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Sidney Fernandes


Sidney Fernandes, aluno do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt) e bolsista Bolsa Mestrado, defendeu no dia 17 de dezembro de 2008 a tese de doutorado intitulada:
“As Famílias Chlorococcaceae e Coccomyxaceae no Estado de São Paulo: levantamento florístico”,
sob orientação do Dr. Carlos Eduardo de Mattos Bicudo da Seção de Ecologia do Instituto de Botânica de São Paulo (IBt).

A banca examinadora foi composta pelos professores: Drª Andréa Tucci (Seção de Ficologia-IBt/SP), Drª Carla Ferragut (Seção de Ecologia-IBt/SP), Dr. Carlos Eduardo de Mattos Bicudo (Seção de Ecologia-IBt/SP), Drª Ermelinda Maria De Lamonica Freire (UNIVAG-MT) e
Drª Sandra Maria Alves da Silva (Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul).


As Famílias Chlorococcaceae e Coccomyxaceae no Estado de São Paulo: levantamento florístico


RESUMO

O levantamento florístico das famílias Chlorococcaceae e Coccomyxaceae no Estado de São Paulo baseou-se na análise de 269 amostras coletadas em um período de 44 anos, de 1º de março de 1963 a 15 de março de 2007, em 144 municípios, em ambientes lóticos, semilênticos e lênticos e incluindo materiais de hábito fitoplanctônico, perifítico, bentônico e subaéreo. Foram identificados 21 gêneros, 15 dos quais classificados na família Chlorococcaceae e os outros seis na CoccomyxaceaeTetraëdron com 12 espécies e três variedades e uma forma taxonômica que não são as típicas de suas respectivas espécies e variedade foi o gênero representado pelo maior número de táxons, seguido por Characium com nove espécies e duas variedades não típicas de suas respectivas espécies, Chlorococcum com nove espécies, Schroederia com quatro espécies, CoccomyxaKeratococcus Trebouxia com três espécies cada um, Ankyra Apodochloris com duas espécies cada um e BracteacoccusColeochlamysDiogenesDesmatractumDisporaElakatothrixHydrianumKorschikoviellaPlanktosphaeriaPhyllobium e Polyedriopsis com uma espécie cada um, totalizando 64 táxons entre espécies, variedades e formas taxonômicas. Uma espécie de Coccomyxa (Coccomyxa sp.) é, muito provavelmente, nova para a Ciência. O exame de material perifítico proporcionou um conhecimento muito mais amplo das duas famílias no Estado. Se, por um lado, apenas material do plâncton tivesse sido coletado, teriam sido identificados 56,2% dos táxons neste trabalho. Por outro, entretanto, se fosse só material do perifíton, teriam sido identificados 76,6% dos táxons. Seis táxons (equivalente a 9,4% do total de táxons identificados) foram identificados do estudo de material bentônico. Finalmente, apenas uma espécie de material epífito, uma de subaéreo e outra de material endofítico também foram identificadas, correspondendo, cada uma, a 1,6% do total de táxons identificados. O município que apresentou o maior número de táxons foi São Paulo com 40; foi seguido por Santo André com 14 táxons; Angatuba e Palmital com nove táxons cada um; Itanhaém com oito táxons; Bertioga, Novo Horizonte e Praia Grande com sete táxons cada um; Altair-Icém, Juquiá e Salmourão com seis táxons cada um; Boituva, Flórida Paulista, Guará, Penápolis, Pitangueiras e Rio Claro com cinco táxons cada um; Ibitinga, Miracatu, Paraguaçu Paulista, Pedro de Toledo, Piracaia, Ribeirão Bonito, São Carlos e Ubatuba com quatro táxons cada um; Álvares Florence, Araçatuba, Atibaia, Ituverava, Joanópolis, Nova Granada, Santa Clara D’Oeste, São Bernardo do Campo, São José do Rio Pardo, Sertãozinho e Ucrânia com três táxons cada um; e Campos do Jordão, Divinolândia, Guapiara, Guaratinguetá, Guarujá, Ibirá, Itatinga, Itu, Limeira, Lorena, Nhandeara, Orlândia, São Sebastião e Tambaú com dois táxons cada um. Os municípios que apresentaram o menor número de táxons foram: Barra Bonita, Colômbia, Cotia, Cubatão, Echaporã, Eldorado, Engenheiro Coelho, Estrela do Norte, Florínia, Guapiaçu, Guareí, Ibiúna, Igaratá, Ilha Comprida, Inúbia Paulista, Itapecerica da Serra, Jacupiranga, Jaú, Junqueirópolis, Lins, Mairiporã, Miguelópolis, Mongaguá, Panorama, Pindamonhangaba, Pontal, Porto Feliz, Registro, Rifaina, Rincão, Santa Adélia, Santo Anastácio, São Pedro, Sorocaba, Sumaré e Tupã com um único táxon cada um. Chlorococcum pinguideum Arce & Bold e Chlorococcum ellipsoideum Deason & Bold foram as espécies com maior distribuição geográfica no Estado, a primeira por ocorrer em 33 municípios e a segunda em 23. Em contraposição, os táxons de menor ocorrência foram: Ankyra judayi (G.M. Smith) Fott, Aocellata (Koršikov) Fott, Characium acuminatum A. Braun, Ccucurbitinum Jao, Censiforme Hermann, Cobesum W. Taylor, Ctransvaalense Cholnoky, Hydrianum lageniforme Koršikov, Chlorococcum acidum Archibald & Bold, Cminimum Ettl & Gärtner, Cschizochlamys (Koršikov) Philipose, Keratococcus