Sandra Vieira Costa
Sandra Vieira Costa, aluna do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt) e bolsista FAPESP (04/08675-8), defendeu no dia 15 de abril de 2008 a tese de doutorado intitulada
“Histórico da eutrofização do Lago das Garças (Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, SP) durante o século XX com base no registro de diatomáceas em sedimentos”, sob orientação da Drª Denise de Campos Bicudo da Seção de Ecologia do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt) e coorientação da Drª Ana Luiza S. Albuquerque do Departamento de Geoquímica da UFF (RJ).
A banca examinadora foi composta pelos professores: Drª Denise de Campos Bicudo (Seção de Ecologia-IBt/SP), Drª Silvia Helena de Melo e Sousa (Instituto Oceanográfico/USP), Dr. Antonio F.C. Camargo (UNESP/Rio Claro), Dr. Paulo Eduardo de Oliveira (Universidade de Guarulhos/SP) e Dr. Dácio Roberto Matheus (Seção de Micologia- IBt/SP). O estudo visou reconstruir o histórico da eutrofização de represa tropical rasa com base no registro de diatomáceas sedimentares em longa série temporal (ca. 100 anos).
A represa (Lago das Garças) está localizada em uma unidade de conservação, Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), em área urbana (São Paulo). Foram coletados 4 testemunhos no ponto mais profundo com coletor de Livingstone modificado.
Histórico da eutrofização do Lago das Garças (Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, SP)
durante o século XX com base no registro de diatomáceas em sedimentos
RESUMO
Dois testemunhos foram utilizados para as análises, sendo dois arquivados. As análises incluíram litologia, geocronologia por 210 Pb, granulometria, nitrogênio (N), fósforo (P) e diatomáceas. Informações documentais foram examinadas para traçar mudanças do uso e da ocupação na bacia. Baseado nesta informação, concluiu-se que o Lago das Garças resultou do represamento do Córrego Campanário em 1894, sendo utilizado para abastecimento de água de1900, pelo menos, até 1928. A fase córrego também foi verificada pelas fatias arenosas na base do testemunho. Utilizando o modelo de datação Constant Initial Concentration (CIC), a seqüência sedimentar foi calculada representando cerca de 110 anos, correspondente ao período de 1894 a 2005. Análises granulométricas sugeriram eventos erosivos no sistema em decorrência de desmatamentos e construções no PEFI. O fósforo e, em menor extensão, o nitrogênio, apresentaram concentrações que aumentaram gradualmente da base do testemunho até por volta de 1958 e a partir de 1990 atingiram seus valores mais elevados. As instalações do Zoológico (1958) e da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (1975) na área do PEFI desencadearam o processo de eutrofização. Foram identificados 80 táxons de diatomáceas (32 gêneros, 76 espécies e 4 variedades), dos quais 47 (59%) foram listados pela primeira vez para a represa. Com base na densidade relativa das 22 espécies mais abundantes (= 5%) e nos valores de N e P, foi possível inferir o histórico de trofia do reservatório. As espécies mais bem associadas com cada período foram: subzona 1 e zona 1 (1919 a 1975) – oligotrófica (Diadesmis contenta); zona 2 (1976 a 1988) – mesotrófica (Discostella stelligera); zona 3 (1989 a 1999) – meso-eutrófica (Achnanthidium catenatum); subzona 4 (1995-1999) – eutrófica (Planothidium rostratum) e zona 4 (2000 a 2005) – hipereutrófica (Cyclotella meneghiniana). Aulacoseira granulata var. granulata foi uma das espécies mais comuns e esteve associada a eventos de erosão. A análise de correspondência canônica demonstrou que o fósforo foi a variável que melhor explicou a variação das diatomáceas ao longo do tempo e duas associações bioindicadoras foram identificadas: (a) associação oligotrófica (Diadesmis contenta, Luticola mutica e Pinnularia dubitabilis) e associação eutrófica/hipereutrófica (Planothidium rostratum, Cyclotella meneghiniana, Achnanthidium catenatum e Amphora libyca). O estudo demonstrou o uso das diatomáceas de sedimentos para a quantificação dos processos de eutrofização em reservatório tropical, destacando o potencial desta ferramenta para o gerenciamento, a conservação e recuperação desses ecossistemas
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