Elisa Mitsuko Aoyama
No dia 26 de fevereiro de 2010, a aluna de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt), Elisa Mitsuko Aoyama (bolsista Capes), defendeu sua tese de doutorado intitulada
“Propagação in vitro e em estufa de Alcantarea imperialis (Carrière) Harms (Bromeliaceae) a partir de sementes”.
A banca examinadora foi composta pela Dra. Solange Cristina Mazzoni-Viveiros (Orientadora e Presidente/IBt),
Dra. Regina Maria Monteiro de Castilho (Unesp – Ilha Solteira/SP), Dr. André Mantovani (JBRJ), Dra. Jane Elizabeth Kraus (USP)
e Maria Angela M. Carvalho (IBt), como mostrado na fotografia.
Propagação in vitro e em estufa de Alcantarea imperialis (Carrière) Harms (Bromeliaceae) a partir de sementes
RESUMO
O cultivo in vitro de bromélias tem sido considerado uma técnica eficiente para aperfeiçoar a propagação dessas plantas, que pelos métodos naturais não é capaz de fornecer em curto espaço de tempo, um grande número de espécimes, o que mais interessa ao produtor comercial. Para Alcantarea imperialis (Carrière) Harms, utilizada no paisagismo e considerada ameaçada de extinção devido ao extrativismo ilegal, não existem relatos que comparem o crescimento in vitro com a produção em estufa. No cultivo in vitro as plantas são obtidas em condições controladas de assepsia, alta umidade e disponibilidade de nutrientes, enquanto que aos serem transferidas para crescimento ex vitro em estufa, a aclimatação, dependem da taxa fotossintética e da absorção de nutrientes do substrato. A redução do tempo de permanência in vitro, pode diminuir os custos de manutenção para os produtores. O objetivo do presente trabalho foi estabelecer um protocolo para a propagação de mudas da espécie Alcantarea imperialis (Carrière) Harms a partir de sementes, que permita obter o maior índice de produção e sobrevivência de plantas dessa espécie com o menor custo. Para o lote cultivado in vitro, as sementes após a retirada dos apêndices plumosos e desinfestação superficial foram depositadas em meio de cultura Murashige & Skoog (MS), com concentração original dos micronutrientes e metade da concentração dos macronutrientes (MS/2). Para o lote cultivado em estufa, sementes foram colocadas em gerbox com papel de filtro para a germinação. Após 30 dias da germinação, as plantas foram colocadas em bandejas de isopor contendo substrato de casca de Pinus moída, envoltas com plástico transparente para evitar a perda excessiva de umidade e adubadas semanalmente com solução de MS/2. Ambos os lotes foram mantidos em fotoperíodo de 12 h e temperatura de 26 ± 2ºC. Após 1, 2, 4, 6, 8, 10 e 12 meses de cultivo in vitro, 100 plantas correspondentes a cada período foram transferidas para condições ex vitro e mantidas por 2 meses em estufa nas mesmas condições de temperatura, luz e adubação utilizadas no cultivo in vitro. Os parâmetros avaliados, nos cultivos in vitro e em gerbox, foram taxa de germinação em diferentes fotoperíodos e desenvolvimento pós-seminal. As sementes são fotoblásticas positivas com porcentagem de germinação de 93% e o tempo médio de 4 dias. Não foram observadas diferenças morfológicas no desenvolvimento entre as plântulas cultivadas in vitro e em estufa. As plantas provenientes do cultivo in vitro, em estufa e as submetidas à aclimatação foram avaliadas quanto à porcentagem de sobrevivência, número e comprimento de folhas e raízes, teor de pigmentos, além do ganho de massas fresca e seca, índice de suculência, razão raiz:parte aérea, razão de peso de folha, distribuição de biomassa e taxa de crescimento relativo. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e teste Tukey. Para a análise estrutural, amostras das folhas de plantas adultas incluídas em metacrilatoglicol foram seccionadas em micrótomo rotativo e as secções obtidas coradas com azul de toluidina 0,05% em tampão acetato 0,1M pH 4,7. Os resultados demonstraram que as plantas provenientes do cultivo in vitroapresentaram maiores valores para número e comprimento de raízes e folhas, principalmente a partir do 4º mês de cultivo, e ganho nas massas fresca e seca a partir do 6º mês de cultivo. As taxas de crescimento, tanto das raízes como da parte aérea, foram maiores nas plantas cultivadas in vitro com 2 meses.O teor de pigmentos, o índice de suculência e a razão raiz : parte aérea foram maiores nas plantas cultivadas in vitro, demonstrando que nessas plantas ocorre um aumento no investimento das raízes, enquanto que nas plantas cultivadas em estufa ele é maior para a parte aérea. O valor mínimo de sobrevivência das plantas cultivadas in vitro e transferidas para a aclimatação foi de 96% naquelas que permaneceram in vitro durante 4 meses. Os dados obtidos demonstram ser possível aclimatar plantas da espécie cultivadas in vitro,a partir de 2 meses, pois foi neste período que ocorreram as maiores taxas de crescimento e a distribuição da biomassa apresentou dados similares entre as plantas cultivadas in vitro e as aclimatadas. Quanto à estrutura a diferença observada entre as plantas cultivadas in vitro e em estufa foi na largura da lâmina foliar, sendo maior nas primeiras, não foram observadas alterações nos diferentes tecidos foliares, inclusive nos estômatos. O cultivo in vitro se mostrou, assim, eficiente e pode otimizar a produção da bromélia imperial, constatando-se que plantas com apenas 2 meses de cultivo in vitro já podem ser aclimatadas, contribuindo para uma diminuição no tempo de cultivo e na importante relação custo-benefício para sua produção comercial.
Palavras-chave: bromélia imperial, Tillandsioideae, micropropagação
Elisa Mitsuko Aoyama
Propagação in vitro e em estufa de Alcantarea imperialis (Carrière) Harms (Bromeliaceae) a partir de sementes
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