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Rafaela Dias Valeck da Silva


O trabalho consiste no estudo comparativo do estágio sucessional de três trechos de floresta do Parque Estadual da Cantareira, mediante a análise de sua estrutura e espécies características de seus estratos, como contribuição para o conhecimento, conservação e proteção das florestas secundárias urbanas.

Foram amostrados um total de 1.020 indivíduos, entre os quais encontraram-se 115 espécies de 45 famílias. Área A com 321 indivíduos, 54 espécies e 26 famílias; Área B, 399 indivíduos, 68 espécies e 32 famílias e Área C, 300 indivíduos, 56 espécies e 30 famílias. Destacam-se na área A, espécies secundárias tardias em todos os estratos da floresta; em B, secundárias iniciais no dossel, e em C, pioneiras no dossel. Pelas características observadas em cada uma delas, concluímos que a Área A encontra-se em estágio sucessional mais avançado que as demais, a Área C em estágio mais inicial e a B intermediária entre elas.


Florestas secundárias do Parque Estadual da Cantareira: Variações florísticas e estruturais


ABSTRACT

The Cantareira State Park was founded after the expropriation of coffee farms, with the purpose of protecting springs to guarantee water supply to the city of São Paulo. The natural regenaration of vegetation in these abandoned coffee crops areas produced a mosaic of secondary forest patches in different successional phases. The main objective of this study was to compare the successional stage of forest fragments by the analysis of its structure and characteristic species. In order to do so, three areas of 0,2 ha were selected, named as A, B and C. The distance between C and A areas is around 250 m and between A and B is 400 m. Each one of them were divided in 10 plots of 10×20 m. All the trees with a DBH (Diameter at Breast Height) ≥ 15 cm were included in the study. A total of 1020 specimens were sampled, belonging to 115 species, 80 genera and 45 families. The richest families were Myrtaceae (17 spp), Lauraceae (12 spp), Fabaceae (8 spp), Rubiaceae and Meliaceae (5 spp each). In area A, 321 specimens were sampled, belonging to 54 species and 26 families. The richest families were Myrtaceae (10 spp), Lauraceae (6 spp), Rubiaceae (4 spp) and Monimiaceae (3 spp). In area B, 399 specimens were sampled, belonging to 68 species and 32 families. The richest families were Myrtaceae (10 spp), Lauraceae (7 spp), Meliaceae (5 spp), Sapindaceae and Monimiaceae (4 spp each). In area C, 300 specimens were sampled, belonging to 56 species and 30 families. The richest families were Fabaceae (7 spp), Lauraceae, Euphorbiaceae and Myrtaceae (4 spp each) and Meliaceae (2). Density and absolute dominance values for each area were: A (1605 specimens/ha and 45,39 m²/ha); B (1995 specimens/ha and 43,38 m²/ha); and C (1500 specimens/ha and 30,62 m²/ha). Species with the highest value of coverage were: Area A – Heisteria silvianii, Aspidosperma olivaceum, Psychotria suterella and Euplassa cantareirae; Area B – Alchornea triplinervia, Heisteria silvianii, Cupania oblongifolia and Cabralea canjerana and Area C – Croton floribundus, Piptadenia gonoacantha, Alchornea triplinervia and Heisteria silvianii. In area A, late secondary species were dominant making 48,15% of total species, followed by early secondary species with 25,93%; understory, 22,22%, and pioneers, 3,70%. In area B, early and late secondary species were 35,29% and 35,29% respectively, followed by understory species 22,07% and pioneers 7,35%. In area C, early and late secondary species were 32,14%, pioneers with 28,57%, late secondary species with 21,43% and understory with 17,86%. In area A, the late secondary ones stand out for their dominance, density and richness, represented in all strata, mostly in the canopy. In area B, initial ones stand out only for their dominance, present in the canopy, with density and richness equal to the late ones. In area C, the pioneers stand out for their dominance, present mainly in the canopy. The characteristics of the canopy, understory and the proportion of early and late secondary, pioneer and understory species, in each of the strata areas, point out to area A as the most advanced of the three, C as the most initial and B as intermediate. The classification and ordering analyzes recognized three groups of individuals that correspond to the three study areas, with greater proximity between A and B due to the predominance of late species in these two areas. As for dispersion syndromes, zoochoric species are the majority in the three areas studied, while anemochoric species grow from A to C, with an intermediate value in B, while autochoric species appear a little less in B, compared to the others. Seven threatened species were found in the studied areas: vulnerable category (VU) – Ocotea catharinensis in the three lists (São Paulo, Brazil and IUCN), Cedrela fissilis, Trichilia silvatica and Eugenia prasina (IUCN); Endangered category (PT) – Virola bicuhyba and Pouteria bullata (São Paulo and Brazil) and Euplassa canteirae in danger (Brazilian list) and extinct (São Paulo).