mucicola (Hustedt) Hindák, Ksuecicus Hindák, Korschikoviella limnetica (Lemmermann) Silva, Planktococcomyxa lacustris (Chodat) Kostikov et al., Schroederia spiralis (Printz) Koršikov, Tetraëdron gracile (Reinsch) Hansgirg, Tplanctonicum G.M. Smith, Tquadrilobatum G.M. Smith, Tregulare Kützing var. granulata Prescott, Ttrilobulatum (Reinsch) Hansgirg e Ttumidulum (Reinsch) Hansgirg, por terem sido identificados de material de um único município cada um. Dos 64 táxons ora identificados, 24 (37,5%) foram identificados pela primeira vez para o Brasil e 30 (46,9%) para o Estado de São Paulo. Os táxons citados pela primeira vez para o território brasileiro foram: Ankyra ocellata (Koršikov) Fott, Apodochloris polymorpha (Bischoff & Bold) Komárek, Bracteacoccus cohaerens Bischoff & Bold, Characium cucurbitinum Jao, C. hindakii Lee & Bold, C. obesum W. Taylor, C. transvaalense Cholnoky, Chlorococcum acidum Archibald & Bold, C. aureum Archibald & Bold, C. ellipsoideum Deason & Bold, C. minimum Ettl & Gärtner, C. pinguideum Arce & Bold, C. schizochlamys (Koršikov) Philipose, Coccomyxa confluens (Kützing) Fott, Coccomyxa sp., Hydrianum lageniforme Koršikov, Phyllobium sphagnicola G.S. West, Tetraëdron hemisphaericum Skuja, T. regulare Kützing var. granulata Prescott, T. trilobulatum (Reinsch) Hansgirg, Trebouxia erici Ahmadjian, T. magna Archibald e T. xanthoriae (Waren) H. Řeakova var. xanthoriae. Os 30 citados pela primeira vez para o Estado foram, além dos citados para o Brasil, os seguintes: Apodochloris simplicissima (Koršikov) Komárek, Coccomyxa subglobosa Pascher, Dispora globosa C. Bicudo & R. Bicudo, Keratococcus mucicola (Hustedt) Hindák e Korschikoviella limnetica (Lemmermann) Silva. O gênero Hydrianum foi identificado pioneiramente para o território brasileiro a partir de material coletado em Ubatuba e a espécie identificada foi H. lageniforme Koršikov, exatamente a espécie-tipo do gênero. A totalidade dos táxons ora identificados foi descrita em seus mínimos pormenores, incluindo todas as características morfológicas e métricas disponíveis, seja da vida vegetativa seja da reprodutiva, as quais foram observadas, sempre que possível, em populações-amostra. Tal análise permitiu conhecer a variação morfológica e métrica em cada unidade amostral estudada. Os indivíduos encontrados apenas uma vez durante o estudo só foram identificados quando apresentaram seus caracteres diagnósticos inequívocos ou não apresentaram variação morfológica ou esta foi demasiado pequena e considerada desprezível. Para cada táxon inventariado foi providenciada a seguinte informação. (1) referência bibliográfica à obra que contém sua descrição e/ou diagnose original; (2) descrição morfológica decorrente de análise ao microscópio óptico e da literatura especializada; (3) medidas de interesse taxonômico; (4) distribuição geográfica no Estado de São Paulo e no Brasil baseada na literatura disponível e nas unidades amostrais estudadas; (5) relação das unidades amostrais em que cada táxon foi encontrado; (6) comentários taxonômicos; e (7) ilustrações sob a forma de pranchas, sendo seus originais preparados à lápis sob câmara-clara e depois seus traços cobertos com tinta nanquim. Finalmente, o presente levantamento taxonômico permitiu sugerir o seguinte: (1) utilizar técnicas de biologia molecular em cepas unialgais de Characium hindakii Lee & Bold para comprovar seu caráter polifilético; (2) definir qual a real circunscrição de Characium pringsheimii A. Braun, uma espécie problemática pela inexistência de ilustração original; (3) providenciar cultivo unialgal de Dispora globosa C. Bicudo & R. Bicudo com a finalidade de conseguir formas de seu processo de reprodução, uma vez que tal conhecimento deverá definir a classificação da espécie no gênero Dispora e, por conseguinte, na família Chlorococcaceae, ou sua inclusão na família Radiococcaceae e, neste caso, por exemplo, no gênero Coenocystis; (4) definir o que realmente é Tetraëdron regulare Kützing utilizando trabalhos de cultivo sob condições tanto controladas quanto variáveis para conhecer a variabilidade morfológica intrapopulacional e suas causas e de biologia molecular para conhecer a possível variação genética intra e interpopulacional; e (5) providenciar estudos de Tetraëdron trigonum (Nägeli) Hansgirg f. gracile (Reinsch) De Toni sob condições controladas e variadas de cultivo para verificar se se trata, realmente, de uma Chlorophyceae ou de uma Xanthophyceae e, neste último caso, provavelmente de Goniochloris fallax Fott.

 Palavras-chave: Algas, Chlorococcaceae, Coccomyxaceae, taxonomia.


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As Famílias Chlorococcaceae e Coccomyxaceae no Estado de São Paulo: levantamento florístico


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