Murilo Borduqui
Avaliação sucessional da estrutura e estado nutricional da comunidade perifítica e sua inter-relação com o fitoplâncton, em pontos de entrada de água de nascente e efluente doméstico, em reservatório hipereutrófico
RESUMO
O presente estudo pretende avaliar a estrutura, o estado nutricional e os nutrientes da água intersticial do perifíton, conjuntamente com a estrutura da comunidade fitoplanctônica, durante a sucessão da comunidade perifítica desenvolvida em dois pontos de amostragem em escala sazonal, um próximo ao efluente de esgoto doméstico (E7) e outro próximo à entrada de água de nascente (E5). O trabalho foi desenvolvido no Lago das Garças, um reservatório hipereutrófico situado no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga – Município de São Paulo – em dois períodos climáticos, chuva e seca. Lâminas de vidro foram usadas como substrato artificial para a colonização do perifíton durante 30 dias. A amostragem para determinação das variáveis físicas, químicas e biológicas foi realizada em intervalos de 3 dias na primeira quinzena e 5 dias na segunda (3d, 6d, 9d, 12d, 15d, 20d, 25d, 30d). O período de chuva foi caracterizado como o mais túbido (elevada biomassa fitoplanctônica), menor disponibilidade de nutrientes e homogeneidade em escala espacial. A estrutura específica das espécies descritoras foi igual nos dois pontos de amostragem, com elevada contribuição de Cyanophyceae (Synechocystis aquatilis, Merismopedia glauca e Cylindrospermopsis raciborskii) nos estágios iniciais e de Bacillariophyceae (Gomphonema gracile e o complexo Achnanthidium minutissimum) nos avançados. E, foi neste período, que a inter-relação entre as comunidades perifítica e fitoplanctônica foi mais evidente, principalmente nos estádios inicias da sucessão no perifíton. O período de seca foi caracterizado como o menos túrbido (menor biomassa do fitoplâncton) e com maior disponibilidade de nutrientes, o que evidenciou a diferença entre os dois pontos de amostragem, e favoreceu o desenvolvimento do perifíton. No ponto E5, nos estágios iniciais, houve elevada representatividade de Ulnaria acus; nos estágios intermediários, de U. acus e G. gracile e, nos estádios avançados, de G. gracile e complexo Achnanthidium minutissimum. No ponto E7, nos estádios iniciais, houve elevada representatividade de Merismopedia glauca e Leptolyngbya cf. subtilis; nos estádios intermediários U. acus e G. gracile e, nos estádios avançados G.gracile. E a inter-relação entre as duas comunidades foi menos evidente. Assim, a estrutura da comunidade de algas perifíticas foi dirigida primariamente pela escala sazonal, sendo que a elevada biomassa do fitoplâncton agiu sobre as flutuações da comunidade de algas perifíticas. E em escala espacial, a influência da entrada de água de nascente e efluente doméstico atuou secundariamente sobre o processo sucessional. O estado nutricional do perifíton foi acoplado à disponibilidade de nutrientes, em escala sazonal. E as razões N:P baseadas no perifíton refletiram melhor o incremento de biomassa perifítica. Desta forma, em condição hipereutrófica, a intensidade da floração exerce forte influência nas condições limnológicas da água e esta, por sua vez, no processo sucessional do perifíton.
Palavras-chave: algas perifíticas; estrutura específica; composição química, reservatório raso
Murilo Borduqui
Avaliação sucessional da estrutura e estado nutricional da comunidade perifítica e sua inter-relação com o fitoplâncton,
em pontos de entrada de água de nascente e efluente doméstico, em reservatório hipereutrófico
VOLTAR AS DISSERTAÇÕES E TESES