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Meire Oliveira Vieira


No dia 28 de setembro de 2015, a aluna da Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente
do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt), Meire Oliveira Vieira,  defendeu sua dissertação de Mestrado intitulada:

“Decomposição da serapilheira em dois trechos de Floresta Atlântica no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, um deles sob influência do bambu Aulonemia aristulata (Döll) -MacClure”

A banca examinadora foi composta pelo orientador Dr. Eduardo Pereira Cabral Gomes do Núcleo de Pesquisa em Ecologia do Insituto de Botânica (IBt), pelo Dr. Maurício Lamano Ferreira da Universidade Nove de Julho (Uninove)
e pela Dra. Marisa Domingos do Núcleo de Pesquisa em Ecologia do Insituto de Botânica (IBt). 

O Brasil é o país com a maior diversidade de bambus das Américas contendo cerca de 2/3 das espécies do Novo Mundo. Especialmente em florestas perturbadas, o crescimento e estabelecimento de bambus, mesmo os de espécies nativas, pode interferir na dinâmica, na estrutura e na composição da vegetação, reduzindo a produção e decomposição da biomassa, além de  retardar o retorno de nutrientes ao solo. Em muitos trechos de Mata Atlântica extensas áreas de sub-bosque são dominadas por bambus e tendo em vista a conservação, manejo e restauro deste bioma é necessário o conhecimento de como a dominância desta forma de vida interfere na composição de espécies, na estrutura e na dinâmica da floresta. Atualmente, áreas impactadas da mata do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI) apresentam o sobosque dominado por algumas espécies de bambus. No presente estudo comparamos a decomposição de serapilheira no PEFI entre área mais preservada na qual a presença de bambu no sub-bosque é mínima com uma área perturbada extensamente coberta por gramíneas bambusóides. Procuramos saber se a taxa de decomposição da serapilheira acumulada, o estoque e o retorno de nutrientes ao solo diferem entre uma área dominada por bambus no sub-bosque e uma área mais preservada na Floresta do PEFI. Não houve diferença entre as taxas de decomposição nas duas áreas porém, o estoque total de serapilheira e a maior transferência de nutrientes ocorreram na área mais preservada.


Decomposição da serapilheira em dois trechos de Floresta Atlântica no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, um deles sob influência do bambu Aulonemia aristulata (Döll) -MacClure


RESUMO

O processo de decomposição da serapilheira é um dos mais importantes a contribuir com a integridade funcional dos ecossistemas, pois mineraliza os nutrientes incorporados à matéria orgânica, tornando-os novamente disponíveis aos produtores. O presente trabalho teve como objetivo comparar a decomposição da serapilheira e o retorno de nutrientes em dois trechos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), sendo um deles com o sub-bosque dominado pelo bambu Aulonemia aristulata (Döll) MacClure, no Parque de Ciência e Tecnologia (CienTec) e o outro, sem o domínio desta espécie, na floresta do Instituto de Botânica (IBot). Para avaliar a razão de decomposição da serapilheira, foi utilizado o método do recobrimento do material, que compara a quantidade de serapilheira existente no tempo 0 (zero) e após um intervalo de tempo (∆t), evitando-se a adição do material produzido pela copa das árvores por meio de telas de nylon de 2 mm de diâmetro e 1,5 m x 1,0 m de lado. Também foram calculados os coeficientes de decomposição K = -ln (1- K’) e K´= (PI-PF)/PI que indicam a taxa instantânea de decomposição e a decomposição ao longo do tempo respectivamente. As amostragens foram realizadas no tempo zero (junho de 2011) e aos 3, 6, 9 e 12 meses (junho de 2012) de recobrimento do material. O material coletado foi separado nas frações: O1 (“Outras folhas e ramos”), bambu (“Material foliar e ramos de bambu”), O2 (“material mais decomposto” não identificável) e “raízes”. Do estoque inicial total (IBot 9.451 ± 324 kgha-1 e CienTec 5.964 ± 117 kgha-1) 46,3% foi decomposto no IBot e 48,4% foi decomposto no CienTec em um ano. A fraçãooutras folhas e ramos” (O1) apresentou 84% de decomposição no IBot e 83% no CienTec, restando após um ano 1.452±301 kgha-1 no IBot e 944±201 kgha-1 no CienTec. A taxa de decomposição do “material foliar e ramos de bambu” foi significativamente mais elevada na área sem domínio de bambu (p<0,05). A fração de “material mais decomposto” (O2), aumentou 1180% no IBot e 1121% no CienTec e a biomassa de raízes na camada de serapilheira foi menor na área com dominância de bambu (IBot 885±337 kgha-1 e CienTec 702±158 kgha-1) (p<0,05). O coeficiente de decomposição k da fração total aos doze meses foi de 0,66 e 0,62 no CienTec e IBot respectivamente. Assim, com exceção para o “material foliar e ramos de bambu”, ambas as áreas indicaram semelhantes taxas de decomposição para a serapilheira “total” acumulada e para “outras folhas e ramos” e a maior transferência média de nutrientes ao solo ocorreu na área mais preservada (IBot 169,15 kg ha-1 e CienTec 85,86 kg ha-1).

Palavras-chave: Ciclagem, Mata Atlântica, Poaceae


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Decomposição da serapilheira em dois trechos de Floresta Atlântica no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo,
um deles sob influência do bambu Aulonemia aristulata (Döll) -MacClure


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