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Luciana Rufino Godinho



Família Scenedesmaceae (Chlorococcales, Chlorophyceae) no Estado de São Paulo: levantamento florístico.


RESUMO

O conhecimento da diversidade da família Scenedesmaceae (Chlorocaccales, Chlorophyceae) no Estado de São Paulo, Brasil era, até então, relativamente pequeno, inclusive em sua distribuição geográfica. O atual levantamento florístico dos representantes da família no Estado de São Pauloestá baseado no estudo de 153 unidades amostrais depositadas no Herbário Científico do Estado “Maria Eneyda P. Kauffmann Fidalgo” (SP) do Instituto de Botânica. Foram examinados materiais de 122 municípios e em 91 deles foram documentados espécimes de Scenedesmaceae.
Foram identificados 73 táxons de Scenedesmaceae distribuídos em 66 espécies (inclusive três possíveis espécies novas para a Ciência), 12 variedades que não são as típicas de suas respectivas espécies e feitas duas novas combinações. Dos 73 táxons identificados, nove foram citados pela primeira vez para o Estado de São Paulo. Paralelamente, foram avaliados 22 táxons constantes da literatura especializada, que não foram encontrados nas amostras estudadas, mas apresentaram descrição, medidas e ilustração do material estudado, ou seja, condições suficientes para sua re-identificação. Além destes 22 táxons, há uma relação de 75 outros, que foram presentemente excluídos por não apresentarem condição de estudo e re-identificação. Finalmente, foi providenciada a manutenção de 46 outros táxons que haviam sido erroneamente identificados e que aparecem, portanto, com nomes diferentes na literatura.
As identificações foram realizadas, sempre que possível, a partir do estudo de populações, com base nas características morfológicas, merísticas e métricas clássicas das células, a fim de avaliar o que fosse variação intra e interpopulacional.
Para cada táxon identificado foi fornecida a seguinte informação: (1) a referência bibliográfica completa da obra que contém sua descrição e/ou diagnose original; (2) descrição morfológica detalhada incluindo as medidas de interesse taxonômico; (3) relação das amostras em que o táxon foi encontrado; (4) distribuição geográfica no Estado de São Paulo; (5) comentários taxonômicos; e (6) ilustrações. Quando existentes, os basiônimos também foram indicados. Os táxons mais amplamente distribuídos na área do Estado de São Paulo, considerando os 122 municípios analisados, foram: Scenedesmus obliquus (Turpin) Kützingvar. dimorphus (Turpin) Hansgirg (em 22 municípios), Desmodesmus brasiliensis (Bohlin) Hegewald (em 17 municípios) e D. armatus (Chodat) Hegewald var.armatusD. communis (Turpin) Hegewald e S. acunae Comas (em 14 municípios cada uma).
Os táxons em que foi constatada a maior ocorrência de polimorfismo foram os seguintes: Desmodesmus brasiliensis (Bohlin) Hegewald, D. armatus (Chodat) Hegewald var. armatusD. abundans (Kirchner) Chodat, D. arthrodesmiformis (Schröder) An, Friedl & Hegew e S. obliquus (Turpin) Kützing var. dimorphus (Turpin) Hansgirg. As identificações de Desmodesmus sp. 1, Desmodesmus sp. 2 eDesmodesmus sp. 3 e as novas combinações de Scenedesmus aculeolatus Reinsch e Scenedesmus gutwinskii Chodat var. bekesensisUherkovich são praticamente definitivas e terão sua proposição formal pendente da análise de maior número de espécimes para ter certeza da estabilidade, em nível populacional, das características atualmente consideradas diagnósticas. Por fim, destacou-se a importância da análise de populações para a identificação taxonômica de espécies e variedades taxonômicas de Scenedesmaceae em função da ocorrência freqüente de polimorfismo e da necessidade de identificar as características morfológicas que são as mais confiáveis para a delimitação e a definição das diferentes categorias taxonômicas da família. As características morfológicas da vida vegetativa que apresentaram a maior estabilidade nas populações atualmente examinadas foram: forma da célula, número de células por cenóbio que, geralmente, é quatro e presença ou ausência de pirenóide. Tais características devem, portanto, ser utilizadas para separar espécies e variedades, dependendo do nível da variação apresentada. As características morfológicas da vida vegetativa que apresentaram a maior variabilidade nas populações examinadas foram: forma da margem das células externas do cenóbio, tamanho e orientação dos espinhos polares e medidas do comprimento e da largura celulares. Tais características não devem, portanto, ser utilizadas para separar espécies e variedades em Scenedesmaceae. Quando muito, se a estabilidade destas últimas características for bastante significativa, poderão ser usadas para separar formas taxonômicas.


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Família Scenedesmaceae (Chlorococcales, Chlorophyceae) no Estado de São Paulo: levantamento florístico.


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