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Mabel Gomes Moreira


Mabel Gomes Moreira, aluna de pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente, do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt), defendeu no dia 31 de julho de 2007 sua dissertação de Mestrado intitulada:
“ASSOCIAÇÕES ENTRE OS SOLOS, OS AMBIENTES SEDIMENTARES QUATERNÁRIOS E AS FITOFISIONOMIAS DE PLANÍCIE COSTEIRA E BAIXA ENCOSTA NAS BACIAS DOS RIOS ITAGUARÉ E GUARATUBA (BERTIOGA-SP)”.

A banca examinadora foi composta pela sua orientadora Dra.Célia Regina de Gouveia Souza (Instituto Geológico),
Dra. Márcia Inês M. S. Lopes (Instituto de Botânica) e Dr. Eduardo Luis Martins Catharino (Instituto de Botânica).


Associações entre os Solos, os Ambientes Sedimentares Quartenários e as Fitofisionomias de Planície Costeira e Baixa Encosta nas Bacias dos Rios Itaguaré e Guaratuba (Bertioga-SP)


RESUMO

Os solos jovens formados sobre a planície costeira e as baixas encostas da Serra do Mar guardam íntima relação com o substrato geológico de origem, cuja idade varia de pleistocênica a atual. A gênese e a evolução desses solos, portanto, depende da evolução dos ambientes sedimentares presentes nesses compartimentos geológico-geomorfológicos, bem como da evolução da própria vegetação que os recobre. Assim, conhecer essas relações é muito importante para entender os ecossistemas costeiros e recuperá-los ou manejá-los de maneira adequada. O objetivo principal desta pesquisa é caracterizar os solos formados sobre ambientes de sedimentação quaternários (pleistocênicos a atuais) associados a respectivas formações florestais (exceto manguezal), presentes na planície costeira e baixa encosta da Serra do Mar nas bacias dos rios Itaguaré e Guaratuba (Bertioga). Como objetivos específicos destacam-se: caracterizar as unidades geológicas quaternárias (UQ) previamente mapeadas quanto à sua granulometria e ao nível do lençol freático; identificar os solos segundo a Classificação Brasileira de Solos até pelo menos o segundo nível categórico; caracterizar, quanto à granulometria, os tipos de solos associados às UQ; caracterizar a distribuição da fertilidade no perfil de solo em função das variações de micro-relevo nas UQ; caracterizar a distribuição das raízes nos perfis de solo em cada fitofisionomia. Na área são encontradas as seguintes UQ: Terraços Marinhos pleistocênicos altos e baixos (LPTa e LPTb), Terraços Marinhos holocênicos (LHTa), Cordões Litorâneos holocênicos (LHTb), Terraços Fluviais pleistocênicos (LPF), Planícies Fluviais holocênicas a atuais (LHF), Depressões Paleolagunares Holocênicas (LCD), Depósitos Mistos (Fluviais e Colúvios de Baixada) holocênicos a atuais (LMP), Depósitos de Encosta pleistocênicos a atuais (LCR). A vegetação de planície costeira e baixa encosta presente na área de estudo apresenta associações importantes com as UQ, da seguinte forma: Floresta de Transição Restinga–Encosta (FTr) associada com LCR, LMP e LHF; Floresta Aluvial (FAL) associada com LPF; Floresta Alta de Restinga (FaR) associada com LHTb, LHTa, LPTb, LPTa e LHF; Floresta Baixa de Restinga (FbR) associada com LHTb; Floresta Alta de Restinga Úmida (FaRu) associada com LCD, LHF e LMP; e Floresta Paludosa (FPa) associada com LCD e LHF. Na área de estudo foram identificados 13 tipos de classes de solo, que podem ser agrupados de acordo com 3 diferentes tipos de ambientes de origem: marinha (praial) – Neossolos Quartzarênicos e Espodossolos Humilúvicos, Ferrilúvicos e Ferri-Humilúvicos; continental (fluvial, coluvionar) – Neossolos Flúvicos e Regolíticos, Gleissolos Háplicos, Cambissolos Flúvicos e Háplicos e Latossolos Amarelos; depressões paleolagunares – Gleissolos Melânicos e Organossolos Sápricos e Fíbricos. Os Neossolos Quartzarênicos são