Cesar Bertagia Pasqualetti
No dia 30 de abril de 2015, o aluno Cesar Bertagia Pasqualetti, bolsista FAPESP, do Programa de Pós Graduação em Biodiversidade Vegetal e
Meio Ambiente, defendeu sua dissertação de mestrado intitulada
“Análise de pigmentos, proteínas solúveis e carboidratos em espécies de Rhodophyta das regiões antártica e subantártica”.
A banca examinadora foi composta pela orientadora Prof. Dra. Nair Sumie Yokoya (Núcleo de Pesquisa em Ficologia do Instituto de Botânica de São Paulo), Prof. Dra. Yocie Yoneshigue-Valentin (Instituto de Biologia da UFRJ) e Dra. Aline Paternostro Martins (Instituto Química da USP)
Análise de pigmentos, proteínas solúveis e carboidratos em espécies de Rhodophyta das regiões antártica e subantártica
RESUMO
Nas regiões polares, a radiação solar anual é 30% a 50% menor do que nas regiões tropicais e as estações do ano são caracterizadas por períodos curtos de luz e longos períodos de escuro devido à noite polar e a cobertura de gelo no inverno e longos períodos de luz durante o verão austral. Para sobreviver a tais condições, as macroalgas marinhas necessitam adotar uma estratégia de adaptação bioquímica e fisiológica para garantir proteção e alimento na ausência de luz, tornando-as resistentes à ação das ondas, à dessecação e à variação de salinidade devido ao ciclo de congelamento/descongelamento. Portanto, o presente estudo teve como principal objetivo caracterizar o perfil de metabólitos primários em quatro espécies de Rhodophyta: Palmaria decipiens (Reinsch) R.W.Ricker; Georgiella confluens (Reinsch) Kylin, Gigartina skottsbergii Setchell & N.L.Gardner e Iridaea cordata (Turner) Bory de Saint-Vincent. Foram analisadas amostras coletadas em 23 pontos em diferentes latitudes nas regiões antártica e subantártica. P. decipiens e Georgiella confluens são espécies endêmicas e foram coletadas nas Ilhas Shetland do Sul em oito e três pontos, respectivamente. I. cordata e Gigartina skottsbergii foram coletadas em quatro pontos nas Ilhas Shetland do Sul e em um e três pontos, respectivamente, na região de Magalhães (região subantártica). As análises quantitativas (n=3) dos pigmentos fotossintetizantes (ficobiliproteínas e clorofila a), proteínas solúveis totais, carboidratos solúveis, teor de 3,6 anidrogalactose e de sulfato foram realizadas utilizando-se métodos colorimétricos em espectrofotômetro. A análise qualitativa dos carboidratos solúveis foi realizada através da cromatografia de troca aniônica de alto desempenho (HPAEC) e utilizou-se “DNA barcoding” para a confirmação taxonômica das amostras de Gigartina skottsbergii e I. cordata. Para avaliar a variação de cada metabólito proveniente de amostras coletadas em diferentes latitudes, foi utilizada análise de variância unifatorial (ANOVA), seguido do teste a posteriori Student-Newman-Keuls. Para análise conjunta dos dados, foram realizadas Correlação de Pearson e Análise de Componentes Principais (ACP). P. decipiens apresentou maiores concentrações de proteínas solúveis totais e açúcares redutores, além de apresentar maior diversidade de carboidratos de baixa massa molecular nas amostras coletadas em locais com maiores latitudes. As amostras de Georgiella confluens, apesar de apresentarem relações diretamente proporcionais entre seus pigmentos fotossintetizantes, apresentaram maiores concentrações de ficoeritrina e aloficocianina e menor diversidade de açúcares solúveis de baixa massa molecular no local de menor latitude. Por outro lado, Gigartina skottsbergii apresentou concentrações mais baixas de clorofila a, proteínas solúveis totais e açúcares totais (fração etanólica) em amostras de menores latitudes da região subantártica. A análise da qualidade do ficocolóide de Gigartina skottsbergii evidenciou o maior teor de 3,6 anidrogalactose e menor teor de sulfato nas amostras de latitudes intermediárias (Arctowski, Ilha Rei George, e Fuerte Bulnes, Chile). Além disso, foi possível observar que a planta cistocárpica de Gigartina skottsbergii apresentou maiores concentrações de proteínas solúveis totais e açúcares totais (na fração aquosa), e carragenana com maior rendimento, maior teor de 3,6 anidrogalactose e menor teor de sulfato, quando comparada com a planta tetrasporofítica. I. cordata apresentou maiores concentrações de aloficocianina, clorofila a, e carragenana com maior rendimento, maior teor de 3,6 anidrogalactose e menor teor de sulfato na amostra coletada na região subantártica. As análises moleculares confirmaram a identificação taxonômica de Gigartina skottsbergii e I. cordata e demonstraram que as diferenças encontradas no perfil de metabólitos destas espécies estão relacionadas a uma variação interespecífica e intraespecífica. O agrupamento obtido pela ACP evidencia que os metabólitos analisados interagem de formas diferentes em cada espécie estudada, demonstrando estratégias distintas de sobrevivência a ambientes extremos das regiões antártica e subantártica.
Palavras-chave: Macroalgas, Rhodophyta, Antártica, região subantártica, pigmentos, proteínas, carboidratos.
Cesar Bertagia Pasqualetti
Análise de pigmentos, proteínas solúveis e carboidratos em espécies de Rhodophyta das regiões antártica e subantártica
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