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Camila Francieli da Silva Malone


No dia 25 de fevereiro de 2010, Camila Francieli da Silva Malone (Bolsista CNPq/Protax), aluna do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo – IBt, defendeu sua dissertação de mestrado intitulada

“Biodiversidade de algas e cianobactérias de duas lagoas salinas do Pantanal da Nhecolândia, MS, Brasil.”

A banca examinadora foi composta pela Dra. Célia Leite Sant’Anna (Orientadora/Instituto de Botânica – São Paulo),
Dra. Maria do Carmo Carvalho (CETESB – São Paulo) e pelo Dr. Luis Henrique Zanini Branco (Unesp/Ibilce – São José do Rio Preto).

Este trabalho configurou-se como o primeiro estudo sobre a biodiversidade de algas e cianobactérias somente em lagoas salinas,
que são peculiares da sub-região do Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul.


Biodiversidade de algas e cianobactérias de duas lagoas salinas do Pantanal da Nhecolândia, MS, Brasil.


RESUMO

O Pantanal da Nhecolândia, sub-região do Pantanal brasileiro, apresenta sistemas aquáticos únicos com características limnológicas diferenciadas, denominados regionalmente como lagoas salinas. As lagoas salinas são sistemas rasos, circundadas por uma faixa de areia e preservadas das cheias por “cordilheiras”. Não apresentam plantas aquáticas flutuantes. Apresentam altas concentrações de sais, principalmente sódio e potássio e valores de pH variando de 8,0 a 10,1. Nestes ambientes, as comunidades bióticas diferem substancialmente daquelas de outros sistemas e sua diversidade é influenciada diretamente pela salinidade. Além disso, a alto pH (>9) apresentado por estas lagoas caracterizou-as como ambientes extremos. Frente à complexidade destes sistemas e aos escassos estudos na região, o objetivo deste estudo foi o conhecimento da biodiversidade de algas e cianobactérias de duas lagoas salinas situadas na sub-região da Nhecolândia: salina da Ponta (18º59’00” S e 56º39’35” W) e salina da Reserva (18º57’42”S e 56º37’26”W).

As coletas foram realizadas nos períodos de seca e de cheia, desde maio de 2005 a outubro de 2008. As amostras foram coletadas utilizando-se rede de plâncton com abertura de malha de 20 μm e foram preservadas com formol 4%. Amostras sem a adição de fixador foram mantidas refrigeradas para estudo de material vivo e cultivo. A análise taxonômica foi realizada, sempre que possível, em nível específico analisando-se as características morfológicas e métricas das populações. Algumas variáveis químicas e físicas foram medidas in situ: condutividade elétrica (μS cm-1), pH, potencial redox (mV), salinidade (ups), temperatura da água (ºC). A transparência da água foi estimada usando-se disco de Secchi. Para ambas as lagoas, os resultados mostram elevadas taxas de condutividade elétrica (716 a 18.350 µS/cm), pH alcalino (acima de 9,3), potencial redox (-287 a 60 mV), salinidade (0,1 a 2,4 ups) e temperatura da água de 22,3 a 36,6 ºC. A profundidade da salina da Reserva variou de 10-23 cm e a transparência da água de 0,07-0,2 m.

Enquanto, a salina da Ponta apresentou profundidade de 07-50 cm e transparência da água de 0,03 – 0,1 m. Foram identificados 66 táxons distribuídos em sete classes taxonômicas: Cyanobacteria (22), Bacillariophyceae (20), Coscinodiscophyceae (1), Fragilariophyceae (1), Chlorophyceae (13), Euglenophyceae (1) e Zygnematophyceae (8). As classes com maior riqueza de espécies foram Cyanobacteria (33,3% do total identificado) e Bacillariophyceae (30,3% do total identificado). Anabaenopsis elenkinii Miller (Cyanobacteria, Nostocales), Anomoeoneis sphaerophora Pfitzer (Bacillariopyceae, Cymbellales), típicas de ambientes salinos, e Nitzschia intermedia Hantzsch ex Cleve et Grunow (Bacillariopyceae, Bacillariales) são as espécies mais comum nas duas salinas estudadas, ocorrendo na maioria das amostras.

Anabaenopsis elenkinii e Anomoeoneis sphaerophora foram encontradas comumente em outras lagoas salinas da região do Pantanal. As classes Euglenophyceae e Zygnematophyceae ocorreram somente na lagoa salina da Reserva no período de cheia (Abril/2008), o que provavelmente foi provocado pela ocasional entrada de água superficial nesta lagoa, trazida pela excepcional precipitação neste período. Este fato deve ter favorecido também a ocorrência de 54% da classe Chlorophyceae neste mesmo período. No que se refere às classes Coscinodiscophyceae e Fragilariophyceae, estas ocorreram somente na lagoa salina da Reserva nas amostras referente a maio de 2005. Dentre as espécies identificadas, 45,4% constitui primeiras referências para o Pantanal da Nhecolândia e 39,4% do total de táxons identificados são primeiras referências para o Pantanal brasileiro.

Palavras-chave: Pantanal, lagoas salinas, biodiversidade, algas, cianobactérias.


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Biodiversidade de algas e cianobactérias de duas lagoas salinas do Pantanal da Nhecolândia, MS, Brasil.


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