faixapos6


Gisela Pelissari


Gisela Pelissari, aluna do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo, defendeu, no dia 18 de janeiro de 2016, sua tese de Doutorado intitulada: “Filogenia e Biogeografia de Ficus L. seção Americanae (Miq.) Corner (Moraceae): complexos “citrifolia” e “pertusa””.

A banca examinadora foi composta pelo seu orientador Dr. Sergio Romaniuc Neto (Instituto de Botânica/São Paulo, Núcleo de Pesquisa Curadoria Herbário SP), Dra. Maria Candida Henrique Mamede (Instituto de Botânica/São Paulo, Núcleo de Pesquisa Curadoria Herbário SP), Dra. Inês Cordeiro (Instituto de Botânica/São Paulo, Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário SP), Dra. Lucia Rossi (Instituto de Botânica/São Paulo, Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário SP) e Dra. Renata Jimenez de almeida Scabbia (Universidade Mogi das Cruzes/Núcleo de Ciências Ambientais).

A tese defendida teve como objetivo principal apresentar a filogenia e biogeografia de dois complexos de espécies pertencentes à seção Americanae de Ficus. Os resultados obtidos encontram-se organizados em três capítulos:

  1. Phylogeny of species related to “citrifolia” and “pertusa” complexes in Ficus section Americanae. Foram apresentados os dados obtidos através da análise molecular de espécies da seção Americanae, utilizando dados de ITS, G3pdh e EPIC, propondo uma hipótese filogenética para a seção, demonstrando a ausência de monofiletismo nos complexos.
  2. Sinopse de Ficus l. subgênero Spherosukie Raf. seção Americanae (Miq.) Corner: complexos “citrifolia” e “pertusa”. Apresenta uma chave de identificação para as espécies pertencentes aos complexos estudados, descrições morfológicas sucintas, lista de material examinado, dados de distribuição geográfica e comentários, além de ilustrações e mapas de ocorrência das mesmas.
  3. Biogeography of species related to “citrifolia” and “pertusa” complexes in Ficus section Americanae. Foram apresentados os dados obtidos através da análise molecular de espécies da seção Americanae, utilizando dados de ITS, G3pdh e EPIC, assim como os dados de distribuição geográfica, propondo uma hipótese biogeográfica das espécies em estudo.

Filogenia e Biogeografia de Ficus L. seção Americanae (Miq.) Corner (Moraceae): complexos “citrifolia” e “pertusa”


ABSTRACT

Ficus section Americanae is the largest in Ficus and endemic to the Neotropics, with about 100 species. Among these, F. citrifolia and F. pertusa have a significant morphological plasticity of its characters, being included in species complexes. The difficulty in recognizing the species that compose the complex “citrifolia” and “pertusa” implies differences in their taxonomic stories and even in phylogenies that include them. Several studies on the phylogeny of Ficus were published, usually with a few representatives of section Americanae, and focusing on the phylogenetic relationships among the paleotropical species. Twenty species of complexes “citrifolia” and “pertusa” are studied in this work focused on morphology, phylogeny and biogeography: F. amazonica, F. aripuanensis, F. arpazusa, F. broadwayi, F. citrifolia, F. donnel-smithii, F. dugandii, F. eximia, F. guaranitica, F. hatschbachii, F. krukovii, F. lauretana, F. nigrotuberculata, F. pakkensis, F. pallida, F. paludica, F. pertusa, F. subandina, F. trachelosyce e F. tubulosa. Phylogenetic analysis was performed with 32 taxa belonging to section Americanae, focusing on species of complexes “citrifolia” and “pertusa.” The combined analysis of ITS and G3PDH markers made it possible to infer two main lineages with seven clades. The analysis with EPIC marker presented limited resolution and, therefore, were excluded from this study. The molecular results confirm the monophyly of section Americanae, with section Platyphyllae as sister group. However, the complexes “citrifolia” and “pertusa” are not sustained, reinforcing the hypothesis of likely homoplasy of the characters that form the “complexes”. In this case, this result has implications for the classification of species. Some binomial previously treated as synonyms or forms of F. citrifolia and F. pertusa were elevated to species. Biogeographical analyzes suggest that Ficus subgenus Spherosuke section Americanae differed from the other subgenres of Ficus in the Upper Cretaceous, with probable origin in Boreal Brazilian region (Amazon rainforest), during the Paleocene (ca. 64 Mya). The rise of the Andes, probably played a central role in the diversification of the main lines in section Americanae at the end of the Oligocene and Miocene (about 25-10 Mya). Geological and environmental changes during the Pliocene and Pleistocene (about 5.3 to 0.8 Mya) could have led to the diversification of the recent lineages of the section.
Keywords: Biogeography, molecular analyses, Moraceae, taxonomy, divergence time

