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Cynthia Lebrão de Abreu Pires


No dia 23 de abril de 2015, a aluna Cynthia Lebrão de Abreu Pires, do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt/SP), defendeu sua dissertação de mestrado intitulada
“Dinâmica temporal da vegetação em área de restinga do Parque Nacional de Jurubatiba, Rio de Janeiro, com base em microfósseis”,
sob a orientação da Dra. Cynthia Fernandes Pinto da Luz.
A dissertação foi avaliada pela banca examinadora composta pela Profª Dra. Dorothy Sue Dunn de Araujo (Instituto de Biologia/UFRJ)
e pela Profª Dra. Maria Judite Garcia (Instituto de Geociências/USP).

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Profª Dra. Dorothy Sue Dunn de Araujo, Cynthia Lebrão de Abreu Pires, Profª Dra. Maria Judite Garcia
e Profª Dra. Cynthia Fernandes Pinto da Luz.

A vegetação do Quaternário deixou registros através de microfósseis pelos quais é possível inferir sobre a dinâmica pretérita das comunidades. Estes registros são os grãos de pólen, esporos de samambais e licófitas, diatomáceas, algas, fungos entre outros. A análise palinológica vem sendo utilizada com o objetivo de estudar suas associações e assim entender possíveis alterações ocorridas e, de acordo com estas, as variações climáticas e ambientais. No Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, localizado ao norte do Estado do Rio de Janeiro, se encontra uma série de lagoas.
Objetivando-se verificar as mudanças ambientais na área foi coletado um testemunho de 1,5m próximo à barra da Lagoa Comprida (22o16’52’’S, 41o 39’22’’O). Os resultados indicaram possível submersão costeira no local a partir de 6.140 +/- 40 anos AP (7.046 +/- 116 cal anos AP) devido à alta concentração de diatomáceas marinhas no registro, com o primeiro evento transgressivo do Holoceno.
No local, provavelmente se formou uma paleolaguna. Em período anterior a 6.090 +/- 40 anos AP (6.939 +/- 91 cal anos AP) houve o desaparecimento das diatomáceas com o maior aporte de água doce na paleolaguna. Conclui-se que de 6.140 +/- 40 anos AP até 5.710 +/- 40 anos AP (6.489 +/- 81cal anos AP) a restinga esteve presente no entorno da Lagoa Comprida, com predomínio da vegetação Arbustiva Aberta.
Clusia lanceolata Cambess. se encontrava bem estabelecida na área. Atualmente no Rio de Janeiro essa espécie tem limite de distribuição mais ao sul, em Maricá, onde é dominante.
Este registro polínico pode indicar que as restingas da costa fluminense não se distribuíam de forma isolada como atualmente, porém mais ou menos contínuas como sucede atualmente entre as restingas mais ao norte.


Dinâmica temporal da vegetação em área de restinga do Parque Nacional de Jurubatiba, Rio de Janeiro, com base em microfósseis


RESUMO

O Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba localizado entre os municípios de Macaé e Quissamã (norte fluminense) compreende 14.860 hectares. Nesta área se encontra uma série de lagoas. Objetivando-se verificar as mudanças ambientais na área foi coletado um testemunho de 153cm de comprimento próximo à barra da Lagoa Comprida (22o16’52’’S, 41o 39’22’’O). O tratamento palinológico seguiu metodologia padrão para o Quaternário, com utilização de banho ultrassônico, sem adição de ácidos fluorídrico e clorídrico. Foram identificados 80 tipos polínicos, 9 tipos de esporos de samambaias e licófitas, 1 tipo de esporo de briófita, 7 tipos de algas e 8 tipos de esporos de fungos. Os resultados indicaram possível submersão costeira no local a partir de 6.140 +/- 40 anos AP (7.046 +/- 116 cal anos AP) devido à alta concentração de diatomáceas marinhas no registro, com o primeiro evento transgressivo do Holoceno, e o nível do mar atingindo cerca de 2m nesse intervalo. No local, provavelmente se formou uma paleolaguna. Em período anterior a 6.090 +/- 40 anos AP (6.939 +/- 91 cal anos AP) houve o desaparecimento das diatomáceas marinhas e, ao longo do tempo, provavelmente a paleolaguna recebeu maior aporte de água doce. Concluiu-se que de 6.140 +/- 40 anos AP (7.046 +/- 116 cal anos AP) até 5.710 +/- 40 anos AP (6.489 +/- 81cal anos AP) a vegetação de restinga esteve presente no entorno da Lagoa Comprida, com predomínio da formação Arbustiva Aberta. Ressaltam-se as evidências palinológicas de que Clusia lanceolata Cambess. se encontrava estabelecida na área, ocorrendo em 9 amostras das 15 analisadas. Atualmente no estado Rio de Janeiro essa espécie tem limite de distribuição mais ao sul, em Maricá, onde é dominante. A ocorrência desta espécie durante o período analisado pode indicar que as restingas na costa do Rio de Janeiro não se distribuíam de forma isolada como atualmente, porém mais ou menos contínua, assim como ocorre atualmente entre as matas de restinga do norte fluminense e as matas do Espírito Santo e Bahia. Os depósitos sedimentares referentes ao Holoceno Superior não foram preservados no testemunho.
Palavras-Chave: Clusia lanceolata Cambess., Holoceno, Palinologia, Quaternário, Restinga.

ABSTRACT

The Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba located between the cities of Macaé and Quissamã (northern Rio de Janeiro) comprises 14,860 hectares. There are a series of coastal lagoons in the park. Aiming to verify the environmental changes in the area a 153cm long sediment core was collected near the barrier of Lagoa Comprida (22º16’52 “S, 41º39’22”O). The palynological treatment followed standard methodology for Quaternary, using an ultrasound, without the addition of hydrofluoric and hydrochloric acids. 80 pollen types, 9 types of spores of ferns and lycophytes, 1 type of spore of bryophyte, 7 types of algae and 8 types of fungi spores were identified. The results indicated possible coastal flooding at the site from 6140 +/- 40 years BP (7046 +/- 116 cal yr BP) due to the high concentration of marine diatoms in the record, along with the first transgressive event Holocene, and the sea level reaching around 2m in the interval. Probably a paleolagoon was formed on the site. In the period before 6090 +/- 40 years BP (6939 +/- 91 cal years BP) the disappearance of marine diatoms occurred and, over time, probably the paleolagoon received larger freshwater inflow. We concluded that from 6140 +/- 40 years BP (7046 +/- 116 cal yr BP) to 5,710 +/- 40 years BP (+/- 6.489 81cal years BP) the restinga vegetation was present in the surroundings of Comprida lagoon, predominantly the Open Shrub formation. We highlight the palynological evidence that Clusia lanceolata Cambess. was established in the area, occurring in 9 of the 15 samples analyzed. Currently in Rio de Janeiro state this species has a further south distribution limit, in Maricá, where it is dominant. The occurrence of this species during the analysed period may indicate that the restingas of the coast of Rio de Janeiro were not isolated distributed as currently, but more or less continuously, as occurs nowadays between the restinga forests of northern Rio de Janeiro and the forests from Espírito Santo and Bahia. The sedimentary deposits of the Late Holocene were not preserved on the core.
Keywords: Clusia lanceolata Cambess., Holocene, Palynology, Quaternary, Restinga.


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Cynthia Lebrão de Abreu Pires
Dinâmica temporal da vegetação em área de restinga do Parque Nacional de Jurubatiba, Rio de Janeiro, com base em microfósseis


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