Daniela Soares dos Santos
“Micropropagação da bromélia ornamental Acanthostachys strobilacea (Schultz F.) Klotzsch e a influência do etileno”.
A banca examinadora foi composta por sua orientadora Dra. Catarina Carvalho Nievola (Seção de Ornamentais do IBt), Dra. Lílian Beatriz Penteado Zaidan (Seção Fisiologia e Bioquímica de Plantas – IBt) e Dra. Maria Aurineide Rodrigues (Instituto de Biociências – USP).

Dra. Maria Aurineide Rodrigues, Dra. Lilian Beatriz Penteado Zardan,
Dra. Catarina Carvalho Nievola e a aluna Daniela Soares dos Santos.
Micropropagação da bromélia ornamental Acanthostachys strobilacea (Schultz F.) Klotzsch e a influência do etileno
RESUMO
Muitos membros de Bromeliaceae são plantas ornamentais devido à beleza de suas folhas, brácteas coloridas e flores vistosas.Acanthostachys strobilacea (Schultz F.) Klotzsch é uma bromélia saxícola ou epífita de ampla distribuição, pertencente à subfamília Bromelioideae. Devido ao seu valor ornamental, esta espécie tem sido alvo do extrativismo ilegal o que pode desencadear a redução do número de plantas dessa espécie na natureza. Existe, portanto, a necessidade de produzir exemplares dessa espécie, de modo a atender ao mercado de plantas ornamentais e evitar o interesse por exemplares provenientes do ambiente natural. O cultivo in vitro pode ser utilizado como uma das etapas para a produção de espécies de importância econômica, dentre elas, plantas ornamentais potencialmente ameaçadas de extinção. Adicionalmente, essa técnica tem permitido o desenvolvimento de estudos de fisiologia por permitir o controle de fatores como fornecimento de luz, nutrientes e temperatura. Contudo, devido à necessidade dos frascos de cultivo ser mantidos fechados para evitar a contaminação, existe a possibilidade de que gases produzidos pelas plantas em cultivo sejam acumulados e interfira no desenvolvimento da planta, um aspecto pouco abordado. Além da utilização de sementes, é possível, para algumas espécies, desenvolver a micropropagação utilizando-se outros explantes, provenientes de plantas mantidas in vitro. Este trabalho apresenta um protocolo para a produção de mudas de A. strobilacea a partir de sementes e segmentos nodais obtidos de plantas cultivadas in vitro, além de investigar as razões pelas quais as plantas dessa espécie apresentam um alongamento do eixo caulinar quando cultivadas nessa condição. A desinfestação das sementes foi feita com ácido clorídrico a 25 % seguido de solução comercial de hipoclorito de sódio a 2 %. A composição do meio nutritivo favorável à obtenção de segmentos nodais como explantes para a produção de plantas foi o de Murashige & Skoog (MS) contendo os macronutrientes reduzidos a 1/5, além de 0,20 % de sacarose, 100 mg L-1 de myo-inositol e 0,1 mg L-1 de tiamina. O pH foi ajustado em 5,8. O meio foi geleificado (6 g L-¹ de Agar) e esterilizado em autoclave por 15 minutos a 121 ºC. Os frascos de cultivo foram mantidos em sala de crescimento à temperatura de 26 ± 2 °C, fotoperíodo de 12 horas e irradiância de 40 μmol m-² s-¹, fornecida por lâmpadas fluorescentes (Osram®, super luz do dia 40 W). Quando frascos de cultura foram colocados nas mesmas condições, porém sob diferentes intensidades luminosas, verificou-se que na intensidade luminosa de 14 µM m-2 s-1 ocorreu maior alongamento das plantas, em comparação àquelas mantidas sob intensidades mais altas e, na ausência de luminosidade. Observou-se que a os segmentos nodais isolados, provenientes da região mediana e basal do caule, quando transferidos para meio de cultura, originaram plantas alongadas; os segmentos oriundos da região apical produziram plantas não alongadas, o que indica uma possível influência do gradiente hormonal endógeno. Somente as plantas não alongadas sobreviveram após a transferência para condições ex vitro. No entanto, as plantas que apresentaram o alongamento constituíram um importante material parafornecer segmentos nodais para a manutenção da produção de plantas in vitro, viabilizando a formação de clones. Verificou-se que o alongamento das plantas ocorreu exclusivamente devido a fatores relacionados ao cultivo in vitro, como o tipo de vedação dos frascos que possibilitava o acúmulo de gases no interior dos mesmos.As plantas que apresentaram maior alongamento desenvolveram-se no interior dos frascos vedados com tampas de plástico envoltas por filme de PVC. O alongamento das plantas foi atribuído ao efeito do gás etileno que poderia ter-se acumulado no interior dos frascos. Experimentos realizados com aplicação exógena de etileno e do inibidor de receptores desse gás 1 – metilcilopropeno (1-MCP) mostraram que esse hormônio influenciou a anatomia das plantas cultivadas in vitro induzindo o aumento do diâmetro da célula. Portanto, além do estabelecimento de um protocolo para a produção de plantas da bromélia ornamental A. strobilacea por meio do cultivo in vitro de sementes e segmentos nodais, este trabalho verificou aspectos relacionados à fisiologia dessa espécie. Fatores como a intensidade luminosa, a posição do segmento nodal no eixo caulinar e acúmulo de etileno no interior dos frascos, alteraram a morfologia de plantas produzidas in vitro, induzindo um alongamento do caule, pouco freqüente em plantas cultivadas na presença de luz. Por meio do protocolo de cultivo in vitro estabelecido neste trabalho foi possível obter-se a partir de uma única semente, após um ano, cerca de 15.000 plantas cultivadas em vasos. A possibilidade de utilizar diluições do meio MS, sem reguladores de crescimento contribui para a redução dos custos de produção, além de minimizar a variação somaclonal atribuída, em muitas espécies, à utilização desses reguladores. O estabelecimento do cultivo de espécies ornamentais que são retiradas ilegalmente do ambiente natural é estratégia importante para sua preservação.
Palavras-chave – Bromeliaceae, cultivo in vitro e gás
Daniela Soares dos Santos
Micropropagação da bromélia ornamental Acanthostachys strobilacea (Schultz F.) Klotzsch e a influência do etileno
VOLTAR AS DISSERTAÇÕES E TESES