 

RESUMO

Ficus seção Americanae é a maior de Ficus e endêmica da região neotropical, com aproximadamente 100 espécies. Dentre essas, F. citrifolia e F. pertusa apresentam uma expressiva plasticidade morfológica de seus caracteres, sendo incluídas em complexos de espécies. A dificuldade no reconhecimento das espécies que compõem os complexos “citrifolia” e “pertusa” implica em divergencias nas suas histórias taxonômicas e mesmo nas filogenias que as incluem. Vários estudos sobre a filogenia de Ficus foram publicados, geralmente com poucos representantes da seção Americanae, e com foco nas relações filogenéticas entre as espécies paleotropicais. Vinte espécies dos complexos “citrifolia” e “pertusa” são estudadas nesse trabalho com foco na morfologia, filogenia e biogeografia: F. amazonica, F. aripuanensis, F. arpazusa, F. broadwayi, F. citrifolia, F. donnel-smithii, F. dugandii, F. eximia, F. guaranitica, F. hatschbachii, F. krukovii, F. lauretana, F. nigrotuberculata, F. pakkensis, F. pallida, F. paludica, F. pertusa, F. subandina, F. trachelosyce e F. tubulosa. Foi realizada análise filogenética de 32 táxons pertencentes à seção Americanae, com foco nas espécies dos complexos “citrifolia” e “pertusa”. A análise combinada dos marcadores ITS e G3PDH possibilitou inferir duas linhagens principais com sete clados. A análise com o marcador EPIC apresentou resolução limitada e, por esta razão, foi excluída do presente estudo. Os resultados moleculares confirmam o monofiletismo da seção Americanae, sendo a seção Platyphyllae grupo-irmão. Entretanto, os complexos “citrifolia” e “pertusa” não fora reconhecidos como monofiléticos na análise, reforçando a hipótese da provável homoplasia dos caracteres que formam os “complexos”. Neste caso, tal resultado apresenta implicações na nomenclatura das espécies. Alguns binômios anteriormente tratados como sinônimos ou formas de F. citrifolia e F. pertusa foram elevados a espécie. As análises biogeográficas sugerem que Ficus subgênero Spherosuke seção Americanae divergiu dos demais subgêneros de Ficus no Cretáceo Superior, com provável origem na região Boreal brasileira (Floresta Amazônica), durante o Paleoceno (ca. 64 Ma ). A elevação dos Andes, provavelmente, desempenhou um papel central na diversificação das principais linhagens na seção Americanae, no final do Oligoceno e Mioceno (cerca de 25-10 Ma ). Mudanças geológicas e ambientais durante o Plioceno e Pleistoceno (cerca de 5,3-0,8 Ma ) poderiam ter levado à diversificação das linhagens recentes da seção.
Palavras-chave: Biogeografia, análises moleculares, Moraceae, taxonomia, tempo de divergência


pdf_grandeGisela Pelissari
Filogenia e Biogeografia de Ficus L. seção Americanae (Miq.) Corner (Moraceae): complexos “citrifolia” e “pertusa”


 VOLTAR AS DISSERTAÇÕES E TESES