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Simone Wengrat


No dia19 de abril de 2011, a aluna da Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt), Simone Wengrat (Bolsista FAPESP), defendeu sua dissertação de mestrado intitulada
“Biodiversidade e distribuição das diatomáceas no Complexo Billings, São Paulo: influência da compartimentalização espacial e do estado trófico”.
A banca examinadora foi composta pela Dr.ª Denise C. Bicudo (orientadora/IBt), Dr.ª Thelma A.V. Ludwig (UFPR) e Dr.ª Fernanda Ferrari (UTFPR).

O trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade ecológica da água em uma represa urbana de usos múltiplos e sob grande interferência antropogênica
(Complexo Billings, Região Metropolitana de São Paulo), mediante análise integrada da água e dos sedimentos de superfície.
O índice de estado trófico variou de mesotrófico a supereutrófico, sendo influenciado principalmente pelo uso e ocupação do solo, uso e manejo do reservatório (principalmente bombeamento do rio Pinheiros e aplicação de algicidas), bem como pelo período climático. Três grupos com associações de espécies de diatomáceas indicadoras da qualidade ecológica da água foram caracterizados: mesotrófico (6 espécies); mesotrófico induzido pela aplicação de algicidas (4 espécies), um grupo supereutrófico/eu-supereutrófico (2/2 espécies). Cinco espécies foram tolerantes a metais (especialmente ao cobre) e não necessariamente indicadoras do estado trófico. Este foi o primeiro trabalho que estudou as diatomáceas no Complexo Billings. Realizou, ainda, a análise integrada da água e dos sedimentos de superfície, considerando tanto a bioindicação quanto análises abióticas. O presente trabalho contribuiu para uma visão atualizada das condições limnológicas do Complexo Billings, visando sua utilização no abastecimento público; permitiu o maior conhecimento da autoecologia das espécies de diatomáceas tropicais e de seu uso na bioindicação. Finalmente, demonstrou a importância dos sedimentos superficiais como ferramenta complementar ao monitoramento da água, uma vez que este compartimento fornece informações ecológicas integradas no tempo e no espaço.

Prof.ª Dr.a Thelma A.V. Ludwig, Prof.ª Dr.a Denise C. Bicudo, MSc. Simone Wengrat, Prof.ª Dr.a Fernanda Ferrari

Prof.ª Dra. Thelma A.V. Ludwig, Prof.ª Dra. Denise C. Bicudo, MSc. Simone Wengrat, Prof.ª Dra. Fernanda Ferrari


Biodiversidade e distribuição das diatomáceas no Complexo Billings, São Paulo:
influência da compartimentalização espacial e do estado trófico


RESUMO

O estudo visou avaliar a biodiversidade e a distribuição das diatomáceas planctônicas e de sedimentos superficiais em represa urbana de usos múltiplos e sob grande interferência antropogênica (Complexo Billings, Região Metropolitana de São Paulo). Foram definidas 12 estações de amostragem distribuídas no Corpo Central (2), no braço Taquacetuba (3), no braço Rio Pequeno (3) e na represa Rio Grande (4). Foram coletadas amostras de água e de fitoplâncton ao longo do perfil vertical nos períodos de inverno e verão; e de sedimentos superficiais no período de inverno. As análises incluíram variáveis físicas e químicas da água e dos sedimentos e análises qualitativa e quantitativa das diatomáceas. Para análise dos dados foram aplicados índices de qualidade da água e de estrutura da comunidade, bem como análises multivariadas e de espécies indicadoras. O índice de estado trófico variou de mesotrófico a supereutrófico, sendo influenciado pela compartimentalização espacial do complexo associada ao uso e à ocupação do solo, ao uso e manejo do reservatório (principalmente o bombeamento do rio Pinheiros e a aplicação de algicidas) e ao período climático. O Corpo Central foi o mais degradado, seguido pelo braço Taquacetuba, braço Rio Grande e, por último, pelo braço Rio Pequeno, particularmente, pela sua região à montante. No verão acentuou-se a perda da qualidade da água do braço Taquacetuba associada à maior disponibilidade de fósforo. Foram identificados 124 táxons específicos e infraespecíficos no plâncton e 94 nos sedimentos. As maiores riquezas e diversidade foram medidas à montante do braço mais protegido para ambas as comunidades, enquanto que as menores o foram na região mais degradada (Corpo Central) e com aplicação de algicidas (Represa Rio Grande). Espécies de Aulacoseira estiveram bem representadas no plâncton durante o inverno, e Achnanthidium catenatum e espécies de Fragilaria no verão. Nos sedimentos, destacaram-se espécies de Aulacoseira e Achnanthidium catenatum, porém, com uma melhor repartição de espécies. Nem todos os táxons dominantes (3) ou abundantes (27) do plâncton e dos sedimentos (19) foram considerados bioindicadores. À mesotrofia (montante do braço Rio Pequeno) associaram-se (pela CCA e IndVal) três espécies planctônicas (Encyonopsis subcapitata, Eunotia naegelii e Brachysira brebissonii) e cinco dos sedimentos (Encyonopsis subcapitata, Brachysira brebissonii, Eunotia veneris, Frustulia crassinervia e Aulacoseira cf. tenella), duas das quais foram comuns aos dois compartimentos. Aos ambientes supereutróficos associaram-se duas espécies planctônicas no verão (Fragilaria sp.1: complexo F. rumpens e F. cf. crotonensis var. oregona) e aos eutróficos/supereutróficos, dois táxons dos sedimentos (Cyclotella meneghiniana e Aulacoseira granulata var. granulata). Ao ambiente mesotrófico com aplicação de algicida (braço Rio Grande, exceto a montante) associaram-se dois táxons planctônicos no verão (Fragilaria rumpens var.1 e Achnanthidium catenatum) e três dos sedimentos (A. catenatum, A. cf. saprophilum e Fragilaria gracilis), sendo uma delas comum aos dois compartimentos. No plâncton, Aulacoseira granulata var. granulata associou-se mais ao período de inverno do que à trofia do sistema. A estrutura em espécies das diatomáceas planctônicas foi sensível ao estado trófico apenas no verão, sendo também influenciada pelo manejo (aplicação de algicidas), enquanto que as associadas aos sedimentos foram particularmente sensíveis ao estado trófico e ao manejo (algicida). Ainda, as características abióticas dos sedimentos superficiais caracterizaram melhor as diferenças espaciais do Complexo, além de indicarem outros impactos antropogênicos não observados pelas características da água. Desta forma, as diatomáceas foram boas indicadoras da qualidade da água, com destaque para o compartimento dos sedimentos, reforçando a necessidade de se avançar nos estudos autoecológicos em ambientes tropicais.

Palavras-chave: diatomáceas, eutrofização, fitoplâncton, sedimentos de superfície, represa urbana.


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“Biodiversidade e distribuição das diatomáceas no Complexo Billings, São Paulo: influência da compartimentalização espacial e do estado trófico”


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