Lívia Franco da Costa
No dia 15 de dezembro de 2015, às 14:00, a aluna da pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica, São Paulo (IBt), Lívia Franco da Costa (bolsista FAPESP) defendeu sua dissertação de mestrado intitulada “Taxonomia e ecologia de Eunotia (Bacillariophyceae) em represas das regiões Sul e Sudeste do Estado de São Paulo”. A banca examinadora foi composta pela Dra Denise de Campos Bicudo (orientadora/Instituto de Botânica), Dr. Tarciso Filgueiras (Instituto de Botânica) e Dra Andréa Tucci (Instituto de Botânica). O trabalho avaliou a biodiversidade, a distribuição e as preferências ecológicas de representantes do gênero de diatomáceas Eunotia Ehrenberg de represas localizadas na Bacia do Alto Tietê e bacias vizinhas, Estado de São Paulo. O estudo baseou-se na análise de 225 amostras incluindo material perifítico, fitoplanctônico e de sedimento superficial. A análise taxonômica foi feita a partir de microscopia fotônica (MO) e eletrônica de varredura (MEV). O gênero foi bastante diverso e foi representado por 85 táxons específicos e infraespecíficos de Eunotia para a área de estudo, dentre eles 11 foram considerados espécies novas e 13 foram reportados pioneiramente para o país. A comunidade dos sedimentos superficiais apresentou-se como a mais diversa, seguida do perifíton e fitoplâncton. A preferência ecológica de Eunotia por ambientes oligo/mesotróficos, ácidos a levemente ácidos e de baixa condutividade foi confirmada, contudo foi documentada pela primeira vez a preferência de duas espécies por condições mais degradadas. O estudo contribuiu para ampliar e aprofundar o conhecimento taxonômico e ecológico das espécies do gênero, fornecendo base mais consistente para o melhor conhecimento das populações tropicais e de seu uso na bioindicação.
Taxonomia e ecologia de Eunotia (Bacillariophyceae) em represas das regiões Sul e Sudeste do Estado de São Paulo
RESUMO
Eunotia Ehrenberg representa um dos maiores gêneros de diatomáceas existentes, caracterizando-se principalmente pela rafe curta restrita aos polos e pela presença de rimopórtula. No Estado de São Paulo, estima-se que ao redor de 90 espécies/variedades de Eunotia sejam conhecidas. Todavia, a maior parte das informações não foi publicada. Ainda, informações ecológicas sobre a distribuição das espécies deste gênero no país são praticamente inexistentes. Desta forma, esse trabalho visou ampliar o conhecimento taxonômico e ecológico do gênero com base no estudo de populações encontradas em 32 represas, distribuídas em cinco bacias hidrográficas das regiões sul e sudeste do Estado de São Paulo. O material estudado incluiu 225 lâminas permanentes, abrangendo amostras de distintos hábitats (planctônicas, perifíticas e de sedimentos superficiais), épocas do ano (verão/inverno) e profundidades (local mais profundo e raso). O levantamento taxonômico foi feito a partir da análise detalhada das populações encontradas em microscopia de luz e eletrônica de varredura. A delimitação das populações levou em conta a circunscrição de materiais-tipo disponíveis em literatura. O avanço ecológico sobre as preferências ecológicas das espécies/variedades foi feito a partir da associação da distribuição quantitativa (abundância relativa) dos táxons com variáveis limnológicas (pH, condutividade, fósforo e nitrogênio total) disponíveis no banco de dados do projeto maior em que se insere essa pesquisa (projeto AcquaSed). Para tanto foram consideradas apenas espécies que tiveram frequência de ocorrência ≥ 10% em determinado hábitat. Com isso, foram identificados 85 táxons específicos e infraespecíficos de Eunotia para a área de estudo, dentre eles 11 foram considerados espécies novas e 13 foram reportados pioneiramente para o país. Todos os táxons foram medidos, discutidos e ilustrados em microscopia de luz e eletrônica sempre que possível. A comunidade dos sedimentos superficiais apresentou-se como a mais diversa, seguida do perifíton e fitoplâncton. O ótimo ecológico foi calculado para 19 espécies, confirmando a preferência ecológica de Eunotia por ambientes oligo/mesotróficos, ácidos a levemente ácidos e de baixa condutividade, contudo é documentada pela primeira vez a preferência de duas espécies por condições mais degradadas.
Palavras-chave: diatomáceas, fitoplâncton, perifíton, preferência ecológica, sedimentos superficiais
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