Carolina Brandão Coelho
Carolina Brandão Coelho, aluna do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo,
defendeu, no dia 18 de fevereiro de 2011, sua dissertação de Mestrado intitulada:
“Análise palinológica dos esporos de Serpocaulon A.R. Sm. (Polypodiaceae J. Presl) ocorrentes no Brasil”.
A banca examinadora foi composta pelo seu orientador Dr. Luciano Mauricio Esteves (Instituto de Botânica, Núcleo de Pesquisa em Palinologia),
Dra. Cynthia Fernandes P. da Luz (Instituto de Botânica, Núcleo de Pesquisa em Palinologia) e
Dra. Claudine Massi Mynssen (Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Herbário).
O trabalho teve como objetivo contribuir para uma melhor delimitação morfológica do gênero Serpocaulon aprimorando a sistemática e a compreensão das complexas relações filogenéticas da família Polypodiaceae. Foram analisadas as 16 espécies de Serpocaulonocorrentes no Brasil: Serpocaulon adnatum (Kunze ex Klotzsch) A R. Sm., S. attenuatum (Humb. & Bonpl. ex Willd.) A.R. Sm., S. caceresii (Sodiro) A.R. Sm., S. catharinae (Langsd. & Fisch.) A.R. Sm., S. fraxinifolium (Jacq.) A.R. Sm., S. giganteum (Desv.) A.R. Sm.,S. glandulosissimum (Brade) Labiak & J. Prado, S. latipes (Langsd. & Fisch.) A.R. Sm., S. levigatum (Cav.) A.R. Sm., S. meniscifolium(Langsd. & Fisch.) A.R. Sm., S. mexiae (Copel.) A.R. Sm., S. panorense (C. Chr.) A.R. Sm., S. richardii (Klotzsch) A.R. Sm., S. sehnemii (Pic. Serm.) Labiak & J. Prado. S. triseriale (Sw.) A.R. Sm., S. vacillans (Link)A.R. Sm.; e mais nove espécies de cinco gêneros proximamente relacionadas a Serpocaulon: Campyloneurum angustifolium Fée, Grammitis fluminensis Fée, G. leptopoda (C.H. Wright) Copel., Microgramma percussa (Cav.) de la Sota, Pleopeltis macrocarpa (Bory ex. Willd.) Kaulf., P. polypodioides (L.) E.G. Andrews & Windham, Polypodium dulce L., Terpsichore cultrata (Willd.) A.R. Sm. e T. reclinata (Brack.) Labiak.
Os esporos foram acetolisados, medidos, descritos e fotografados sob microscopia óptica e eletrônica de varredura.
Os dados obtidos demonstraram que o gênero é bastante homogêneo morfologicamente, com esporos sempre monoletes ornamentados por verrugas, porém com grande variabilidade de tamanho, o que indica a heterogeneidade e a plasticidade das espécies. A morfologia dos esporos não separa Serpocaulon A.R. Sm. de Polypodium L., já que em ambos os esporos são monoletes e ornamentados por verrugas. Além disso, análise palinológica dos esporos de Serpocaulon demonstrou ainda que existem relações próximas entre estes e os das espécies C. angustifolium, P. macrocarpa e P. polypodioides. As espécies de Grammitis e Terpsichore, embora inclusas em Polypodiaceae e com grandes afinidades com Serpocaulon como demonstrado nas filogenias mais recentes, apresentaram esporos totalmente diferentes de Serpocaulon, permitindo separar os três gêneros a partir da morfologia dos esporos.
Análise palinológica do gênero Serpocaulon A.R. Sm. (Polypodiaceae J. Presl) ocorrentes no Brasil.
RESUMO
A família Polypodiaceae (J. Presl) agrupa 56 gêneros e cerca de 1200 espécies, e é bastante diversificada morfologicamente, não podendo ser definida apenas por uma única característica. Estudos filogenéticos a partir de dados morfológicos e moleculares propuseram uma reorganização do grupo e resultaram em um novo sistema de classificação na família. O gênero Serpocaulon A.R. Sm. foi segregado de Polypodium L., com cerca de 42 espécies, como uma linhagem monofilética de espécies exclusivamente neotropical. Foi estudada a morfologia dos esporos das 16 espécies que ocorrem no Brasil, aprimorando a sistemática e a compreensão das complexas relações filogenéticas da família Polypodiaceae: Serpocaulon adnatum (Kunze ex Klotzsch) A.R. Sm., S. attenuatum (Humb. & Bonpl. ex Willd.) A.R. Sm., S. caceresii (Sodiro) A.R. Sm., S. catharinae (Langsd. & Fisch.) A.R. Sm., S. fraxinifolium (Jacq.) A.R. Sm., S. giganteum (Desv.) A.R. Sm., S. glandulosissimum (Brade) Labiak & J. Prado, S. latipes (Langsd. & Fisch.) A.R. Sm., S. levigatum (Cav.) A.R. Sm., S. meniscifolium (Langsd. & Fisch.) A.R. Sm., S. mexiae (Copel.) A.R. Sm., S. panorense (C. Chr.) A.R. Sm., S. richardii(Klotzsch) A.R. Sm., S. sehnemii (Pic. Serm.) Labiak & J. Prado, S. triseriale (Sw.) A.R. Sm.e S. vacillans (Link) A.R. Sm. Os materiais foram obtidos de plantas herborizadas procedentes de exsicatas dos herbários ESA, HRCB, INPA, MBM, RB, RBR, SP, UEC, UPCB. Os esporos foram acetolisados, medidos e fotografados sob microscopia óptica e eletrônica de varredura. Não foram considerados materiais padrão e comparação no presente estudo, já que se pretendia analisar a variação morfológica entre os espécimes a partir de dados morfológicos e estatísticos. As medidas receberam tratamentos estatísticos descritivos e através da ordenação dos componentes principais (PCA), em que foram tratadas as variáveis métricas dos diâmetros, fitofisionomias e ornamentação visando avaliar se estes permitiam a delimitação de táxons. Os esporos de Serpocaulon são monoletes, grandes, com lesão medindo aproximadamente ½ do diâmetro equatorial maior. A superfície é recoberta por verrugas que variam em altura, largura e adensamento sobre o exosporo, permitindo a distinção de nove grupos de espécies e auxiliando nas delimitações intraespecíficas. A morfologia dos esporos não separa Serpocaulon A.R. Sm. de Polypodium L., já que em ambos os esporos são monoletes e ornamentados por verrugas. Ainda, este trabalho também não indica o monofiletismo de Serpocaulon, mas em contrapartida, corrobora a monofilia do clado neotropical de Schneider et al. (2004).
Palavras-chave: Serpocaulon, esporos, morfologia, palinologia, Samambaias.
Carolina Brandão Coelho
Análise palinológica do gênero Serpocaulon A.R. Sm. (Polypodiaceae J. Presl) ocorrentes no Brasil.
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