Ingrid Balesteros Silva
O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo detalhado da flora de algas marinhas bentônicas de Maracajaú, na APA dos Recifes de Corais, Rio Grande do Norte. Esta área foi por muito tempo alvo de peca predatória, exploração intensa dos bancos de algas e turismo desgovernado, até a criação da unidade de conservação em 2001. Os dados gerados neste estudo podem contribuir na elaboração de um plano de manejo que visa a conservação deste ambiente. As amostragens foram feitas nos anos de 2008 e 2009 nos recifes offshore e costeiros de Maracajaú. Nos recifes offshore ocorrem diferentes tipos de ambientes bentônicos: corpos recifais, banco de fanerógamas e banco de rodolitos; nestes locais as amostragens foram padronizadas, utilizando como elemento amostral um quadrado de 25 cm de lado, com o objetivo de comparação das subáreas amostradas aplicando-se uma análise de similaridade em Modo R (por amostras) utilizando o Índice de Similaridade de Jaccard. Nesta análise foram consideradas somente as amostragens feitas no ano de 2008, as amostras de 2009 foram utilizadas somente para dados qualitativos, por motivo de padronização. Além do material amostrado com a limitação dos quadrantes, amostragens qualitativas foram realizadas na área dos recifes offshore bem como na praia e recifes costeiros adjacentes, e em um banco recifal localizado no entorno do Farol Tereza Pança, a cerca de 2 km da linha costeira. Todo o material foi fixado em solução de formalina a 4% e identificado seguindo técnicas usuais em ficologia. Foi encontrado um total de 168 táxons infragenéricos, sendo 25 de Chlorophyta, 23 de Heterokontophyta e 120 de Rhodophyta. Destes táxons, 39 estão sendo referidos pela primeira vez para o estado do Rio Grande do Norte, dos quais 9 indicam ser novas referências para o Brasil (Avrainvillea mazei Murray et Boodle, Botryocladia caraibica Gavio & Fredericq, Crouania elisiae C.W. Schneider, Dasya caraibica Boergesen, Herposiphonia delicatula Hollenberg, Herposiphonia parca Setchell, Gracilaria apiculata subesp. apiculata P. Crouan et H. Crouan, Gracilaria apiculata subesp. candelariformis Gurgel, Fredericq et Norris, Udotea dixonii Littler et Littler) e duas para o Oceano Atlântico (Herposiphonia nuda Hollenberg e Gelidium cf. isabelae W.R. Taylor). As famílias mais representativas em termos de espécie foram Rhodomelaceae (19,04%), Dictyotaceae (10,12%), Ceramiaceae (7,14%), Corallinaceae e Gracilariaceae (5,96%), e Caulerpaceae (4,76%). O local onde foi registrada a maior riqueza de espécies foi nos bancos de fanerógamas, seguido pelo banco de rodolitos, zona de alta e de média densidade de corpos recifais. De maneira geral, a espécie mais freqüente foi Dictyopteris delicatula, tanto na estação seca como na chuvosa, com exceção dos bancos de fanerógamas, onde as espécies mais freqüentes foram Hypnea musciformis durante a estação seca e Jania adhaerens durante a estação chuvosa. Com relacão à análise de similaridade, o dendograma apresentou-se bastante fragmentado, demostrando pouca diferença na composição específica entre subáreas. O dendograma apresentou dois grandes agrupamentos de amostras provenientes dos bancos de fanerógamas, um agrupamento reuniu uma grande maioria de amostras da estação seca e outro com a maioria de amostras da estação chuvosa. Os outros agrupamentos apresentaram uma mistura de amostras das estações ZAD, ZMD e ROD, separados pelo período do ano amostrado (seco/chuvoso), revelando grande afinidade na composição específica destas subáreas. Na ZMD encontra-se a área de uso turístico, onde o tráfego de embarcações é intenso, além da presença de grande número de visitantes. Estes fatores podem estar contribuindo para o empobrecimento da flora neste local.
