Poliana Ramos Cardoso
Nesta tese, buscou-se levantar caracteres anatômicos que auxiliassem na melhor compreensão das relações evolutivas entre as espécies de Pleurothallidinae, orquídeas epífitas que apresentam flores diminutas, muitas vezes emissoras de odores desagradáveis que atraem moscas para poliniza-las. Aqui descrevemos o desenvolvimento e a vascularização floral, além da morfologia, anatomia e os aspectos ultra-estruturais das glândulas florais em busca de homologias. Para tanto, efetuamos as análises das flores em microscopia de luz, microscopia eletrônica de varredura e transmissão, e microscopia confocal. Realizamos, adicionalmente, a análise química dos voláteis emitidos pelas flores em CG/MS. As espécies contempladas neste estudo pertencem aos gêneros Octomeria, Echinosepala, Acianthera, Anathallis, Zootrophion e Phloeophila, todas ocorrentes no Brasil, escolhidas de modo a representar um clado basal (Octomeria-Brachionidium, irmão do restante de Pleurothallidinae) e clados derivados (Echinosepala-Barbosella, Acianthera e Zootrophion -Trichosalpinx), de acordo com a filogenia molecular vigente. Os principais resultados obtidos referem-se à natureza anatômica de alguns aspectos morfológicos das flores, a comparação entre o desenvolvimento e a vascularização floral, a identificação e descrição detalhada das glândulas florais, incluindo a descrição de uma nova glândula de secreção heterogênea. Foram propostas uma nova interpretação para o sistema secretor constituinte do estigma, que explica sua dinâmica de secreção, e as tendências evolutivas de coléteres e osmóforos. Finalmente, caracteres relacionados à vascularização e aos compostos voláteis permitiram hipotetizar duas novas sinapomorfias para a subtribo.
Foto da banca: Dra. Maria das Gracas Sajo, Dr. Diego Demarco, Dra. Poliana Cardoso,
Dr. Fabio de Barros, Dra. Aline Oriani e Dra. Adriana Hissae Hayashi.
Desenvolvimento floral em espécies de Pleurothallidinae (Orchidaceae) com ênfase nas estruturas secretoras
RESUMO
Pleurothallidinae é reconhecida como a maior subtribo de orquídeas polinizadas por Diptera, e têm sido foco de estudos filogenéticos devido à natureza poli e parafilética de alguns gêneros. Estudos recentes acerca da biologia floral e sistemas de reprodução de representantes da subtribo baseiam a proposta de divisão da atual circunscrição de Pleurothallidinae em duas subtribos, uma que recupera sua antiga delimitação e a criação de outra contendo o pequeno clado composto por gêneros polinizados por aves, incorporado às Pleurothallidinae de acordo com a filogenia molecular vigente. O principal objetivo desta tese foi o levantamento de resultados que auxiliem no esclarecimento de homologias e nas interpretações filogenéticas de Pleurothallidinae, e que também possam ser aplicados no entendimento dos eventos de polinização. Aqui descrevemos o desenvolvimento e a vascularização floral, além da morfologia, anatomia e os aspectos ultra-estruturais das glândulas florais em busca de homologias. Para tanto, efetuamos as análises das flores em microscopia de luz, microscopia eletrônica de varredura e transmissão, e microscopia confocal. Realizamos, adicionalmente, a análise química dos voláteis emitidos pelas flores em CG/MS. As espécies contempladas neste estudo pertencem aos gêneros Octomeria, Echinosepala, Acianthera, Anathallis, Zootrophion e Phloeophila, todas ocorrentes no Brasil, escolhidas de modo a representar um clado basal (Octomeria-Brachionidium, irmão do restante de Pleurothallidinae) e clados derivados (Echinosepala-Barbosella, Acianthera e Zootrophion -Trichosalpinx), de acordo com a filogenia molecular vigente. Os principais resultados obtidos referem-se à natureza anatômica de alguns aspectos morfológicos das flores, a comparação entre o desenvolvimento e a vascularização floral, a identificação e descrição detalhada das glândulas florais, incluindo a descrição de uma nova glândula de secreção heterogênea. Foram propostas uma nova interpretação para o sistema secretor constituinte do estigma, que explica sua dinâmica de secreção, e as tendências evolutivas de coléteres e osmóforos. Finalmente, caracteres relacionados à vascularização e aos compostos voláteis permitiram hipotetizar duas novas sinapomorfias para a subtribo.
Palavras-chave: coléteres, nectarios florais, ontogênese floral, osmoforos, tecido transmissor, vascularização floral.
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