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André Augusto Jacinto Tabanez


No dia 26 de novembro de 2008, às 9 horas da manhã, o aluno do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, defendeu sua tese de Doutorado, intitulada
“Dinâmica da comunidade arbórea em eco-unidades de cinco fragmentos de Floresta Estacional Semidecídua no interior do
Estado de São Paulo, Brasil, e conseqüências para a sua conservação”.

Fizeram parte da banca examinadora os pesquisadores Eduardo Cabral Pereira Gomes (Instituto de Botânica de São Paulo), Henrique Nascimento (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), Waldir Mantovani (Instituto de Biociências/USP), Margarida Maria da Rocha Fiuza Melo (Instituto de Botânica de São Paulo) e
Luiz Mauro Barbosa (Instituto de Botânica de São Paulo.


Dinâmica da comunidade arbórea em eco-unidades de cinco fragmentos de Floresta Estacional Semidecídua no interior do Estado de São Paulo, Brasil, e conseqüências para a sua conservação.


RESUMO

Estudou-se a dinâmica da comunidade arbórea em cinco fragmentos de floresta estacional semidecídua. Estes fragmentos localizam-se na região de Piracicaba e são todos fragmentos de floresta isolados, sem eventos de perturbação de grandes proporções. O formato desses fragmentos varia de aproximadamente quadrado a retangular, com tamanho entre 0,6 a 220,0 ha. A vegetação arbórea foi amostrada em um primeiro levantamento entre 1991 e 1993 (t0), utilizando-se parcelas permanentes na forma de transectos. Todas as árvores com diâmetro a 1,3 m de altura do solo (DAP) ≥ 5 cm foram incluídas no estudo e as diferentes fisionomias florestais encontradas nos transectos foram mapeadas. As diferentes fisionomias, ou eco-unidades, foram classificadas visualmente em Capoeira Baixa (CB), bambuzal (BB), Capoeira Alta (CA) e Floresta Madura (FM). Um segundo levantamento foi feito em 1999 (t1), com novo mapeamento. As espécies mais importantes em IVC foram classificadas em quatro grupos sucessionais e/ou funcionais e a importância relativa de cada grupo foi calculada para cada eco-unidade. Os dados encontrados foram comparados com o modelo proposto por Tabanez & Viana (2000) para dinâmica florestal dessas eco-unidades, para avaliar sua precisão.

Cerca de dois terços da área dos transectos não mudou de eco-unidade ao longo do período estudado. A mudança mais comum foi para CB (19,8% da área). Assim, a área ocupada por CB aumentou em todos os fragmentos e seus trechos aumentaram em número e tamanho médio. A taxa de recrutamento foi maior que a taxa de mortalidade na CB e houve incremento na área basal (AB), fazendo com que esta eco-unidade apresentasse desenvolvimento em estrutura no período t0-t1. Trechos de CB mostraram importância maior de espécies pioneiras e oportunistas, provavelmente devido aos tamanhos grandes dos trechos. Essas espécies parecem ser capazes de causar algum desenvolvimento de estrutura na CB, mas é importante notar a baixa importância ou ausência das espécies de banco de sementes nesta eco-unidade.

A área ocupada pelas outras eco-unidades mudou pouco ou apresentou diminuição. A segunda alteração mais comum foi mudança para CA (12,4% da área). A taxa de recrutamento na CA também foi maior do que a taxa de mortalidade, e foi observado um aumento na AB, fazendo com que esta eco-unidade também mostrasse algum desenvolvimento na estrutura. Algumas das espécies mais importantes nesta eco-unidade foram as mesmas que na CB, como Croton floribundusAstronium graveolens e Metrodorea nigra. A importância das espécies tolerantes à sombra diminuiu nesta eco-unidade em quatro dos fragmentos estudados.

O Bambuzal mostrou forte diminuição em área, devido à morte das moitas nos dois maiores fragmentos. No período considerado, 92,5% da área original de BB se transformou em outras eco-unidades, principalmente CB e CA. A taxa de recrutamento foi a maior entre as eco-unidades. Nos fragmentos onde a maioria das moitas morreu, espécies pioneiras e oportunistas aumentaram rapidamente em importância, incluindo espécies de banco de sementes, ausentes ou pouco importantes na CB.

A Floresta Madura não se mostrou tão estável quanto o nome sugere e cerca de metade de sua área original se transformou em outra eco-unidade no período t0-t1, principalmente CA. Ainda assim, esta eco-unidade foi a mais estável das quatro, mostrando as taxas mais baixas de mortalidade e recrutamento. A composição mostrou absoluta predominância de espécies tolerantes à sombra, com aumento de sua importância no período t0-t1.

Os dados sugerem que o desenvolvimento da estrutura da floresta nos fragmentos foi limitado e que este desenvolvimento não foi suficiente para regenerar a floresta nas áreas abertas (CB). Além disso, foram observadas altas taxas de alteração de eco-unidades mais desenvolvidas para eco-unidades menos desenvolvidas, especialmente considerando-se o pequeno intervalo de tempo considerado. Os dados sugerem que o modelo apresentado por Tabanez & Viana (2000) para a dinâmica dessas eco-unidades é preciso e sugere que esses fragmentos estão em transformação, mesmo após longo tempo do isolamento inicial. As mudanças que ainda estão ocorrendo podem levar esses fragmentos de floresta, no longo prazo, a se transformarem em fragmentos de vegetação arbustiva, baixa e de baixa biomassa. Os resultados aqui apresentados são importantes balizadores de políticas regionais voltadas à restauração florestal e à conservação de espécies arbóreas, assim como na orientação para restauração florestal em recuperação de áreas degradadas.


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Dinâmica da comunidade arbórea em eco-unidades de cinco fragmentos de Floresta Estacional Semidecídua
no interior do Estado de São Paulo, Brasil, e conseqüências para a sua conservação


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