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Carolina Gasch Moreira


Carolina Gasch Moreira é aluna do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt), bolsista da CAPES, e defendeu sua Tese de Doutorado em 26 de abril de 2011. A Tese intitulada:
Sucessão de hifomicetos e avaliação da biomassa fúngica durante a decomposição de folhedo de Caesalpinia echinata Lam. e Campomanesia phaea (O. Berg.) Landrum submersos em lagos artificiais na cidade de São Paulo, SP
foi apresentada a banca examinadora composta pela sua orientadora Dra. Iracema H. Schoenlein-Crusius (Instituto de Botânica), pela Dra. Agostina Virginia Marano (Instituto de Botánica Carlos Spegazzini, Buenos Aires – Argentina), pela Dra. Adriana Oliveira Medeiros (Universidade Federal da Bahia),
pelo Dr. André Cordeiro Alves dos Santos (Universidade Federal de São Carlos)
e pela Dra. Rosely Ana Piccolo Grandi (Instituto de Botânica).

O trabalho teve por objetivo comparar a sucessão riqueza e ocorrência de hifomicetos associados à folhas frescas, em comparação às da serapilheira, das espécies vegetais Caesalpinia echinata Lam. e de Campomanesia phaea (O. Berg.) Landrum. submersas em dois reservatórios artificiais, sendo um situado no Parque Municipal Alfredo Volpi e um no Parque Municipal Burle Marx, localizados na cidade de São Paulo. Além da avaliação da comunidade de hifomicetos foram verificadas as concentrações de ergosterol e de alguns micro e macronutrientes contidos no folhedo durante sua decomposição. Em síntese, o estudo verificou um número expressivo de táxons de hifomicetos associados à substratos foliares submersos, compatível aos obtidos em áreas preservadas. As micotas obtidas em cada área de estudo apresentaram composições diferentes e também diferiram de acordo com o tipo de substrato. Houve maior preferência dos hifomicetos pelos folíolos frescos e da serapilheira de C. echinata e pelas folhas da serapilheira de C. phaea submersas no Parque Municipal Alfredo Volpi e pelas folhas da serapilheira de C. phaea submersas no Parque Municipal Burle Marx. Uma maior influência do tipo de substrato, fresco ou da serapilheira, sobre a colonização fúngica foi verificada nas folhas de C. phaea nas duas etapas do experimento. Os resultados demonstraram que a sucessão de hifomicetos nos ambientes aquáticos urbanos pode ser influenciada pela espécie vegetal, estádio inicial de decomposição dos substratos vegetais e pelas características intrínsecas do ambiente estudado.

Da esquerda para a direita: Dr, André C. A. dos Santos, Dra. Agostina V. Marano,  a aluna Carolina Gasch Moreira, Dra. Adriana O. Medeiros, Dra. Iracema H. Schoenlein-Crusius, Dra. Rosely A. P. Grandi.

Da esquerda para a direita: Dr, André C. A. dos Santos, Dra. Agostina V. Marano,
a aluna Carolina Gasch Moreira, Dra. Adriana O. Medeiros, Dra. Iracema H. Schoenlein-Crusius, Dra. Rosely A. P. Grandi.


Sucessão de hifomicetos e avaliação da biomassa fúngica durante a decomposição de folhedo de Caesalpinia echinata Lam. e Campomanesia phaea (O. Berg.) Landrum submersos em lagos artificiais na cidade de São Paulo, SP.


