Leandro Cardoso Pederneiras
No dia 31 de julho de 2014, o aluno de Doutorado do Programa de Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente, Leandro Cardoso Pederneiras, defendeu sua tese intitulada “Filogenia, Revisão Taxonômica e Biogeografia de Ficus sect. Pharmacosycea (Moraceae)” sob orientação do Dr. Sergio Romaniuc Neto.
A banca examinadora foi composta pela Dra. Andrea Ferreira da Costa, Dr. Vidal de Freitas Mansano, Dra. Roseli Buzanelli Torres, Dr. Ricardo José Francischetti Garcia, e pelo presidente Dr. Sergio Romaniuc Neto. O candidato foi aprovado por unanimidade e com felicitações da banca.
Filogenia, Revisão Taxonômica e Biogeografia de Ficus sect. Pharmacosycea (Moraceae)
RESUMO
Ficus subgen. Pharmacosycea seção Pharmacosycea (Miq.) Griseb. é caracterizada por plantas neotropicais, com um par de glândulas na axila da nervura secundária basal, três epibrácteas, sicônios geralmente solitários axilares, dois estames e látex amargo. É dividida tradicionalmente em duas subseções: Petenenses – plantas terrestres e pecíolo com periderme descamante; Bergianae – plantas terrestres e pecíolo com periderme não descamante. A seção Pharmacosycea não possui análises moleculares focadas em todos os seus táxons, somente poucas amostras foram testadas com o objetivo de representar esta seção em análises mais amplas de Ficus. Nesta tese é apresentado o primeiro estudo molecular abrangente da seção, com 31 espécimes analisados (22 espécies), através dos espaçadores de transcrição interno e externo (ITS e ETS) e da região do gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase (G3pdh) no DNA do ribossoma. Os resultados das análises de máxima parcimônia, máxima verossimilhança e método Bayesiano sugeriram que a seção é monofilética, irmã de todos os outros clados de Ficus. A subseção Bergianae mostrou-se monofilética e a subseção Petenenses, parafilética. Um terceiro clado foi formado como grupo irmão de Petenenses-Bergianae tendo como sinapomorfia o hábito hemiepifítico no estágio inicial de vida e, por isso, foi considerado uma nova subseção denominada Carautaea. O hábito terrestre, a média do comprimento da estípula pelo comprimento da lâmina foliar de até 0,2 cm, o pecíolo com periderme não descamante, as lâminas foliares com o ápice acuminado, base cordada, a média do número de nervuras secundárias pelo comprimento da lâmina de até 1,2 cm, ângulo reto na conexão entre nervuras secundárias, sicônios geminados e pedunculados foram considerados estados plesiomórficos dos caracteres da seção Pharmacosycea. Os resultados moleculares e as hipóteses filogenéticas conduziram a uma revisão taxonômica mais elaborada, com maior compreensão da importância dos caracteres morfológicos para a formação dos táxons. A revisão taxonômica contou com análises de materiais de herbários nacionais e internacionais, de tipos e protólogos o que resultou em 34 espécies, dentre estas, 13 reestabelecidas e três novas (Ficus carvajalii, F. dewolfii e F. ernanii), além de correções e proposições de neótipos. O estudo filogenético, junto com a delimitação dos táxons e suas distribuições geográficas, proporcionou elaborar hipóteses sobre a evolução espaço-temporal do grupo. A colonização americana de Ficus teria iniciado pela América do Norte, alcançando o continente sul-americano pelo arco vulcânico Antileano, no Cretáceo Superior. A queda do bólido “Chicxulub” e a submersão das proto-Antilhas teria causado isolamento na América do Sul, originando a linhagem da seção Pharmacosycea. Subsequentemente, nova vicariância, provocada pelo surgimento do sistema “Pebas”, acarretou na formação da subseção Carautaea, na Amazônia; e das subseções Petenenses e Bergianae, nos Andes, com subsequente dispersão desta última para os territórios da futura América Central, no Mioceno. Palavras-chave: evolução espaço-temporal, Bergianae, Carautaea, Petenenses.
Leandro Cardoso Pederneiras
Filogenia, Revisão Taxonômica e Biogeografia de Ficus sect. Pharmacosycea (Moraceae)
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