faixapos6


André Luiz Gaglioti


O aluno André Luiz Gaglioti obteve o Título de Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt/SP), em 5 de fevereiro de 2015.

Sua tese, intitulada: Sistemática, Filogenia e Biogeografia de Pourouma Aubl. (Urticaceae), contou com a orientação do Prof. Dr. Sergio Romaniuc Neto.

A tese foi avaliada pela banca examinadora composta pela: Profa. Dra. Rafaela Campostrini Forzza (JBRJ/RJ), Profa. Dra. Roseli Buzanelli Torres (IAC/SP), Prof. Fábio Pinheiro (UNESP/SP) e pelo Prof. Rodrigo Augusto Santinelo Pereira (USP/SP).

O projeto desenvolvido buscou reconstruir a filogenia de Pourouma em nível específico, bem como, propor uma hipótese filogenética para os gêneros da tribo Cecropieae, com base em análises moleculares e inferir as inovações morfológicas “chaves” das linhagens. Na revisão taxonômica de Pourouma foram reconhecidas, descritas e ilustradas 43 espécies, bem como sugeridas categorias de conservação para as espécies de acordo com IUCN (2014).

Os resultados obtidos nas análises moleculares, combinados com a revisão taxonômica, juntamente com registros fósseis e os eventos geológicos conhecidos, forneceram, pela primeira vez, informações para elaboraração de uma hipótese da evolução espaço-temporal da linhagem de Pourouma na região Neotropical.


Sistemática, Filogenia e Biogeografia de Pourouma Aubl. (Urticaceae)


ABSTRACT

Pourouma includes 43 species distributed in the rainforests of South and Central America, with the greatest diversity in “terra firme” forests of the Amazon region, mainly in lowland tropical moist forest. The genus is characterized by dioecious trees, often with stilt-roots, leaves in spirals, stipules fused, fully amplexicaul, inflorescences in axillary, paired cymose, pistillate perianth urceolate, and achenes enclosed by the enlarged, fleshy perianth at maturity, with persistent stigma. Some authors contested the systematic position of Pourouma in Urticaceae, arguing the lack of molecular analyses for genus. For presenting morphological characters intermediate between Moraceae and Urticaceae, the genus has been classified into four families (Artocarpeae, Cecropiaceae, Moraceae and Urticaceae), two subfamilies (Conocephaloideae and Cecropioideae) and three tribes (Cecropieae, Pouroumeae, Artocarpeae proprie). In this thesis is presented the first molecular phylogenetic study of Pourouma, with 24 terminals, including 22 taxa, through the analyses of the regions plastid psbA-trnH and nuclear 26S and FA16180b, comprising all genera of Cecropieae tribe, in which Pourouma is included. Results of the analyses of maximum parsimony, maximum likelihood and Bayesian method provide strong support to the monophyly of Pourouma, as well as of Cecropieae, included in Urticaceae. Within Cecropieae arose two lineages: the first formed by Coussapoa, Myrianthus and Pourouma and a second formed by Cecropia and Musanga. Analyses on the evolution of morphological characters were carried out and key innovation triggering was suggested in the topology presented for Cecropieae. Based on phylogenetic results, we conducted the taxonomic revision of Pourouma, which resulted in 43 species recognized, with one new status (P. persecta), two new species (P. amacayacuensis and P. bergii) and 11 species re-established (P. apaporiensis, P. apiculata, P. chocoana, P. digitata, P. essequiboensis, P. hispida, P. maroniensis, P. scobina, P. tessmannii, P. triloba, and P. venezuelensis). Descriptions, illustrations, comments, remark on the geographical distribution, phenology and conservation categories for all Pourouma species are presented. Furthermore, phylogenetic analyses and taxonomic revision provided biogeographic studies about the spatio-temporal evolution of the group. Through the convergence of molecular analyses, morphological, taxonomic and biogeographic, it was possible to develop hypotheses about the evolution and diversification of space-time group. Our analyses suggest that Pourouma originated in northwestern Amazon rainforest, during Oligocene. The Andean uplift has probably played a central role in the diversification of the major lineages in Pourouma, during the Late Oligocene and Miocene. Geologic and environmental change during Pliocene and Pleistocene might have driven to diversification of recent lineages of the genus.
Keywords: Ancestral reconstruction area, Cecropieae, Cecropia, Coussapoa, divergence time estimates, molecular analyses, Musanga and Myrianthus

