Beatriz Brunelli de Souza
Em 28 de fevereiro de 2024, Beatriz Brunelli de Souza, aluna de doutorado do programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Pesquisas Ambientais IPA– SP., bolsista CAPES, defendeu sua tese de Doutorado intitulada, “Filogenia, aspectos evolutivos e distribuição geográfica do complexo Laurencia (Ceramiales, Rhodophyta)”, no modo virtual.
A banca examinadora foi presidida pela sua orientadora, Dra. Mutue Toyota Fujii (Instituto de Pesquisas Ambientais – IPA) e composta pela Dra. Daniela Milstein (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP), Dr. José Marcos de Castro Nunes (Universidade Federal da Bahia – UFBA), Dra. Lígia Collado-Vides (Florida Internacional University – FIU) e pela Dra. Mariana Cabral de Oliveria (Universidade de São Paulo – USP).
Filogenia, aspectos evolutivos e distribuição geográfica do complexo Laurencia (Ceramiales, Rhodophyta)
RESUMO
O gênero Micrasterias foi descrito por Carl Agardh em 1827 e validado por John Ralfs em 1848. A taxonomia deste gênero está baseada apenas nas características morfológicas de suas células, tais como: forma, incisões celulares, dimensões, planos de simetria, ornamentação da parede celular e configuração dos cloroplastídios. O número de lobos separa os representantes do gênero em trilobados (três lobos e duas incisões) e pentalobados (cinco lobos e quatro incisões). Muitas espécies classificadas no gênero apresentam ampla variação morfológica em nível populacional, provocando confusão na descrição de inúmeras variedades e formas taxonômicas. Duas espécies de Micrasterias são facilmente distinguiveis, M. denticulata e M. thomaprimeira foi proposta em 1835 por A. Brébisson e caracteriza-se pelas projeções arredondadas na base dos segmentos e sem proeminências superficiais na parede celular. Micrasterias thomasiana foi descrita em 1862 por W. Archer e apresenta semelhança morfológica com M. denticulata, porém, exibe diferença no tamanho celular e em características da margem terminal dos lóbulos de última ordem e projeções proeminências superficiais na parede celular. As cepas estudadas dessas espécies exibiram ampla variação quanto às medidas lineares e à forma celular. As medidas lineares ora obtidas revelaram diferenças significativas entre cepas e entre indivíduos de uma mesma cepa, ressaltando a necessidade de medidas padronizadas e inclusão de novos atributos morfológicos para a caracterização morfológica de espécies semelhantes. Como os representantes de ambas as espécies possuem morfologia bastante semelhante, a inclusão de seis novos atributos aliados aos três já utilizados na literatura complementou sua caracterização auxiliando significativamente na identificação das diferenças entre as cepas e, ainda melhor, entre os espécimes de cada espécie analisada. A análise das cepas usando duas abordagens morfométricas distintas (morfometrias linear e geométrica) concluiu que a adoção de novos atributos morfológicos (obtenção de medidas lineares) e a análise da forma celular constituíram ferramentas essenciais para separar espécies morfologicamente próximas, problema taxonômico e nomenclatural crucial. As oito cepas estudadas foram originalmente identificadas em suas respectivas coleções de cultivo como representantes de M. denticulata e M. thomasiana. Embora os indivíduos de algumas dessas cepas apresentem características morfológicas diagnósticas de ambas as espécies em pauta, os dados moleculares e filogenéticos obtidos permitiram reconhecer que as oito cepas analisadas constituem entidades taxonômicas distintas dos pontos de vista filogenético e molecular. Novas proposições e emendas taxonômicas deverão ser providenciadas em futuro breve para designar e classificar estas novas espécies dentro da linhagem Micrasterias.
Palavras-chave: Desmídias, Zygnematophyceae, Micrasterias, Taxonomia, Biologia Molecular
ABSTRACT
Micrasterias was described by Carl Agardh in 1827 and validated by John Ralfs in 1848. The taxonomy of this genus is based solely on the morphological characteristics of its cells, such as shape, cell incisions, dimensions, planes of symmetry, cell wall ornamentation, and chloroplast configuration. The number of lobes separates the representatives of the genus into trilobed (three lobes and two incisions) and pentalobed (five lobes and four incisions). Many species classified within the genus exhibit wide morphological variation at the population level, causing confusion in the description of numerous varieties and taxonomic forms. Two species of Micrasterias are easily distinguishable, M. denticulata and M. thomasiana. The first was proposed in 1835 by A. Brébisson and is characterized by rounded projections at the base of the segments and the absence of prominent surface features on the cell wall. Micrasterias thomasiana was described in 1862 by W. Archer and shows morphological similarity to M. denticulata, but differs in cell size and in the characteristics of the terminal margin of the lobes of the last order and prominent surface projections on the cell wall. The strains studied of these species showed wide variation in terms of linear measurements and cell shape. The linear measurements obtained revealed significant differences between strains and between individuals of the same strain, highlighting the need for standardized measurements and the inclusion of new morphological attributes for the characterization of similar species. As the representatives of both species have quite similar morphology, the inclusion of six new attributes, along with the three already used in the literature, complemented their characterization, significantly aiding in identifying the differences between the strains and, even better, between the specimens of each species analyzed. The analysis of the strains using two distinct morphometric approaches (linear and geometric morphometries) concluded that the adoption of new morphological attributes (obtaining linear measurements) and cell shape analysis were essential tools to separate morphologically similar species, a crucial taxonomic and nomenclatural issue. The eight strains studied were originally identified in their respective culture collections as representatives of M. denticulata and M. thomasiana. Although individuals of some of these strains display diagnostic morphological characteristics of both species, the molecular and phylogenetic data obtained allowed recognition that the eight analyzed strains constitute distinct taxonomic entities from phylogenetic and molecular points of view. New taxonomic propositions and amendments should be provided in the near future to designate and classify these new species within the Micrasterias lineage.
Keywords: Desmids, Zygnematophyceae, Micrasterias, Taxonomy, Molecular Biology.
(indisponível para consulta)
Beatriz Brunelli de Souza
Filogenia, aspectos evolutivos e distribuição geográfica do complexo Laurencia (Ceramiales, Rhodophyta)
VOLTAR AS DISSERTAÇÕES E TESES