Moacir Edson Hellmann
Aos 12 de abril de 2006, no anfiteatro do Instituto de Botânica, Moacir Edson Hellmann, aluno do programa de Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo e bolsista CAPES, defendeu sua Dissertação de Mestrado intitulada
“Tolerância ao congelamento e armazenamento de sementes de Caesalpinia echinata Lam. (pau-brasil)”.
A banca examinadora foi presidida pelo orientador Prof. Dr. Claudio José Barbedo, da Seção de Sementes e Melhoramento Vegetal
(Instituto de Botânica) e contou com a participação do Prof. Dr. Massanori Takaki (UNESP – Rio Claro) e do
Prof. Dr. Nelson Augusto dos Santos Junior (Instituto de Botânica).
Tolerância ao congelamento e armazenamento de sementes de Caesalpinia echinata Lam. (pau-brasil)
RESUMO
A dissertação assume grande importância no contexto da conservação da biodiversidade uma vez que a crescente exploração dos recursos naturais, sem o devido controle, tem acarretado grande degradação ambiental e aumento do número de espécies ameaçadas de extinção, como a Caesalpinia echinata Lam., pau-brasil. Uma das maneiras de se preservar o genótipo de plantas é por meio do armazenamento de sementes em bancos de germoplasma, mantendo-se a variabilidade genética.
As sementes, de uma forma geral, apresentam comportamentos diferentes em relação ao armazenamento, muitas das quais não podem ser mantidas por períodos prolongados por não suportarem redução do teor de água ou temperaturas baixas. Estas condições, via de regra, diminuem o metabolismo das sementes e reduzem a proliferação de microrganismos prejudiciais à sua conservação. Muitas espécies acumulam compostos como oligossacarídeos e proteínas, dentre outros, que supostamente estão relacionados com a tolerância à dessecação e ao congelamento, porém muitas são desprovidas de tais compostos.
Sementes de pau-brasil suportam secagem a níveis baixos, no entanto não há tecnologia apropriada para manter a viabilidade com elevada qualidade destas sementes. Em vista disto o propósito deste trabalho foi desenvolver mecanismos para armazenamento de sementes de pau-brasil que permitam manter um lote de elevada qualidade por períodos prolongados. A redução do teor de água associada a temperaturas baixas tem sido um procedimento usado por muitos bancos de germoplasma para manter sementes armazenadas por períodos indeterminados.
Em temperaturas positivas (25 ºC e 7 ºC) as sementes de pau-brasil perderam rapidamente a viabilidade durante o armazenamento, independente do teor de água inicial, confirmando trabalhos anteriores. Todavia, apresentaram tolerância ao congelamento, quando armazenadas com 12,7% de água, enquanto com 22,6% de água perderam a capacidade germinativa, possivelmente pela formação de gelo intracelular e conseqüente danificação das células. Quando armazenadas por 12 meses a -5 ºC e -18 ºC, as sementes com 12,7% de água mantiveram a capacidade germinativa, mantendo o elevado vigor inicial. Em sementes de pau-brasil, oligossacarídeos da série da rafinose estão presentes em baixíssimas concentrações, sugerindo que, possivelmente, outros compostos com funções similares estariam envolvidos na tolerância à secagem e ao congelamento de suas sementes. Apesar da presença marcante de hexoses, que têm sido consideradas como um indício do vigor de sementes, algumas destas perderam a capacidade germinativa durante o armazenamento, indicando, portanto, que a presença de tais carboidratos não garante a viabilidade das sementes de pau-brasil. Contudo, os resultados sugerem que o metabolismo de sacarose, independentemente da viabilidade das sementes, é afetado pela temperatura baixa.
Moacir Edson Hellmann
Tolerância ao congelamento e armazenamento de sementes de Caesalpinia echinata Lam. (pau-brasil)
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