Isabela Aparecida Fonseca Bertoleti
Em 21 de setembro de 2023, Isabella Aparecida Fonseca Bertoleti defendeu sua dissertação de mestrado, “Restauração ecológica em áreas naturais e urbanas no bioma da Mata Atlântica: uma revisão sistemática PRISMA visando reflexão sobre a aplicabilidade no cenário de mudanças climáticas”, no Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Pesquisas Ambientais. A apresentação ocorreu pelo Google Meets, com a presença da banca formada por Dra. Marisa Domingos, Dr. Gilberto Fisch e Dra. Catarina Carvalho Nievola.
O estudo realizou um levantamento bibliográfico sobre restaurações ecológicas em ambientes naturais, com foco no bioma da Mata Atlântica, e restaurações ecológicas em áreas urbanas com uma visão mundial, gerando perspectivas sobre as futuras restaurações. Os resultados revelaram um panorama sobre a necessidade de estabelecimento de modelos de restauração urbana para ambientes tropicais e de se observar as características fisiológicas das espécies utilizadas em restauração natural como sendo indicadores de resiliência às mudanças do clima.
Todo agradecimento ao Instituto de Pesquisas Ambientais de São Paulo (IPA) por toda infraestrutura prestada para a realização deste trabalho e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq 130184/2020-9) pela bolsa concedida durante o período do Mestrado.
Restauração ecológica em áreas naturais e urbanas no bioma da Mata Atlântica: uma revisão sistemática PRISMA visando reflexão sobre a aplicabilidade no cenário de mudanças climáticas
ABSTRACT
Between the 18th and 19th centuries, a process was underway in England that would permanently impact the Earth – the Industrial Revolution. Marked by a period of intense economic growth, technological advances, and urbanization, the Industrial Revolution brought with it environmental impacts that continue to persist to this day. Urbanization destroys forest ecosystems, not only directly by transforming natural areas into urban ones but also indirectly by increasing the demand for natural resources and emitting numerous gases and pollutants. These pollutant gases are reported as the primary contributors to the Greenhouse Effect, promoting Global Warming – one of the most concerning variables when it comes to climate change. Optimistic predictions estimate a temperature increase of between 1.5°C and 1.9°C by the end of the century. Considering the biological potential of forests to mitigate the effects of climate change through carbon sequestration by plant species, restoring forest and urban fragments becomes a necessity. Turning our attention to Brazil, the biome most affected by the degrading effects of urbanization has been the Atlantic Forest, considered one of the 25 global biodiversity hotspots and, currently, having already lost over 93% of its original area in Brazilian territory. Owing to, ecological restoration in the Atlantic Forest is essential to promote climatic, ecological, and social balance – but furthermore, it is necessary to promote restorations that are resilient to climate change predictions. Therefore, seeking to understand the physiological responses of plants used for ecological restoration and, moreover, organizing data on what has been done in other biomes in terms of restoration in urban fragments can reveal trends for adapting ecological restoration models in the Atlantic Forest biome in the face of predicted climate changes – an objective achieved in this study through a systematic review that gathered data according to the PRISMA methodology. Our results demonstrate a research gap in this area, especially regarding understanding the physiological response of native species in the Atlantic Forest to climate change. However, it was possible to identify species tolerant to predicted changes and the possibility of using such species to mitigate the effects on sensitive species. Furthermore, a trend was identified in urban ecological restoration projects to diagnose and monitor the restored area, a fact already addressed by the current resolution in the State of São Paulo for the Atlantic Forest biome. It is necessary to promote ecological restoration that is resilient to climate change in forest and urban areas to create connectivity between these environments and thus provide tolerant ecosystems for the future – a possible solution for conservation, one of the greatest challenges of the century.
Keywords: Atlantic Forest; Climate change; Ecological restoration; Sustainable development; Tolerant species; Urbanization
RESUMO
Entre os séculos XVIII e XIX ocorreu na Inglaterra um processo que impactaria o globo terrestre permanentemente – a Revolução Industrial. Marcada por um período de intenso crescimento econômico, avanços tecnológicos e urbanização, a Revolução Industrial trouxe consigo impactos ambientais que perduram até os dias atuais. A urbanização destrói ecossistemas florestais, não somente, de maneira direta, com transformação em áreas naturais em áreas urbanas, mas também de maneira indireta, aumentando a demanda por recursos naturais e emitindo inúmeros gases e compostos poluentes. Tais gases poluentes são relatados como os principais agravantes do Efeito Estufa, promovendo o Aquecimento Global – uma das variáveis mais preocupantes quando o assunto é mudanças climáticas. Previsões otimistas estimam um aumento entre 1,5ºC e 1,9ºC na temperatura até o final do século. Considerando o potencial biológico das florestas em mitigar os efeitos das mudanças climáticas graças ao sequestro de carbono realizado pelas espécies vegetais, restaurar fragmentos florestais e urbanos se mostra como necessidade. Voltando os olhos para o Brasil, o bioma que mais sofreu os efeitos degradantes da urbanização foi a Mata Atlântica, considerado um dos 25 hotspots mundiais de biodiversidade e, atualmente, já tendo perdido mais de 93% da sua área original em território brasileiro. Tendo esse cenário em vista, a restauração ecológica na Mata Atlântica é essencial para promover equilíbrio climático, ecológico e social – mas além disso, é necessário para promover restaurações tolerantes às previsões das mudanças climáticas. Portanto, buscar compreender as respostas fisiológicas das plantas utilizadas para restauração ecológica e, ademais, organizar dados sobre o que vem sendo feito em outros biomas em termos de restauração pode revelar tendências para adaptar modelos de restauração ecológica no bioma da Mata Atlântica frente às mudanças climáticas previstas – objetivo alcançado neste trabalho através de uma revisão sistemática que reuniu dados, segundo a metodologia PRISMA. Nossos resultados demonstram uma lacuna de estudos na área, principalmente visando compreender a resposta fisiológica de espécies nativas da Mata Atlântica frente às mudanças climáticas. Porém, foi possível identificar espécies tolerantes às alterações previstas e, ainda, a possibilidade de utilizar tais espécies a fim de mitigar os efeitos para espécies sensíveis. Outrossim, foi identificada uma tendência em projetos de restauração ecológica urbana em realizar o diagnóstico e monitoramento da área restaurada, fato já contemplado pela resolução vigente no Estado de São Paulo para o bioma da Mata Atlântica. É necessário promover uma restauração ecológica tolerante às mudanças climáticas em áreas florestais e urbanas para gerar conectividade entre tais ambientes e, dessa forma, proporcionar ecossistemas tolerantes para o futuro – uma possível saída para conservação: um dos maiores desafios do século.
Palavras-chave: Restauração ecológica; Mata Atlântica; Mudanças climáticas; Urbanização; Espécies tolerantes; Desenvolvimento Sustentável.
Isabela Aparecida Fonseca Bertoleti
Restauração ecológica em áreas naturais e urbanas no bioma da Mata Atlântica: uma revisão sistemática PRISMA visando reflexão sobre a aplicabilidade no cenário de mudanças climáticas
VOLTAR AS DISSERTAÇÕES E TESES