encontrados nas associações LHTb/FbR, LPTa/FaR e LPTb/FaR; os Neossolos Flúvicos ocorrem nas associações LMP/FTr e LPF/FAL; e os Neossolos Regolíticos são encontrados nas associações LCR/FTr. Os Espodossolos Humilúvicos são encontrados nas associações LHTb/FaR, LHTa/FaR e LPTb/FaR e localmente LPTa/FaR; os Espodossolos Ferrilúvicos são encontrados nas associações em LPTa/FaR; e os Espodossolos Ferri-Humilúvicos ocorrem nas associações LPTb/FaR. Os Gleissolos Háplicos são encontrados nas associações LPF/FAL, LMP/FTr, LHF/FaR, e localmente em LPTb/FaR. Os Gleissolos Melânicos ocorrem principalmente em LCD/FaRu, LCD/FPa, LHF/FaRu e LHF/FPa. Os Cambissolos Flúvicos ocorrem nas associações LMP/FTr e LPF/FAL. Os Cambissolos Háplicos são encontrados em LCR/FTr. Os Organossolos Sápricos e Fíbricos são sempre encontrados em LCD, nas associações LCD/FaRu (somente Fíbricos) e LCD/FPa. Os Latossolos Amarelos são encontrados nas associações LCR/FTr, em áreas mais elevadas das encostas. Os parâmetros de fertilidade foram obtidos a partir de amostras coletadas nas profundidades por trincheiras. Os resultados indicaram que em geral, todos os solos são álicos, com teores de saturação por Al atingindo 90% (em LHF e LMP) e ácidos, com pH em torno de 3,5 indistintamente, com SB (< 10 mmolc/dm-3) e V% muito baixos (~15%), exceto nos solos em LCD e Cx-LCD, onde SB chega a 50 mmolc/dm-3 e V% atinge 30% . Dentre os parâmetros analisados, o P se destaca por ser bastante elevado (diferente do que é preconizado na literatura), e responder às variações de MO no perfil. Assim, os teores de P e MO são mais elevados em superfície em todos os solos provenientes de sedimentos marinhos (LHTa, LHTb, LPTB, LPTa) e paleolagunar (LCD e Cx-LCD), mas se comportam de maneira inversa nos ambientes de sedimentação continental (LMP, LPF e LCR). Essas tendências são bastante evidentes nos primeiros 10 cm do solo e puderam ser identificadas graças ao método de amostragem proposto. Também é nessa profundidade que se concentram as raízes em todas as formações florestais, com maior freqüência de raízes finas e poucas raízes grossas. Essas características levam a freqüentes tombamentos de árvores nessas matas. Em termos de evolução dos solos da área de estudo, os Espodossolos Ferrilúvicos são os mais evoluídos e antigos e ocorrem sobre os depósitos marinhos mais antigos, os LPTa. Nestes depósitos também ocorrem Neossolos Quartzarênicos, que são mais jovens e surgiram após o total desmantelamento do antigo Espodossolo ou a sua migração para camadas muito profundas do pacote sedimentar. A FaR que recobre esses terraços marinhos deve ser, portanto, a floresta mais antiga e evoluída dessas planícies costeiras, devendo ter sido implantada durante o Pleistoceno após a sedimentação desses depósitos, período depois do qual o nível do mar sempre esteve mais baixo do que os mesmos. Da mesma forma, a FAL, que recobre os depósitos LPF (provavelmente correlatos aos LPTa) também deve ter sido implantada nessa época. A FbR, por sua vez, deve ser a floresta mais jovem implantada sobre os terrenos de sedimentação marinha dessas planícies costeiras, pois recobre os depósitos marinhos mais jovens, os LHTb. Sem dúvida há uma relação direta entre as características pedológicas e edáficas desses solos e os ambientes sedimentares quaternários de origem, cuja evolução e os ciclos de sedimentação também governam a evolução dos solos.

Palavra chave: Solos de Planície Costeira, Vegetação de Restinga, Bertioga


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Associações entre os Solos, os Ambientes Sedimentares Quartenários e as Fitofisionomias de Planície Costeira e
Baixa Encosta nas Bacias dos Rios Itaguaré e Guaratuba (Bertioga-SP)


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