RESUMO

Pourouma inclui 43 espécies distribuídas nas florestas úmidas da América do Sul e Central, com maior diversidade nas florestas de terra firme da região Amazônica, preferencialmente em baixas altitudes. O gênero é caracterizado como um grupo arbóreo e dióico, geralmente com raízes escoras, folhas alternas espiraladas, estípulas terminais amplexicaules, inflorescências axilares cimosas, perianto pistilado urceolado e aquênio recoberto por perianto acrescente carnoso, com um estigma persistente. A posição sistemática de Pourouma em Urticaceae é contestada por alguns autores, argumentada pela falta de análises moleculares para o gênero. Por apresentar caracteres morfológicos intermediários entre Moraceae e Urticaceae, o gênero já esteve classificado em quatro famílias (Artocarpeae, Cecropiaceae, Moraceae e Urticaceae), duas subfamílias (Conocephaloideae e Cecropioideae) e três tribos (Cecropieae, Pouroumeae, Artocarpeae proprie). Na presente tese é apresentado o primeiro estudo molecular de Pourouma, com 24 terminais, incluindo 22 táxons, através da análise das regiões plastidial psbA-trnH e nuclear 26S e FA16180b, englobando todos os gêneros de Cecropieae, na qual Pourouma é incluído. Os resultados das análises de máxima parcimônia, máxima verossimilhança e método Bayesiano, sustentam fortemente a monofilia de Pourouma, bem como de Cecropieae, incluídos em Urticaceae. Dentro de Cecropieae, emergem duas linhagens: a primeira formada por Coussapoa, Myrianthus e Pourouma e a segunda formada por Cecropia e Musanga. Análises sobre a evolução dos caracteres morfológicos foram realizadas e os caracteres chaves foram sugeridos na topologia apresentada para Cecropieae. Com base nos resultados filogenéticos, realizamos a revisão taxonômica de Pourouma, resultando em 43 espécies, dentre as quais, um novo status (P. persecta), duas novas espécies (P. amacayacuensis e P. bergii) e 11 espécies restabelecidas (P. apaporiensis, P. apiculata, P. chocoana, P. digitata, P. essequiboensis, P. hispida, P. maroniensis, P. scobina, P. tessmannii, P. triloba, and P. venezuelensis). São apresentadas descrições, ilustrações, comentários, observações sobre a distribuição geográfica, fenologia e categorias de conservação para todas as espécies de Pourouma. Por meio dos resultados dos estudos moleculares, morfológicos, taxonômicos e biogeográficos, foi possível elaborar hipóteses sobre a evolução e diversificação espaço-temporal do grupo. Pourouma provavelmente surgiu durante o Oligoceno, no noroeste da região Amazônica. A soerguimento dos Andes teria desempenhado um papel central na diversificação das principais linhagens em Pourouma, durante o final do Oligoceno e Mioceno. Mudanças geológicas e ambientais ao longo do Plioceno e Pleistoceno possivelmente acarretaram a diversificação das linhagens recentes do gênero.
Palavras-chave: Análises moleculares, área de reconstrução ancestral, Cecropieae, Cecropia, Coussapoa, estimativas de tempo de divergência, Musanga e Myrianthus


pdf_grandeAndré Luiz Gaglioti
Sistemática, Filogenia e Biogeografia de Pourouma Aubl. (Urticaceae)


VOLTAR AS DISSERTAÇÕES E TESES