Andressa Ribeiro dos Santos
No dia 24 de abril de 2014, a aluna da Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt),
Andressa Ribeiro dos Santos, defendeu sua dissertação de Mestrado intitulada:
“Produção, estoque e nutrientes da serapilheira em Floresta Ombrófila Densa do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, Brasil”.
A banca examinadora foi composta pela orientadora Dra. Márcia Inês Martin Silveira Lopes do Núcleo de Pesquisas em Ecologia (IBt), pelo Dr. Antônio Carlos da Gama-Rodrigues do Laboratório de Solos (UENF) e pelo Dr. Marcos Vinicius Winckler Caldeira do Departamento de Ciências Florestais e da Madeira (UFES).
Componentes da banca avaliadora da defesa de mestrado.
Da esquerda para direita, o professor Dr. Antônio Carlos da Gama-Rodrigues, a aluna Andressa Ribeiro dos Santos,
a orientadora Dra. Márcia Inês Martin Silveira Lopes e o professor Dr. Marcos Vinicius Winckler Caldeira.
A pesquisa desenvolvida vem contribuir para o estudo da ciclagem de nutrientes pela serapilheira em floresta urbana ocupada por bambus. Ressalta-se, além disso, que o trabalho desenvolvido é um estudo de longa duração (2008-2012). O Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, local onde foi localizado o estudo, é um remanescente preservado de Mata Atlântica inserido totalmente na área urbana, sendo a terceira maior Unidade de Conservação do município de São Paulo. O conhecimento acerca da dinâmica da serapilheira em áreas com diferentes graus de ocupação pelos bambus torna-se fonte básica de informação sobre os impactos na funcionalidade desta floresta e de outras áreas que estejam em situação semelhante.
Produção, estoque e nutrientes da serapilheira em Floresta Ombrófila Densa do
Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, Brasil
RESUMO
A produção de serapilheira é considerada a principal via de transferência de matéria orgânica e nutrientes no sistema solo-planta. Este material acumulado sobre o solo representa um importante estoque de minerais que só podem ser reutilizados pelas comunidades vegetais após ser decomposto. Desta forma, a avaliação destes compartimentos é de fundamental importância para o entendimento da ciclagem de nutrientes, podendo, também, indicar os impactos antrópicos e/ou naturais e a funcionalidade do ecossistema. Quando as florestas sofrem algum tipo de perturbação o processo de regeneração de suas clareiras pode ser dominado por espécies de bambus. As influências do florescimento e morte do bambu na dinâmica florestal são pouco entendidos devido à raridade destes eventos, uma vez que a espécie apresenta um longo crescimento vegetativo. Assim, este estudo teve como objetivo estimar, durante o período de quatro anos (2008-2012), a produção e o acúmulo de serapilheira, bem como o retorno de nutrientes ao solo da Floresta Ombrófila Densa do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI) em dois trechos, sendo um com subosque dominado pelo bambu Aulonemia aristulata e outro mais preservado. A questão principal foi avaliar como a dominância do subosque pelo bambu A. aristulata, após o evento de sua floração e morte ocorrido entre 2007 e 2008, afetou a produção e o acúmulo de serapilheira, bem como a ciclagem de elementos minerais nessa floresta. A produção de serapilheira na floresta do PEFI variou significativamente entre os locais estudados, sendo maior no trecho mais preservado (8315 ± 1495 kg ha-1 ano-1) do que naquele dominado pelo bambu (6770 ± 1122 kg ha-1 ano-1), devido à contribuição das frações foliar e lenhosa, principalmente. A deposição foi contínua ao longo de todo o período estudado, com maior queda de folhas entre novembro e dezembro; de partes lenhosas entre janeiro e fevereiro e de flores, frutos e sementes entre outubro e fevereiro. O estoque de serapilheira acumulado sobre o solo foi também maior no trecho mais preservado (10338 ± 349 kg ha-1) do que naquele com dominância de bambu no subosque (7090 ± 236 kg ha-1), indicando maior taxa de renovação e de ciclagem do material orgânico em locais mais perturbados (K = 0,96) do que nos mais preservados (K = 0,80). Os picos de maior e menor queda de serapilheira coincidiram com os estoques acumulados no solo, sendo estes maiores no período úmido (janeiro-março). Os teores de nutrientes na serapilheira produzida pela floresta do PEFI foram variáveis, sendo que a área com dominância de bambu no subosque apresentou maiores concentrações de nitrogênio, fósforo, magnésio e manganês, enquanto a mais preservada de cálcio, boro, cobre, ferro, e zinco. Por outro lado, na serapilheira acumulada, apenas o manganês manteve os maiores teores no trecho com dominância de bambu, enquanto o nitrogênio, o cálcio, o enxofre, o boro e o zinco foram mais altos no trecho mais preservado. O retorno anual de nutrientes ao solo pela serapilheira produzida na floresta do PEFI variou, em kg ha-1, de 117-130 para nitrogênio, 58-81 para cálcio, 17-23 para potássio, 12-13 para manganês, 11-13 para magnésio, 9-13 para enxofre, 3-4 para fósforo e ferro, 0,5-0,8 para zinco, 0,3-0,5 para boro e 0,1-0,2 pra cobre, sendo, na maioria dos casos, maior no trecho sem domínio do bambu. Os reservatórios de nutrientes na serapilheira acumulada foram, também, superiores na área mais preservada. O florescimento e morte massiva do bambu A. aristulata na floresta do PEFI não influenciaram a produção de serapilheira, bem como seus fluxos e estoques de nutrientes. A ciclagem de nutrientes e a dinâmica da serapilheira na área dominada pelo bambu, portanto, está mais relacionada ao histórico de ocupação da floresta pela espécie do que ao impacto acarretado pelo seu florescimento e morte massiva.
Palavras-chave: Mata Atlântica, floresta urbana, bambu.
Andressa Ribeiro dos Santos
Produção, estoque e nutrientes da serapilheira em Floresta Ombrófila Densa do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, Brasil
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