Bárbara Baêsso Moura
Em 27 de fevereiro de 2013, no Instituto de Botânica de São Paulo (IBt), Bárbara Baêsso Moura, aluna do programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica, bolsista FAPESP, defendeu sua Tese de Doutorado intitulada
“Análises estruturais e ultraestruturais em folhas de espécies nativas sob influência de poluentes aéreos”.
A banca examinadora foi presidida pela orientadora, Dra. Edenise Segala Alves, do Núcleo de Pesquisa em Anatomia Vegetal (IBt) e contou com a participação da Dra. Luzimar Campos da Silva (UFV), do Dr. Diego de Marco (USP), da Dra Adriana Hissae Hayashi (IBt) e da Dra. Marisa Domingos (IBt).
Os efeitos tóxicos das concentrações de ozônio troposférico (O3) sobre a vegetação natural são relatados principalmente para os ecossistemas do hemisfério norte que possuem clima mediterrâneo, temperado ou boreal. No hemisfério sul, em zonas de clima tropical, o impacto do O3sobre os ecossistemas naturais ainda é desconhecido. O estudo teve como objetivo principal, investigar os efeitos oxidativos do O3 em três espécies arbóreas nativas (Astronium graveolens, Anacardiaceae, Piptadenia gonoacantha, Fabaceae e Croton floribundus, Euphorbiaceae). Utilizando condições controladas, mudas das três espécies foram expostas a concentrações conhecidas de O3, para de induzir o sintoma visível especificamente causado pelo poluente e estabelecer marcadores microscópicos indicativos do mesmo. Em campo, (fragmentos florestais presentes na Região Metropolitana de Campinas), folhas das três espécies foram coletadas e os sintomas foram validados por meio dos marcadores estruturais diagnosticados por microscopia de luz e eletrônica que foram estabelecidos sob a supervisão do Dr Pierre Vollenwieder do Instituto Federal Suíço de Pesquisa em Florestas, Neve e Paisagem (WSL, Suiça). Além de verificar o impacto do O3 sobre as espécies, os resultados indicam que os métodos e critérios utilizados em outras condições climáticas são relevantes para os estudos em clima tropical e que a validação por meio de marcadores estruturais possibilita a identificação de espécies bioindicadoras de O3 em ecossistemas tropicais.
Análises estruturais e ultraestruturais em folhas de espécies nativas sob influência de poluentes aéreos
RESUMO
Os efeitos de concentrações tóxicas de ozônio troposférico (O3) sobre a vegetação natural têm sido relatados, principalmente para os ecossistemas do hemisfério norte com clima mediterrânico temperado ou boreal. No hemisfério sul, em especial nosecossistemas tropicais, os efeitos do O3 continuam pouco conhecidos, enquanto os níveis de poluição do ar estão aumentando em consequência do crescimento das economias emergentes. A Região Metropolitana de Campinas (RMC), em São Paulo, Brasil, experimenta altos níveis de O3 troposférico que podem ser prejudiciais para a vegetação local. O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos das concentrações de O3 em três espécies de árvores nativas: Astronium graveolens, Anacardiaceae, Piptadenia gonoacantha, Fabaceae e Croton floribundus, Euphorbiaceae ocorrentes em fragmentos de floresta semidecidual, localizados na RMC. Experimentos controlados para induzir a formação de sintomas visuais específicos foram realizados, nos quais mudas foram expostas ao ar enriquecido com O3, em câmaras fechadas. A. graveolens e P. gonoachanta desenvolveram “stippling” e pontuações, respectivamente, como reações específicas quando expostas ao O3, enquanto que C. floribundus não apresentou nenhuma reação específica. Marcadores microscópicos validaram os sintomas encontrados em amostras coletadas nos fragmentos florestais da RMC. Assim como no hemisfério norte, a vegetação de ambientes tropicais do sudeste do Brasil também esta sendo afetada por concentrações tóxicas de O3, que contribuem para a degradação destes poucos fragmentos florestais que possuem alta biodiversidade.
Palavras-chave: Ozônio, sintomas visíveis, marcadores estruturais, validação.
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