Alessandra dos Santos
No dia 24 de fevereiro de 2016, a aluna Alessandra dos Santos (bolsista CAPES), do Programa de Pós Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica (IBt/SP), defendeu sua tese de doutorado intitulada “Filogenia e biogeografia de Naucleopsis Miq. (Moraceae)”. A referida tese foi avaliada por uma banca examinadora, composta pelo Prof. Dr. Sergio Romaniuc Neto (Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário SP/IBt), pela Profa. Dra. Roseli Buzanelli Torres (Instituto Agronômico de Campinas/IAC), pela profa. Dra. Maria das Graças Lapa Wanderley (Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário SP/IBt), pela profa. Dra. Rosângela Simão Bianchini (Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário SP/IBt) e pelo prof. Dr. André Luiz Gaglioti (UNESP Botucatu).
O desenvolvimento deste projeto contou com a orientação do prof. Dr. Sergio Romaniuc Neto e representa o estudo mais amplo envolvendo dados moleculares biogeográficos e taxonômicos com ênfase para as espécies de Naucleopsis Miq. (Moraceae).
Os resultados apresentados neste projeto forneceram, pela primeira vez, informações para elaboraração de uma hipótese da evolução espaço-temporal da linhagem de Naucleopsis na região Neotropical.
Filogenia e biogeografia de Naucleopsis Miq. (Moraceae)
ABSTRACT
Naucleopsis is a neotropical genus of Moraceae included in tribe Castilleae. The genus includes 31 species distributed in the rainforest of South and Central America, with most species belong to the Amazon region, mainly in lowland moist forest. It is recognized by being usually trees, dioecious, rarely monoecious. Leaves coriaceous to chartaceous, always entire and mostly glabrous. Stipules fully amplexicaul, free, caducous or rare persistent in the internodes along leafy twigs. Staminate inflorescences up to 10 together, inner involucral bracts covering the flowers before anthesis. The pistillate inflorescences are mostly solitary, with ovary entirely immersed in the receptacle and flowers with distinct to indistinct perianth. The genus varies considerably in the size of the leaves, and mainly in the characters of the pistillate inflorescences and infructescences. The high degree of polymorphism of group created troubles along of the taxonomy history of the genus. This thesis represents a first step towards an understanding of the molecular phylogeny and biogeography of Castilleae, more specifically of Naucleopsis. In addition, a synopsis of Naucleopsis is presented. To infer the phylogeny was DNA sequence data from the plastidial trnL-F and nuclear FA03310 (EPIC) gene were sequenced. Our study included 28 accessions (25 taxa) and suggested that Naucleopsis is monophyletic, with one lineage specific for a group of species with connate perianth, parted at the apex, and other lineage specific for Naucleopsis humilis with free pseudo-tepals and branches with short internodes, supported by our maximum likelihood and Bayesian analyses. The synopsis of the Naucleopsis presented in this work resulted in 31 species: N. acreana, N. caloneura, N. capirensis, N. chiguila, N. concinna, N. francisci, N. glabra, N.guianensis, N. herrerensis, N. humilis, N. imitans, N. inaequalis, N. insculptula, N. jamariensis, N. krukovii, N. macrophylla, N. meridionalis, N. naga, N. oblongifolia, N. pauciflora, N. pseudonaga, N. riparia, N. stipularis, N. straminea, N. ternstroemiiflora, N. ulei, N. velutina, N. sp1*, N. sp2*, N. sp3*, N. sp4* among them, four are new for the science (*), one new combination and one with new status (underlined) and two species were reestablished (in bold). The analyses biogeographical focusing Naucleopsis suggest that the genus was originated during Oligocene (ca. 32.91 Mya), in Boreal-South Brazilian region (Amazon rainforest).
Keywords: Amazon rainforest, Castilleae, divergence time estimates, EPIC, molecular analyses
RESUMO
Naucleopsis é um gênero neotropical de Moraceae incluído na tribo Castilleae. O gênero inclui 31 espécies distribuídas nas florestas tropicais da América do Sul e Central, com a maioria das espécies na região Amazônica, principalmente em florestas úmidas e baixas. Ele é reconhecido por serem árvores, dioicas, raro monoicas. Folhas coriáceas a cartáceas, sempre inteiras, a maioria glabras. Estípulas totalmente amplexicaules, livres, caducas ou raro persistentes nos entrenós ao longo dos ramos foliares. Inflorescências estaminadas até 10, invólucro de brácteas internas cobrindo as flores antes da antese. As inflorescências pistiladas são na maioria solitárias, com ovário inteiramente imerso no receptáculo e flores com perianto indistinto a distinto. O gênero varia consideravelmente no tamanho das folhas, e principalmente nos caracteres das inflorescências pistiladas e infrutescências. O alto grau de polimorfismo do grupo criou problemas na história taxonômica do gênero. Esta tese representa um primeiro passo rumo ao entendimento da filogenia e biogeografia de Castilleae, mais especificamente de Naucleopsis. Além disso, uma sinopse de Naucleopsis é apresentada. Para inferir a filogenia DNA foram sequenciados a partir do gene plastidial trnL-F e nuclear FA03310 (EPIC). Nosso estudo incluiu 28 acessos (25 táxons) e sugeriram que Naucleopsis é monofilético, com uma linhagem específica para um grupo de espécies com perianto conato, partido no ápice, e outra linhagem específica para Naucleopsis humilis com pseudo-tépalas livres e ramos com entrenós curtos, suportadas por Máxima verossimilança e Inferência Bayesiana. A sinopse de Naucleopsis aqui apresentada resultou em 31 espécies: N. acreana, N. caloneura, N. capirensis, N. chiguila, N. concinna, N. francisci, N. glabra, N. guianensis, N. herrerensis, N. humilis, N. imitans, N. inaequalis, N. insculptula, N. jamariensis, N. krukovii, N. macrophylla, N. meridionalis, N. naga, N. oblongifolia, N. pauciflora, N. pseudonaga, N. riparia, N. stipularis, N. straminea, N. ternstroemiiflora, N. ulei, N. velutina, N. sp1*, N. sp2*, N. sp3*, N. sp4*, entre estas, quatro são novas para ciência (*), uma nova combinação e uma com novo status (sublinhado) e duas espécies foram restabelecidas (negrito). As análises biogeográficas focando Naucleopsis sugeriram que o gênero foi originado durante o Oligoceno (ca. 32.91 Mya), na região Boreal-Sul brasileira (Floresta Amazônica).
Palavras-chave: Análises moleculares, Castilleae, EPIC, estimativas de tempo de divergência, Floresta Amazônica
Alessandra dos Santos
Filogenia e biogeografia de Naucleopsis Miq. (Moraceae)
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