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Renata A. D’Agostino Tavares
Poluição atmosférica da cidade de São Paulo e a periderme caulinar em plantas jovens de pau-brasil
(Caesalpinia echinata Lam. Leguminosae/Caesalpinioideae)
RESUMO
Poluição atmosférica da cidade de São Paulo e a periderme caulinar em plantas jovens de pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam. Leguminosae/Caesalpinioideae)
Foi seguida a metodologia usual em Liquenologia, contando com coleta, análise macro e microscópica dos espécimes e identificação dos compostos químicos principais dos táxons encontrados. Dois ambientes foram pesquisados, os barrancos, que englobam as margens das estradas, tanto de roça quanto rodovias, e as margens de rios e arroios, e os peraus, lugares íngremes também conhecidos como precipícios, despenhadeiros ou encostas, que são locais com declividade bastante acentuada, muitas vezes terminando nos cursos de água.
O pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam.), espécie nativa da Mata Atlântica, ainda sofre as conseqüências da exploração desordenada iniciada pelos portugueses desde a época da colonização do Brasil, colocando-a entre as espécies em perigo de extinção. Atualmente, visando sua preservação e utilização como ornamental em projetos de arborização urbana, estudos têm sido realizados quanto à resistência da espécie a condições ambientais de grandes centros como a cidade de São Paulo. Além disso, as modificações que a poluição exerce nas plantas, visíveis ou não, fornecem subsídios importantes para os programas de controle de qualidade do ar.
Os objetivos do trabalho consistiram em analisar a estrutura da periderme, tecido que substitui a epiderme em caules e raízes em crescimento secundário, e diagnosticar se suas características podem ou não conferir algum grau de adaptação a condições atmosféricas específicas.
Amostras de periderme caulinar, oriundas de espécimes jovens expostos por períodos de 12 e 24 meses às condições atmosféricas de quatro áreas com níveis e tipos de poluentes distintos da cidade, foram analisadas macro e microscopicamente. Esses aspectos incluíram espessura, organização, tipos de células que compõem a periderme e, especialmente, distribuição e quantificação de lenticelas e acúleos. Dentre os dados obtidos, pode-se constatar que os valores médios do número de lenticelas.cm-2 na superfície caulinar se apresentaram mais elevados em espécimes submetidos à grande concentração de poluição, refletindo o maior número de áreas do felogênio com atividade de felogênio da lenticela, provavelmente devido ao etileno e sugerindo mudança no mecanismo de troca gasosa desse tecido com o meio. O mesmo não foi observado com o número de acúleos.cm-2, cujo desenvolvimento não foi alterado nessas condições.
As relações entre lenho, casca e periderme mostram uma tendência à diminuição da produção da periderme em espécimes expostos a altas concentrações de poluentes, refletindo uma diminuição na atividade do felogênio quando as plantas se encontram sob estresse. Lesões superficiais, alta incidência de doenças e invasão de patógenos, perda excessiva de água e da capacidade de reter umidade modificando, assim, os tipos de associações com a espécie e, portanto, provocando alterações da estrutura florística no ecossistema. Além disso, alterações qualitativas, como a facilidade ao descamamento da periderme dos espécimes expostos à poluição, também foram observadas no estudo.
Conforme os dados obtidos no presente trabalho, as altas concentrações de poluentes sugerem que as áreas de Congonhas, Ibirapuera e Pomar podem ser as causadoras desse aumento de lenticelas e do desequilíbrio na produção do lenho e da periderme, refletindo diferença nas atividades do câmbio vascular e do felogênio, respectivamente. Já que os dados referentes às condições climáticas dessas áreas, como dito anteriormente, foram muito semelhantes entre si.
Como a área do Ibirapuera mostrou os maiores valores totais e médios de lenticelas, bem como os menores valores de espessura de periderme, além de ser a área que apresenta as maiores médias de concentração de ozônio, pode ser que seja esse poluente gasoso que esteja interferindo do desenvolvimento da periderme do pau-brasil sob condições estressantes.
Portanto, cultivar a espécie em ambiente urbano, cujas taxas de ozônio são muito elevadas, poderia comprometer seu desenvolvimento e não colaborar com a preservação da espécie nessas condições.
Renata A. D’Agostino Tavares
Poluição atmosférica da cidade de São Paulo e a periderme caulinar em plantas jovens de pau-brasil
(Caesalpinia echinata Lam. Leguminosae/Caesalpinioideae)
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