Camila Moura Santos
Em 14 de agosto de 2015, Camila Moura Santos, aluna de mestrado do programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica, bolsista FAPESP, defendeu sua Dissertação de Mestrado intitulada, “Alometria de árvores de Schizolobium parahyba (Vell.) Blake ocorrentes no Parque Estadual Alberto Löfgren, São Paulo-SP”.
A banca examinadora foi presidida pela sua orientadora, Profa. Dra. Edenise Segala Alves (Núcleo de Anatomia – IBt/SP) e composta pelo Prof. Dr. Eduardo Luiz Longui (Instituto Florestal) e pelo Prof. Dr. Mário Tomazello Filho (ESALQ-USP).
O projeto desenvolvido buscou avaliar a influência climática na alometria e nas características anatômicas da madeira de árvores de S. parahyba. Dessa forma, o estudo da interferência do clima na anatomia da madeira auxiliou na melhor compreensão das respostas da espécie frente aos fatores ambientais, contribuindo para o entendimento da influência abiótica no declínio de populações de S. parahyba.
Alometria de árvores de Schizolobium parahyba (Vell.) Blake ocorrentes no Parque Estadual Alberto Löfgren, São Paulo-SP
ABSTRACT
The growth rate and the anatomical characteristics of wood directly influence the allometric pattern of trees. Plants modulate their growth according to changes in the environment, so the study of tree rings, as well as the variations occurring in wood anatomy bring important information about the plasticity of the xylem and the survival of the species in their environment. The aim of this study was to answer the following questions: 1.) Which abiotic factors influence anatomical features and wood density of Schizolobium parahyba throughout tree rings? 2.) How changes in trees rings influence allometric pattern in S. parahyba trees? 3.) Changes on anatomical characteristics of wood, arising from abiotic factors, may explain the mortality of those trees of S. parahyba studied? Dead or senescent individuals of S. parahyba from the State Park Alberto Löfgren was collected and prepared for the proposed analysis. After the measurement of tree rings, crossdating was performed. Subsequently, measurements of anatomical and physicochemical characteristics of tree rings were made to carry out the analysis relating to hydraulic architecture and allometry. Chronologies have been developed through the anatomical features for correlations with climate data. The main abiotic factors that influenced the anatomical characteristics and tree ring density of S. parahyba were: relative humidity, vapour pressure deficit, rainy days, precipitation, water balance and cloudiness. Throughout its growth, the species reconciled increased hydraulic conductivity potential with increased density benefiting efficiency in conductivity and mechanical resistance necessary to maintain the survival of trees as individuals acquire gain in height. In addition, on the basis of variations related to water availability at the beginning of the growing season, the species produced two distinct tree ring patterns, one with high and another with low cost, structural carbon reserve accumulated during the previous growing season represented an important role in this production. It was possible to verify changes in hydraulic architecture that resulted on reduced security of conductivity in the last tree rings and also reduced efficiency of conductivity in the ring formed during the last year of tree’s life (2012), influencing negatively their survival. The water surplus during months from April to June and the reduction of water availability during the early growing season influenced such anatomical changes.
Keywords: dendrochronology, hydraulic architecture, no-structural carbohydrate, climate change, dieback
RESUMO
A taxa de crescimento e as características anatômicas da madeira influenciam diretamente o padrão alométrico das árvores. As plantas modulam seu crescimento de acordo com as mudanças no ambiente, assim o estudo dos anéis de crescimento, bem como das variações que ocorrem na anatomia da madeira trazem informações importantes sobre a plasticidade do xilema e a sobrevivência das espécies no seu ambiente. O objetivo deste trabalho foi responder às seguintes questões: 1.) Quais fatores abióticos influenciam as características anatômicas e a densidade do lenho de Schizolobium parahyba ao longo dos anéis de crescimento? 2.) De que forma as variações nos anéis de crescimento influenciam no padrão alométrico das árvores de S. parahyba estudadas? 3.) Alterações anatômicas no lenho, decorrentes de fatores abióticos, podem explicar a mortalidade das árvores de S. parahyba estudadas? Indivíduos mortos ou senescentes de Schizolobium parahyba provenientes do Parque Estadual Alberto Löfgren foram coletados e preparados para as análises propostas. Após a mensuração dos anéis de crescimento, foi realizada a datação cruzada. Posteriormente, foram realizadas mensurações de características anatômicas e físico-químicas dos anéis de crescimento para realização das análises referentes a arquitetura hidráulica e alometria. Cronologias foram desenvolvidas por meio das características anatômicas para correlações com os dados climáticos. Os principais fatores abióticos que influenciaram as características anatômicas e a densidade dos anéis de crescimento de S. parahyba foram: umidade relativa do ar, déficit de pressão de vapor, dias de chuva, precipitação, balanço hídrico e nebulosidade. Ao longo de seu crescimento, a espécie conciliou o aumento do potencial de condutividade hidráulica com o aumento da densidade beneficiando a eficiência na condutividade e a resistência mecânica necessárias para a manutenção da sobrevivência das árvores, à medida que os indivíduos cresceram em altura. Além disso, em função de variações relacionadas à disponibilidade hídrica no início da estação de crescimento, a espécie produziu dois padrões de anel de crescimento distintos: um com alto e outro com baixo custo estrutural, sendo a reserva de carbono acumulada durante a estação de crescimento importante nessa produção. Foi possível verificar alterações na arquitetura hidráulica que acarretaram na redução da segurança da condutividade nos últimos anéis de crescimento e, também, redução da eficiência da condutividade no anel formado durante o último ano de vida dos indivíduos (2012), influenciando negativamente sua sobrevivência. O excedente hídrico durante os meses de abril a junho e a redução da disponibilidade hídrica no início da estação de crescimento influenciaram tais alterações anatômicas.
Palavras-chave: dendrocronologia, arquitetura hidráulica, carboidratos não-estruturais, variação climática, “dieback”
Camila Moura Santos
Alometria de árvores de Schizolobium parahyba (Vell.) Blake ocorrentes no Parque Estadual Alberto Löfgren, São Paulo-SP
VOLTAR AS DISSERTAÇÕES E TESES