Marcelle Dafré Martinelli
No dia 29 de julho de 2015, no anfiteatro do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt), a aluna de doutorado Marcelle Dafré Martinelli (bolsista CAPES), do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente defendeu sua Tese intitulada:
“Aporte e deposição de elementos químicos marcadores de poluição atmosférica em fragmentos florestais na região metropolitana de Campinas, São Paulo”, sob orientação da Dra. Marisa Domingos do Núcleo de Pesquisa em Ecologia do Instituto de Botânica de São Paulo e co-orientação da Dra. Ana Maria Graciano Figueiredo da Comissão Nacional de Energia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares.
A Banca examinadora foi composta pela Dra. Marisa Domingos (Orientadora e Presidente/IBt), Dra. Regina Maria de Moraes (Núcleo de Pesquisa em Ecologia/IBt), Dra. Adalgiza Fornaro (Dpto Ciências atmosféricas- IAG/USP), Dra. Márcia Inês Martin Silveira Lopes (Núcleo de Pesquisa em Ecologia/IBt) e Dr. João Vicente de Assunção (FSP/USP)
Legenda da foto (esq para direita):
Dr. João Vicente de Assunção, Dra. Márcia Inês Martin Silveira Lopes, Dra. Regina Maria de Moraes, a aluna Marcelle Dafré Martinelli, Dra. Marisa Domingos, Dra. Adalgiza Fornaro e Dra. Ana Maria Graciano Figueiredo.
Aporte e deposição de elementos químicos marcadores de poluição atmosférica em fragmentos florestais na região metropolitana de Campinas, São Paulo
RESUMO
O material particulado atmosférico, proveniente de fontes naturais ou antropogênicas, pode promover o aporte de elementos potencialmente tóxicos, como Cr, Cu, Ni, Pb, Zn, em ecossistemas florestais através da deposição seca e/ou úmida, promovendo seu acúmulo em diferentes compartimentos dos ecossistemas, como solo e comunidade vegetal. Programas de biomonitoramento de qualidade do ar, utilizando espécies vegetais, permitem avaliar a distribuição temporal e espacial destes poluentes e seu impacto aos ecossistemas. Em tese, esses programas poderiam ser úteis na Região Metropolitana de Campinas (RMC), que abriga um vasto parque industrial, incluindo a maior refinaria de petróleo do país, que tem uma intensa atividade agrícola (principalmente de cana-de–açúcar) e um alto fluxo veicular. Essa diversidade de fontes de poluição margeia os fragmentos florestais que ainda restam na região. O presente estudo foi proposto visando a testar as seguintes hipóteses: os fragmentos florestais remanescentes nesta região têm recebido um excesso de elementos traço, sendo que o nível de aporte destes elementos varia espacialmente e sazonalmente; o nível de disponibilidade de elementos traço no solo depende de sua origem e propriedades físicas dos solos; a capacidade de acúmulo foliar de elementos químicos e seu potencial para o biomonitoramento diferem entre as espécies arbóreas nativas. Assim, a deposição seca e úmida de elementos traço foi caracterizada nas proximidades de dois fragmentos florestais (um próximo ao pólo industrial em Paulínia e outro próximo a fontes urbanas em Campinas). Os níveis totais e disponíveis de elementos traço nos solos, assim como o acúmulo de elementos traço na folhagem das três espécies arbóreas mais abundantes (Astronium graveolens Jacq., Croton floribundus (L.) Spreng. e Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr), foram determinados nesses mesmos fragmentos e em outros dois próximos a atividades agrícolas, em Cosmópolis e Holambra. A variação sazonal dos teores dos elementos químicos estudados na deposição seca e úmida não foi claramente definida, no entanto, muitos elementos ocorreram em maiores concentrações em amostras de MP10 durante a estação seca, em ambos os locais estudados. Al e Fe, elementos ligados à ressuspensão de solo, foram os mais abundantes na deposição seca e úmida. A água de chuva, em Campinas e Paulínia, mostrou-se moderadamente enriquecida por Cu, Pb e Zn. O MP10 teve enriquecimento moderado de Cu e alto enriquecimento de Mo em ambas as áreas. Não houve variação sazonal na concentração dos elementos traço avaliados no solo e a variação espacial foi influenciada não somente pelas fontes de poluição como pelas rochas matrizes do solo. A disponibilidade dos elementos no solo da região foi influenciada pelo pH, teor de matéria orgânica e de argila, capacidade de troca catiônica (CTC) e presença de óxidos de Al, Fe e Mn. Concluiu-se que o fragmento de Campinas foi mais exposto à poluição de elementos traço no solo do que os outros fragmentos, considerando as concentrações totais e disponíveis destes elementos, atributos físicos e químicos do solo e a estimativa dos níveis de contaminação. Folhas de Croton floribundus e, em menor grau, de P. gonoacantha, demonstraram maior habilidade em acumular a maioria dos elementos analisados do que as folhas de A. graveolens. Durante a estação seca, foram obtidos os maiores teores foliares de grande parte dos elementos avaliados em todas as espécies, possibilitando o uso das três para monitoramento da sazonalidade no nível de poluição pelos mesmos. A. graveolens foi a espécie mais indicada para discriminar a variação espacial dos elementos potencialmente tóxicos, na Região Metropolitana de Campinas. Análises de agrupamento indicaram que a deposição seca e MP10 foram fontes mais importantes dos elementos avaliados para as 3 espécies arbóreas do que o solo e a água de chuva, tanto em Campinas quanto em Paulínia.
Palavras-chave: Floresta Estacional Semidecidual; fragmentos florestais; espécies arbóreas nativas; Região Metropolitana de Campinas; elementos potencialmente tóxicos; biomonitoramento passivo.
Marcelle Dafré Martinelli
Aporte e deposição de elementos químicos marcadores de poluição atmosférica em fragmentos florestais na região metropolitana de Campinas, São Paulo
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