Vera Lygia El Id
Em 19 de Abril de 2016, Vera Lygia El Id, aluna de mestrado do programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica, bolsista CNPq, defendeu sua Dissertação de Mestrado intitulada,
“Análise do efeito inibitório de fitotoxinas liberadas por Sesbania virgata (Cav.) Pers. em espécies de diferentes estágios sucessionais”.
A banca examinadora foi presidida pelo seu orientador, PqC. Dr. Nelson Augusto dos Santos Júnior e composta pela Profª Drª. Vania Regina Pivello (USP) e pelo PqC. Dr. Claudio José Barbedo (Núcleo de Pesquisa em Sementes – IBt/SP).
O projeto desenvolvido buscou avaliar o efeito inibitório das sementes de Sesbania virgata sobre espécies co-ocorrentes com ela no ambiente natural a partir do pressuposto de que, plantas que co-ocorrem no mesmo ambiente com espécies que produzem aleloquímicos teriam desenvolvido mecanismos de tolerância a esses fitoquímicos. O objetivo principal do presente trabalho foi avaliar a fitotoxicidade das substâncias encontradas em sementes de sesbania sobre espécies co-ocorrentes com ela no ambiente natural. Para tanto, foram selecionadas três espécies de diferentes estágios sucessionais, co-ocorrentes com sesbania. As espécies foram submetidas aos experimentos de co-germinação com sementes de S. virgata e de irrigação com extratos produzidos a partir de sementes da espécie. Os dados obtidos permitiram concluir que substâncias oriundas de sementes de S. virgata não foram capazes de inibir o processo germinativo das espécies florestais que co-ocorrem com ela no ambiente. Porém tais fitoquímicos se mostraram mais efetivos quanto ao desenvolvimento, reduzindo significativamente o crescimento inicial das espécies florestais.
Análise do efeito inibitório de fitotoxinas liberadas por Sesbania virgata (Cav.) Pers. em espécies de diferentes estágios sucessionais
ABSTRACT
Sesbania virgata (Cav.) Pers is a tropical Fabaceae, pioneer and native to South America, that occurs in riparian forest, especially in the Cerrado and Atlantic Forest. It has been used to restore degraded areas, by their accelerated growth and ability to cover ground. Recently, it was verified that the seeds of S. virgata release allelochemicals during the imbibition process, affecting the germination and initial growth of other species. Some studies developed by the work group in which this project was inserted, have detected the presence of different phytochemicals in it leaves and it seeds, such as the flavonoid (+)- catechin. These substances are able to affect the germination and growth of some species. The aim of this study was to evaluate the phytotoxicity of substances in sesbania seeds in the species that co-occurring with it in the natural environment. They were selected three species of different successional stages, co-occuring with sesbania: Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze, Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. and Copaifera langsdorffii Desf.. These species were subjected to co-germination experiments with seeds of S. virgata and irrigation with extracts produced from seeds of this species. In co-germination tests were deposited next to each seed of selected species 0 (control), 5 and 10 seeds of Sesbania. In the irrigation tests, the seeds were irrigated with distilled water (control), with the extracts produced from sesbania seedcoats at concentrations 0.1, 0.5 and 1% (w / v) and with commercial catechin (1mg.mL-1). Both assays were conducted in the laboratory, in the greenhouse and in the field and data were collected for the germination and initial development of the selected species. It was found that the germination of P. dubium and C. langsdorffii were not affected, while M. bimucronata seeds were more sensitive to the presence of substances derived from sesbania seeds. In relation to the initial development of these species, M. bimucronata and C. langsdorffii showed significant reduction in most of the parameters used for growth analysis, while P. dubium showed higher tolerance to the presence of phytochemicals sesbania. The data showed that substances derived from S. virgata seeds were not able to inhibit the germination of forest species that co-occur with it in the environment. However such phytochemicals were more effective for the development, significantly reducing the initial growth of forest species, which demonstrated that they remain in the environment for a specific time. The data also suggest that inhibition generated by Sesbania seeds may have been caused by other substances besides catechin found in the seeds.
Keywords: allelopathy, catechin, germination, initial development
RESUMO
Sesbania virgata (Cav.) Pers. é uma Fabaceae, pioneira e nativa da América do Sul, que ocorre em vegetações ciliares, principalmente no Cerrado e na Mata Atlântica. Estudos indicam a espécie como boa opção para restauração de áreas degradadas, devido ao seu crescimento acelerado e à sua alta capacidade de cobertura do solo. Até o momento sabe-se que as sementes de S. virgata liberam aleloquímicos durante o processo de embebição, afetando a germinação e o desenvolvimento inicial de outras espécies. Outros estudos, realizados pelo grupo de trabalho no qual esse projeto foi inserido, detectaram a presença de diversos fitoquímicos em suas folhas e em suas sementes, como por exemplo o flavonóide (+)- catequina capaz de afetar a germinação e o crescimento de algumas espécies. A partir do pressuposto de que, plantas que co-ocorrem no mesmo ambiente com espécies que produzem aleloquímicos teriam desenvolvido mecanismos de tolerância a esses fitoquímicos, o objetivo principal do presente trabalho foi avaliar a fitotoxicidade das substâncias encontradas em sementes de sesbania sobre espécies co-ocorrentes com ela no ambiente natural. Para tanto, foram selecionadas três espécies de diferentes estágios sucessionais, co-ocorrentes com sesbania: Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze, Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. e Copaifera langsdorffii Desf.. Tais espécies foram submetidas aos experimentos de co-germinação com sementes de S. virgata e de irrigação com extratos produzidos a partir de sementes da espécie. Nos ensaios de co-germinação, foram depositadas ao lado de cada uma das sementes das espécies selecionadas, 0 (controle), 5 e 10 sementes de sesbania. Nos ensaios de irrigação, as sementes foram irrigadas com água destilada (controle), com os extratos produzidos a partir de tegumentos de sementes de sesbania, nas concentrações 0,1, 0,5 e 1% (p/v) e com catequina comercial (1mg.mL-1). Ambos os ensaios foram conduzidos em laboratório, em casa de vegetação e em campo, e foram coletados dados referentes ao processo germinativo e ao desenvolvimento inicial das espécies selecionadas. Foi verificado que o processo germinativo de P. dubium e C. langsdorffii não foram afetados, enquanto que sementes de M. bimucronata se mostraram mais sensíveis à presença de substâncias oriundas das sementes de sesbania. Já em relação ao desenvolvimento inicial dessas espécies, M. bimucronata e C. langsdorffii sofreram redução significativa na maioria dos parâmetros utilizados para a análise de crescimento, enquanto que P. dubium apresentou maior tolerância à presença dos fitoquímicos de sesbania. Os dados obtidos permitiram concluir que substâncias oriundas de sementes de S. virgata não foram capazes de inibir o processo germinativo das espécies florestais que co-ocorrem com ela no ambiente. Porém tais fitoquímicos se mostraram mais efetivos quanto ao desenvolvimento, reduzindo significativamente o crescimento inicial das espécies florestais, o que demonstrou que os mesmos permanecem no ambiente durante um determinado tempo. Os dados encontrados também sugerem que a inibição gerada por sementes de sesbania pode ter sido provocada por outras substâncias, além da catequina encontrada em suas sementes.
Palavras-chave: alelopatia, catequina, processo germinativo, desenvolvimento inicial
Vera Lygia El Id
Análise do efeito inibitório de fitotoxinas liberadas por Sesbania virgata (Cav.) Pers. em espécies de diferentes estágios sucessionais
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