Valéria Cassano
No dia 27 de fevereiro de 2009, a aluna Valéria Cassano do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo, defendeu sua tese de doutorado intitulada
“Taxonomia e filogenia do complexo Laurencia (Ceramiales, Rhodophyta),
com ênfase no estado do Rio de Janeiro, Brasil”, sob orientação da Dra. Mutue Toyota Fujii,
pesquisadora do Instituto,e co-orientação da Dra. Mariana Cabral de Oliveira da Universidade de São Paulo, tendo sido aprovada com distinção e louvor.
A banca examinadora foi composta pelos membros externos: Dra. Maria Candelaria Gil-Rodríguez da Universidade de La Laguna, Ilhas Canárias, Espanha,
Dr. Abel Sentíes Granados da Universidade Autónoma Metropolitana-Iztapalapa, México e Dr. Orlando Necchi Jr. da Universidade Estadual Paulista (Unesp, campus Rio Preto), e pelos membros internos: Dra. Silvia Maria Pita de Beauclair Guimarães e Dra. Mutue Toyota Fujii da Seção de Ficologia-IBt.

Dr. Abel Sentíes, Dra. Ma. Candelaria Gil-Rodríguez, a aluna Valéria Cassano,
Dra. Mutue T. Fujii (orientadora), Dr. Orlando Necchi, Dra. Mariana C. de Oliveira (co-orientadora) e Dra. Silvia Guimarães.
Taxonomia e Filogenia do complexo Laurencia (Ceramiales, Rhodophyta),
com ênfase no estado do Rio de Janeiro, Brasil
RESUMO
A tese teve como objetivo realizar estudos taxonômicos e filogenéticos de espécies do complexo Laurencia baseados em caracteres morfológicos e moleculares. A análise morfológica foi realizada a partir de espécimes coletados em 39 pontos do litoral do Rio de Janeiro. Materiais tipo e/ou materiais de referência provenientes de vários herbários nacionais e estrangeiros foram analisados e confrontados com as espécies previamente citadas para o litoral brasileiro. Para a análise molecular, o gene plastidial rbcL, o espaçador rbcL-S e o gene mitocondrial cox1 de espécimes coletados no RJ, ES, SP, BA, Atol das Rocas, México, Cuba e Ilhas Canárias, foram sequenciados na tentativa de esclarecer a posição taxonômica das espécies e inferir suas relações filogenéticas. Com base nos resultados obtidos, oito espécies do complexo Laurencia foram confirmadas para o litoral brasileiro: Laurencia caduciramulosa, L. catarinensis, L. dendroidea, L. oliveirana, L. translucida, Palisada flagellifera, P. perforata e Chondrophycus furcatus. Das oito espécies citadas, apenas C. furcatus não foi encontrada no Rio de Janeiro. As hipóteses filogenéticas geradas confirmaram que o complexo Laurencia é monofilético, assim como o gênero Osmundea, mas as relações entre os gêneros Laurencia e Palisadanão foram completamente resolvidas. Os dados moleculares mostraram que C. furcatus pertence ao gênero Palisada e a com futura mudança nomenclatural dessa espécie para Palisada, não haverá mais representantes de Chondrophycus no litoral brasileiro. As análises filogenéticas e a comparação morfológica detalhada de Palisada papillosa e P. perforata apoiaram a coespecificidade desses táxons, tendo P. perforata prioridade sobre o primeiro, e os táxons Chondrophycus patentirameus e C. thuyoides se agruparam comPalisada em todas as análises filogenéticas, o que levou à proposição de duas novas combinações: Palisada patentiramea (Montagne) Cassano, Sentíes, Gil-Rodríguez et M.T. Fujii e Palisada thuyoides (Kützing) Cassano, Sentíes, Gil-Rodríguez et M.T. Fujii (Cassano et al.2009). Os dados moleculares mostraram que Laurencia intricata da localidade-tipo (Antilhas) é distinta da reportada para o Brasil e que as citações dessa espécie para o Rio de Janeiro correspondem à L. catarinensis, confirmada através da comparação com sequência de espécime da localidade-tipo. Os táxons anteriormente citados para o litoral brasileiro como L. arbuscula, L. filiformis, L. majuscula e L. obtusa constituem uma mesma entidade taxonômica, confirmada em todas as análises filogenéticas realizadas. Exames dos materiais-tipo permitiram identificá-los como L. dendroidea, cuja localidade-tipo é o Brasil. Laurencia obtusa do Atlântico Norte é uma espécie distinta, confirmada pelos dados moleculares. Desta forma, L. dendroidea deve ser tratada como uma espécie independente e não como uma variedade de L. obtusa, como correntemente aceita. A confirmação da posição taxonômica de L. aldingensis e Laurenciasp. 1, encontradas nos litorais do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, depende da comparação, em nível molecular, com material ainda não disponível de L. aldingensis e de L. filiformis da localidade-tipo (Austrália). Os marcadores utilizados foram eficientes para separar categoriastaxonômicas específicas, entretanto as relações entre as espécies foram melhor resolvidas com o rbcL do que com o cox1. A combinação dos três marcadores (rbcL, rbcL-S e cox1) aumentou o suporte para a maioria das relações estabelecidas e apresentou melhor resolução da topologia. As primeiras inferências filogenéticas para espécies do complexo Laurencia utilizando-se o cox1 foram realizadas neste estudo e este marcador mostrou-se eficiente na identificação e delimitação de categorias taxonômicas específicas, corroborando o seu uso para “barcoding”
Valéria Cassano
Taxonomia e Filogenia do complexo Laurencia (Ceramiales, Rhodophyta), com ênfase no estado do Rio de Janeiro, Brasil
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