Keywords: Succession, Phytosociology and Serra da Cantareira.

RESUMO

O Parque Estadual da Cantareira foi criado a partir da desapropriação de antigas fazendas de café, com intuito de proteger os mananciais de água para abastecimento da cidade de São Paulo. A recuperação natural das áreas de cultivo abandonadas produziu um mosaico de fragmentos de floresta secundária em diferentes fases sucessionais. O principal objetivo deste estudo foi comparar o estágio sucessional de trechos da floresta através da análise de sua estrutura e espécies características. Para isso foram selecionadas três áreas de 0,2 ha, denominados A, B e C. A distância aproximada da área C para A é de 250 m e da área A para a B 400 m. Cada um delas foi subdividida em 10 parcelas de 10×20 m. O critério de inclusão dos indivíduos foi o PAP (Perímetro a Altura do Peito) ≥ 15 cm. No total foram amostrados 1.020 indivíduos, pertencentes a 115 espécies, 80 gêneros e 45 famílias. As famílias mais ricas foram Myrtaceae (17 spp), Lauraceae (12 spp), Fabaceae (8 spp), Rubiaceae e Meliaceae (5 spp). Na área A foram amostrados 321 indivíduos, 54 espécies e 26 famílias. As famílias mais ricas foram Myrtaceae (10 spp), Lauraceae (6 spp), Rubiaceae (4 spp) e Monimiaceae (3 spp). Em B foram amostrados 399 indivíduos, 68 espécies e 32 famílias. As famílias mais ricas foram Myrtaceae (10 spp), Lauraceae (7 spp), Meliaceae (5 spp) e Sapindaceae e Monimiaceae (4 spp cada). Na área C foram amostrados 300 indivíduos, 56 espécies e 30 famílias, sendo as mais ricas Fabaceae (7 spp), Lauraceae, Euphorbiaceae e Myrtaceae (4 spp cada) e Meliaceae (2 spp). Os valores de densidade e dominância absolutas para cada área foram: área A (1605 indivíduos/ha e 45,39 m²/ha); área B (1995 ind./ha e 43,38 m²/ha); e a área C (1500 ind./ha e 30,62 m²/ha). As espécies que mais se destacaram pelos seus valores de cobertura foram: Área A – Heisteria silvianii, Aspidosperma olivaceum, Psychotria suterella e Euplassa cantareirae; Área B – Alchornea triplinervia, Heisteria silvianii, Cupania oblongifolia e Cabralea canjerana e na área C – Croton floribundus, Piptadenia gonoacantha, Alchornea triplinervia e Heisteria silvianii. Na área A, 48,15% das espécies são secundárias tardias, 25,93% secundárias iniciais, 22,22% ombrófilas e 3,70% pioneiras. Na área B, 35,29% das espécie são secundárias iniciais, 35,29% tardias, 22,07% umbrófilas e 7,35% pioneiras. Na área C, 32,14% das espécie são secundárias iniciais, 28,57% pioneiras, 21,43% tardias e 17,86 umbrófilas. Na área A as secundárias tardias destacam-se pela dominância, densidade e riqueza, estando representadas em todos os estratos, majoritariamente no dossel. Na área B as iniciais destacam-se somente pela dominância, estando presentes no dossel, com densidade e riqueza igual às tardias. Na área C as pioneiras destacam-se pela dominância, estando presentes principalmente no dossel. As características do dossel, sub-bosque e da proporção de secundárias iniciais e tardias, pioneiras e umbrófilas, em cada um dos estratos dessas áreas, permitiu reconhece a área A como a mais avançada das três, C como a mais inicial e B como intermediária. As análises de classificação e ordenação reconheceram três grupos de indivíduos que correspondem às três áreas de estudo, com maior proximidade entre A e B devido à predominância de espécies tardias nessas duas áreas. Quanto às síndromes de dispersão, as espécies zoocóricas são maioria nas três áreas estudadas, enquanto as anemocóricas crescem de A para C, com valor intermediário em B, enquanto as autocóricas apresentaram-se em número um pouco menor em B, em relação às demais. Foram encontradas sete espécies ameaçadas nas áreas estudadas: categoria vulnerável (VU) – Ocotea catharinensis nas três listas (São Paulo, Brasil e IUCN), Cedrela fissilis, Trichilia silvatica e Eugenia prasina (IUCN); Categoria em perigo (EN) – Virola bicuhyba e Pouteria bullata (São Paulo e Brasil) e Euplassa cantareirae em perigo (lista brasileira) e extinta (São Paulo).

Palavras-chave: Sucessão, Fitossociologia e Serra da Cantareira.


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Florestas secundárias do Parque Estadual da Cantareira: Variações florísticas e estruturais


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