Algas marinhas bentônicas dos recifes e ambientes adjacentes de Maracajaú, APA dos Recifes de Corais, RN, Brasil
RESUMO
Os ambientes recifais são ecossistemas marinhos, tipicamente tropicais, que abrigam grande diversidade de fauna e flora. O complexo recifal de Maracajaú, no litoral norte-oriental do estado do Rio Grande do Norte, é formado por bancos ou recifes de arenito originados pelos eventos de regressões e transgressões do nível do mar, não possuindo, portanto, a mesma origem dos recifes de corais. Toda esta área recifal está inserida na Área de Preservação dos Recifes de Corais, uma unidade de conservação que abrange a faixa costeira e a plataforma rasa associada aos municípios de Maxaranguape, Rio do Fogo e Touros. Em Maracajaú, os recifes distam cerca de 7 km da costa e são formados pelos corpos recifais dispostos em manchas sobre o fundo arenoso, um banco de rodolitos que ocupa a porção mais ao sul e os prados de fanerógmas Halodule wrightii na porção oeste dos recifes. Toda esta área, bem como a região da costa, que inclui as praias e dunas, encontra-se sob intensa pressão de uso e ocupação, contribuindo para uma condição de crescente degradação ambiental. As principais atividades responsáveis por esta degradação são a pesca predatória e a exploração turística desordenada, o que vem levando a um rápido processo de ocupação costeira em expansão. Esta situação é agravada pela falta de informações necessárias a um manejo efetivo, embora já despontem pesquisas isoladas, que discutem a sustentabilidade da região. O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo detalhado da flora do complexo recifal de Maracajaú visando gerar dados para contribuir na preservação ambiental. As amostragens foram feitas nos anos de 2008 e 2009 nos recifes offshore e costeiros de Maracajaú. Nos recifes offshore as amostragens foram padronizadas, utilizando como elemento amostral um quadrado de 25 cm de lado, com o objetivo de comparação das subáreas amostradas aplicando-se uma análise de similaridade em Modo R (por amostras) utilizando o Índice de Similaridade de Jaccard. Nesta análise foram consideradas somente as amostragens feitas no ano de 2008. Além do material amostrado com a limitação dos quadrantes, amostragens com finalidade exclusivamente qualitativa foram realizadas nesta mesma área dos recifes offshore bem como na praia e recifes costeiros adjacentes, e em um banco recifal localizado no entorno do Farol Tereza Pança. Os dados obtidos fora dos limites amostrais estabelecidos pelos elementos amostrais não foram considerados na análise de similaridade. O material foi fixado em solução de formalina a 4% e identificado. Foram encontrados um total de 168 táxons infragenéricos, sendo 25 de Chlorophyta, 23 de Heterokontophyta e 120 de Rhodophyta. Destes táxons, 39 estão sendo referidos pela primeira vez para o estado do Rio Grande do Norte, dos quais 9 indicam ser novas referências para o Brasil (Avrainvillea mazei Murray et Boodle, Botryocladia caraibica Gavio & Fredericq, Crouania elisiae C.W. Schneider, Dasya caraibica Boergesen, Herposiphonia delicatula Hollenberg, Herposiphonia parca Setchell, Gracilaria apiculata subesp. apiculata P. Crouan et H. Crouan, Gracilaria apiculatasubesp. candelariformis Gurgel, Fredericq et Norris, Udotea dixonii Littler et Littler) e duas para o Oceano Atlântico (Herposiphonia nudaHollenberg e Gelidium isabelae W.R. Taylor). O local onde foi registrada a maior riqueza de espécies foi nos bancos de fanerógamas. De maneira geral, a espécie mais freqüente foi Dictyopteris delicatula, tanto na estação seca como na chuvosa, com exceção dos bancos de fanerógamas, onde as espécies mais freqüentes foram Hypnea musciformis durante a estação seca e Jania adhaerensdurante a estação chuvosa. Com relacão à análise de similaridade, o dendograma apresentou-se bastante fragmentado, demostrando pouca diferença na composição específica entre subáreas. O dendograma apresentou dois grandes agrupamentos de amostras provenientes dos bancos de fanerógamas, um agrupamento reuniu uma grande maioria de amostras da estação seca e outro com a maioria de amostras da estação chuvosa. Os outros agrupamentos apresentaram uma mistura de amostras das estações ZAD, ZMD e ROD, separados pelo período do ano amostrado (seco/chuvoso), revelando grande afinidade na composição específica destas subáreas.
Palavras-chave: APA dos Recifes de Corais, Maracajaú, morfologia, macroalgas recifais, taxomonia, novas ocorrências.
Ingrid Balesteros Silva
Algas marinhas bentônicas dos recifes e ambientes adjacentes de Maracajaú, APA dos Recifes de Corais, RN, Brasil
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