RESUMO

Os hifomicetes, também conhecidos como Hyphomycetes ou hifomicetos aquáticos, fungos tetrarradiados ou fungos ingoldianos; são fungos conidiais considerados tipicamente aquáticos, pois dependem da água para se reproduzirem. As formas hidrodinâmicas dos conídios proporcionam leveza e agilidade na dispersão, principalmente nas águas lóticas, moderadamente turbulentas, preferencialmente frias e bem oxigenadas, favorecendo a atuação destes fungos na decomposição de substratos foliares submersos. No presente estudo foram avaliadas a composição de espécies, riqueza e ocorrência dos hifomicetos associados à folhas frescas, em comparação às da serapilheira das espécies vegetais Caesalpinia echinata Lam. e de Campomanesia phaea (O. Berg.) Landrum. submersas em lagos situados no Parque Municipal Alfredo Volpi (abril a setembro de 2008) e no Parque Municipal Burle Marx (de abril a setembro 2009) na cidade de São Paulo. Folíolos e folhas coletados da serrapilheira e frescos coletados diretamente de cada espécie arbórea, foram acondicionados separadamente em quatro caixas plásticas vazadas, que foram submersas (abril/2008 e abril/2009) nos lagos. Mensalmente, durante cinco meses, alíquotas de cada tipo de folhedo foram coletadas e lavadas vigorosamente em água corrente. Parte das alíquotas de cada tipo de substrato foi submetida à técnica de lavagens sucessivas, com posterior incubação em placas de Petri com água destilada esterilizada e em câmaras-úmidas. Outra parte foi utilizada para análise de ergosterol, realizada através da saponificação alcoólica dos fragmentos foliares, com posterior fracionamento em N-Hexano e leitura em HPLC. A fração remanescente dos substratos foi seca a 60 ºC, moída e analisada quanto aos teores de alguns macro e micronutrientes. No total foram obtidos 43 táxons de hifomicetos, divididos em 12 fungos ingoldianos, 11 facultativos e 20 terrestres. O folhedo submerso no Parque Municipal Alfredo Volpi apresentou maior riqueza de hifomicetos, com 33 táxons divididos em 11 ingoldianos, 14 terrestres e oito facultativos, com maiores ocorrências dos táxons Blodgettia indica Subram., Fungo não identificado sp.1, Endophragmiella sp.,Pyramidospora sp. nov., Rhinocladiella cristaspora Matsushima, Triscelophorus monosporus Ingold, Pyramidospora casuarinae Nilsson e Beltrania rhombica Penzig. No Parque Burle Marx foram registrados 29 táxons, sendo seis ingoldianos, oito facultativos e 15 terrestres, com maiores ocorrências dos táxons Endophragmiella sp., Anguillospora sp, Beltrania rhombica Penz., Cladosporium sphaerospermumPenz. e Pyramidospora casuarinae Nilsson. Triscelophorus acuminatus Nawawi e Blodgettia indica Subram. foram registrados pela primeira vez para o Brasil. O táxon Pyramidospora sp. representam uma possível espécie nova para a Ciência. A similaridade entre as micotas no Parque Alfredo Volpi e no Parque Burle Marx correspondeu a 55%. Quando comparadas as duas espécies de folhas em cada área verificou-se 60% de similaridade entre as micotas registradas no Parque Alfredo Volpi e 65% no Parque Burle Marx. Durante a primeira etapa do experimento a similaridade geral entre as micotas registradas nos folíolos frescos e da serapilheira de Cae. echinatafoi de 77% e nas folhas frescas e da serapilheira de Cam. phaea foi de 72%. Na segunda etapa do experimento os valores de similaridade foram menores e corresponderam a 59% entre os folíolos frescos e da serapilheira de Cae. echinata e a 33% entre as folhas frescas e da serapilheira de Cam. phaea. Na comparação entre as coletas, com exceção aos folíolos da serapilheira de Cae. echinata pertencentes a primeira etapa do experimento, em todos os substratos coletados nos dois parques verifica-se valores elevados de similaridade (> 70%) apenas entre as micotas pertencentes a quarta e a quinta coleta, o que caracteriza substituição de táxons através do tempo. A sucessão fúngica mostrou-se diferente em cada um dos substratos submersos nos dois reservatórios, sendo possível distinguir as comunidades pioneira, madura e empobrecida apenas na primeira etapa do experimento. As concentrações de ergosterol mostraram-se compatíveis aos dados de estudos anteriores realizados no Brasil. No Parque Alfredo Volpi o magnésio e o manganês mostram-se mais elevados, enquanto no Parque Burle Marx o cobre apresentou teores maiores em todos os substratos e o cálcio apresentou teores maiores nos folíolos e folhas da serapilheira. Concluiu-se que a riqueza de táxons dos hifomicetos associados à substratos foliares submersos em ambiente aquático urbano apresentou-se compatível com a obtida em áreas preservadas. Embora os parques estudados possuem características de vegetação, corpos d´ água e localização semelhantes, as micotas obtidas em cada área apresentaram composições diferentes. Também as micotas diferiram de acordo com o tipo de substrato, com maior preferência dos fungos pelos folíolos frescos e da serapilheira de Cae. echinata e pelas folhas da serapilheira deCam. phaea submersas no Parque Municipal Alfredo Volpi e pelas folhas da serapilheira de Cam. phaea submersas no Parque Municipal Burle Marx. O tipo de substrato, fresco ou da serapilheira, mostrou maior influência sobre a colonização fúngica nas folhas deCam. phaea nas duas etapas do experimento. Portanto a sucessão de hifomicetos nos ambientes aquáticos urbanos pode ser influenciada pela espécie vegetal, estádio inicial de decomposição do substratos vegetais e pelas características intrínsecas do ambiente estudado.

 


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Sucessão de hifomicetos e avaliação da biomassa fúngica durante a decomposição de folhedo de Caesalpinia echinata Lam. e Campomanesia phaea (O. Berg.) Landrum submersos em lagos artificiais na cidade de São Paulo, SP.


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