hypothesis, we also performed divergence time estimates and reconstructions of ancestral ranges and morphological characters states to evaluate the evolutionary history of Astraea. We also present insights into the evolution of Crotoneae in the Neotropical region and discuss the alternative positions of Brasiliocroton, Sagotia and Sanwithia.
Keywords: Astraea lobata, Crotonoideae, Crotoneae, Brasiliocroton, Neotropical Flora, Sagotia, Sandwithia

RESUMO

Astraea pertence à tribo Crotoneae (Crotonoideae, Euphorbiaceae), juntamente com Croton, Brasiliocroton, Acidocroton, Sagotia e Sandwithia. Distribui-se ao longo de toda a região Neotropical, mas algumas de suas espécies são ruderais e também são encontradas nos Paleotrópicos. Descrita como um gênero por Klotzsch em 1841, Astraea tradicionalmente era reconhecida como uma seção do grande gênero Croton (C. sect. Astraea). E como tal, era uma das mais bem definidas morfologicamente. As monografias mais completas de C. sect. Astraea são as de Müller Argoviensis para o Prodromus de Candolle e a Flora Brasiliensis, no século XIX. Nestes trabalhos são reconhecidas diversas variedades para C. lobatus (=A. lobata), a espécie tipo do gênero e a mais complexa e amplamente distribuída de suas espécies. Em consequência dos estudos filogenéticos recentes, Croton sect. Astraea foi reconhecida como um gênero distinto. Por terem sido incluídas em filogenias de Crotoneae apenas como grupo externo, pouco se sabia sobre as relações entre as espécies de Astraea. Com base em cerca de 5.200 exsicatas de mais de 90 herbários, apresentamos uma delimitação mais restrita de A. lobata e rearranjos no gênero que resultaram no reconhecimento de 13 espécies (A. cincta, A. comosa, A. digitata, A. gracilis, A. klotzschii, A. lobata, A. macroura, A. manihot, A. paulina, A. praetervisa, A. subcomosa, A. surinamensis e A. trilobata). As análises filogenéticas com dois marcadores plastidiais (trnL-trnF e psbA-trnH) e um nuclear (ITS), incluindo múltiplas amostras para muitas das espécies, confirmaram o monofiletismo de Astraea. Tais análises reconheceram três clados principais suportados por características morfológicas e/ou distribuição geográfica. Baseados na hipótese filogenética, realizamos estimativas de tempo de divergência dos clados e reconstrução de áreas ancestrais, bem como otimização de caracteres morfológicos para avaliar a história evolutiva de Astraea. Também apresentamos insights sobre a evolução de Crotoneae na região Neotropical e a posição de Brasiliocroton, Sagotia e Sandwithia na tribo.
Palavras-chave: Astraea lobata, Crotonoideae, Crotoneae, Brasiliocroton, Flora Neotropical, Sagotia, Sandwithia


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Revisão taxonômica, filogenia e biogeografia de Astraea Klotzsch (Euphorbiaceae)


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