Laura Benitez Bosco
Em 30 de abril de 2015, na sala de aula do Núcleo de Pesquisa em Palinologia do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt), a aluna da Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt), Laura Benitez Bosco (Bolsista FAPESP 2013/03182-2 e CNPQ 134024/2013-3), defendeu a sua dissertação de Mestrado intitulada
“Origem botânica e fitogeográfica do mel e cargas de pólen provenientes da Comunidade Quilombola Porto Velho,
Município de Iporanga, Vale do Ribeira (São Paulo).”
A banca examinadora foi composta pela Dra. Cynthia Fernandes Pinto da Luz (orientadora/IBt), Dra. Esther Margarida A. Ferreira Bastos (Fundação Ezequiel Dias – FUNED) e Dra. Denise de Araújo Alves (ESALQ).
Origem botânica e fitogeográfica do mel e cargas de pólen provenientes da
Comunidade Quilombola Porto Velho, Município de Iporanga, Vale do Ribeira (São Paulo).
RESUMO
A apicultura é uma alternativa para o desenvolvimento da agricultura familiar, especialmente em locais de mata preservada, como o Vale do Ribeira no Estado de São Paulo. Essa região necessita de atividades econômicas de baixo impacto ambiental que preservem sua riqueza natural. Assim, este trabalho objetivou caracterizar a origem botânica e fitogeográfica do mel e cargas de pólen através da análise melissopalinológica; inventariar a flora apícola da região; conhecer o perfil socioeconômico dos apicultores e as características de produção de mel. Para isso, foram estudados dois apiários da Comunidade Quilombola Porto Velho, Iporanga (SP), com duas colmeias cada. A coleta de mel foi realizada mensalmente de Janeiro/2013 a Junho/2014 para um dos apiários e de Julho/2013 a Junho/2014 para o outro. Coletas de espécimes vegetais em floração em um raio de 250 m no entorno dos apiários foram realizadas mensalmente. A preparação do mel foi realizada através do método direto para as análises qualitativa e quantitativa. Os grãos de pólen das espécies coletadas em floração no entorno dos apiários foram preparados através do método da acetólise e do método direto para a confecção da Palinoteca de Referência da área de estudo. As cargas de pólen foram obtidas mensalmente entre julho/2013 e junho/2014 e preparadas através do método direto. Os dados socioeconômicos e das características de produção de mel foram obtidos através de entrevistas estruturadas realizadas aos apicultores em janeiro/2013. Foram identificadas 85 espécies em floração na área de estudo, sendo a família Asteraceae a mais abundante, o mês de dezembro o mais rico em espécies e o estrato herbáceo o hábito mais representativo. Os tipos polínicos Euterpe/Syagrus, Attalea, Vernonia, Mikania cordifolia, Weinmannia, Cupania oblongifolia e Machaerium foram os mais importantes para as abelhas dentre os 69 tipos polínicos referentes a espécies nectaríferas. Através da identificação de elementos figurados, foi possível detectar problemas de falta de higiene no manejo dos apiários. As amostras de mel foram classificadas como predominantemente heteroflorais, originárias das regiões Sul e Sudeste do Brasil e provenientes de espécies de Mata Atlântica com algum grau de perturbação. Esse resultado também foi observado nas cargas de pólen, onde foram identificados 64 tipos polínicos, sendo os tipos Attalea, Mikania cordifolia, Mimosa bimucronata e Piper as fontes poliníferas de maior importância. Os resultados mostraram que os apicultores da Comunidade Porto Velho são principalmente homens jovens, produtores rurais, alfabetizados, chefes de família, que exploram o mel como fonte de renda secundária e possuem conhecimento escasso sobre a flora apícola local. O mel é explorado através de tecnologia moderna, em volume que o caracteriza como produto artesanal e que apresenta problemas de qualidade e higiene que impedem sua certificação.
Palavras-chave: Agricultura familiar, Apis mellifera, Mata Atlântica, Melissopalinologia, Flora apícola.
Laura Benitez Bosco
Origem botânica e fitogeográfica do mel e cargas de pólen provenientes da
Comunidade Quilombola Porto Velho, Município de Iporanga, Vale do Ribeira (São Paulo).
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