Eduardo Hortal Pereira Barretto
No dia 30 de setembro de 2013, o aluno Eduardo Hortal Pereira Barretto, matriculado no curso de mestrado do Programa de “Biodiversidade vegetal e Meio Ambiente”
do Instituto de Botânica de São Paulo sob orientação do Dr. Eduardo Luís Martins Catharino, defendeu a dissertação intitulada
“Florestas climácicas da região metropolitana de São Paulo, SP: caracterização florística, estrutural e relações fitogeográficas”.
O aluno foi aprovado pela banca formada pela Dra. Natália Macedo Ivanauskas, Dr. Frederico Alexandre Roccia dal Pozzo Arzolla e
Dr. Eduardo Luís Martins Catharino.
A apresentação ressaltou que a maior região metropolitana do país (RMSP) ainda possui florestas exuberantes,
quase primitivas, que são dotadas de altíssima biodiversidade,
grande quantidade de espécies raras e ameaçadas de extinção. Além disso, essas florestas foram muito pouco estudadas,
de modo que ainda há muito a se conhecer sobre sua biodiversidade.
A falta de estudos nessas matas ficou clara com a possibilidade de se ter amostrado duas espécies novas, uma Lauraceae de 25 m e uma
Myrtaceae do sub-bosque. Levando em conta esses aspectos e a extrema escassez desses remanescentes, o aluno salientou que
essas florestas deveriam ser consideradas como áreas prioritárias para conservação.
Florestas climácicas da região metropolitana de São Paulo, SP: caracterização florística, estrutural e relações fitogeográficas.
RESUMO
Foram estudadas três florestas climácicas na região metropolitana de São Paulo (RMSP), SP, Brasil, situadas em Marsilac, São Paulo; Reserva Florestal do Morro Grande, Cotia e Itapevi. Para a escolha das áreas de estudo foram visitados cerca de 50 fragmentos na RMSP, e baseado nos conceitos de Budowski (1963, 1965, 1970) para florestas maduras ou climácicas foram escolhidas as mais exuberantes. Em cada localidade foram instaladas duas parcelas de 20 x 50 m, subdivididas em parcelas de 10 x 10 m, resultando em uma amostragem total de 0,6 ha. Os indivíduos arbóreos, palmeiras e fetos arborescentes com PAP ≥ 15 cm foram coletados e identificados. Os dados foram tabulados e foram calculados os descritores quantitativos e de diversidade usuais. Os objetivos desse trabalho foram caracterizar a florística e estrutura das florestas maduras da região metropolitana, verificar se essas florestas se diferenciam das demais florestas da RMSP e se existe variações florísticas ao longo dos planaltos da região metropolitana, contribuindo com a classificação mais apropriada para essas florestas. Para tanto, foram realizadas análises de agrupamento (UPGMA) e ordenação (DCA) entre as parcelas e entre outros trabalhos fitossociológicos da RMSP e comparações de dados estruturais, de diversidade e dominância de grupos ecológicos. O levantamento realizado resultou na amostragem de 987 indivíduos arbóreos pertencentes a 50 famílias, 108 gêneros e 186 espécies, das quais 30 consideradas ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção. Os parâmetros médios de estrutura e diversidade foram: densidade de 1.572 ind./ha, a área basal de 46 m²/ha, índice de Shannon 4,62 e 0,88 de equabilidade. Em relação aos grupos ecológicos, 3,5 % foram classificadas como pioneiras, 24,3 % como secundárias iniciais e 72,3 % como tardias. As análises de agrupamento e ordenação entre as parcelas indicaram haver maior similaridade entre Marsilac e Morro Grande, com tendência a formação de um bloco florístico mais homogêneo, enquanto que Itapevi se isolou das demais. Essa variação foi atribuída a variações climáticas existentes entre a Reserva Florestal do Morro Grande e Itapevi, sendo este último com inverno mais quente e mais seco, acarretando um período com maior restrição hídrica e permitindo, dessa forma, uma ocorrência maior de elementos das florestas estacionais semidecíduas tais como Aspidosperma polyneuron, Cariniana legalis, Savia dictyocarpa e Simira pickia. Além disso, foram amostradas algumas espécies que indicam a influência de climas mais frios e úmidos na região, tais como Drimys brasiliensis e Ilex spp. Na análise de agrupamento (UPGMA) entre estudos da RMSP, foram formados dois grupos principais. Enquanto que o grupo 2 reuniu somente florestas secundárias e jovens, o grupo 1 foi formado essencialmente por florestas maduras. As florestas maduras apresentaram tendência a possuir densidade baixa (1.450 a 1.750 ind./ha), área basal alta (próximo ou superior a 40 m²/ha) e dominância de espécies secundárias tardias entre as quinze mais importantes (VI). Por outro lado, as florestas jovens, as quais representaram a maioria dos estudos da região, apresentaram densidades maiores (geralmente superiores a 2.000 ind./ha, chegando até 4.500 ind./ha), área basal menor (geralmente próximas ou inferiores a 30 m²/ha) e dominância de espécies secundárias iniciais ou pioneiras entre as quinze mais importantes (VI). Dentre as espécies mais representativas do dossel das florestas climácicas da RMSP, destacaram-se Ocotea catharinensis, Micropholis crassipedicelata, Heisteria silvianii, Aspidosperma olivaceum, Pouteria bullata e Cryptocayra saligna. A grande quantidade de espécies ameaçadas de extinção presentes nessas florestas e a raridade desses fragmentos são razões para considerá-las como áreas prioritárias para a conservação.
Palavras chave: Mata atlântica, conservação, biodiversidade.
Eduardo Hortal Pereira Barretto
Florestas climácicas da região metropolitana de São Paulo, SP: caracterização florística, estrutural e relações fitogeográficas.
VOLTAR AS DISSERTAÇÕES E TESES