Camila Rivero Alonso
Em 31 de agosto de 2023, Camila Rivero Alonso, aluna de doutorado do programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Pesquisas Ambientais IPA– SP., bolsista CAPES, defendeu sua tese de Doutorado intitulada, “A produção múltipla e sequencial de plântulas em sementes de Eugenia candolleana, E. pyriformis, E. uniflora, E. involucrata e E. brasiliensis depende de seu estado fisiológico e da massa cotiledonar”, no modo virtual.
A banca examinadora foi presidida pelo seu orientador, Prof. Dr. Claudio José Barbedo (Instituto de Pesquisas Ambientais – IPA) e composta pela Prof.ª Dra. Carolina Brandão Coelho (Centro Universitário da Fundação Santo André – CUFSA), Prof.ª Dra. Raquel Maria de Oliveira Pires (Universidade Federal de Lavras – UFLA), Prof.ª Dra. Elisangela Clarete Camili (Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT) e pelo Prof. Dr. Eduardo Pereira Cabral Gomes (Instituto de Pesquisas Ambientais – IPA).
Através das germinações sucessivas, múltiplas e em sequência espécies de sementes recalcitrantes podem ter desenvolvido essa adaptação como estratégia ecológica para ampliar seu período viável no ambiente, pois naturalmente possuem baixa longevidade. Sementes do gênero Eugenia apresentam potencial regenerativo para gerar novas raízes e até plantas inteiras mesmo após a remoção de grande parte de suas reservas.
Há evidente interesse na compreensão dos fatores envolvidos nessa capacidade regenerativa que permite a formação de novas plântulas também quando a semente é fracionada. Tais sementes são extremamente predadas por insetos e a intensidade da predação pode variar de um ambiente para outro, entre as espécies e entre os indivíduos de uma mesma espécie.
As interações inseto-semente quando as sementes são predadas e pássaro-semente quando as sementes são dispersas, parecem também contribuir para o estabelecimento e propagação das sementes de Eugenia, ora consumindo grande parte da reserva cotiledonar, ora carregando as sementes para longe da planta-mãe.
A produção múltipla e sequencial de plântulas em sementes de Eugenia candolleana, E. pyriformis, E. uniflora, E. involucrata e E. brasiliensis depende de seu estado fisiológico e da massa cotiledonar
ABSTRACT
Recalcitrant seeds are dispersed in the environment in conditions to quickly germinate, indicating that the evolutionary pressure occurred in order of directing the energy for the vegetal production. Thus, these seeds seem to have acquired a propagation strategy in time and space different from that developed by orthodox seeds, when they enter dormancy. Germination under unfavorable conditions, lethal to most recalcitrant seeds, can result in the death of the first seedlings produced by Eugenia seeds, but not the whole seed. They also have the potential to generate new roots and even whole plants even after removing most of their reserves, but this capacity depends on the size of the seeds. There is evident interest in understanding the factors involved in this regenerative capacity that allow the formation of new seedlings also when the seed is fractionated. Such seeds are extremely predated by insects and the intensity of predation can vary from one environment to another, between species and between individuals of the same species. The objective of this work was to analyze the number of formations of new structures (roots and seedlings) in Eugenia seeds. Fruits of Eugenia spp. were collected and had their seeds extracted. These were characterized for water content using the oven method at 103 ± 2 °C. Then, germination tests (25°C and constant light) and regenerability were installed, with root eliminations (ER) and seedling eliminations (EP) for all species. The seeds of the studied species were capable of producing new roots and forming normal seedlings, successively, even after removal of the root and aerial part. The results showed that this regenerative capacity may, effectively, have provided an evolutionary strategy, which, in turn, maintained the propagation potential of the species even though they were recalcitrant.
Key words: ecological strategy, predation, regeneration.
RESUMO
Sementes recalcitrantes são dispersas no ambiente em condições de germinar rapidamente, indicando que a pressão evolutiva ocorreu no sentido de direcionar a energia para a produção vegetal. Assim, estas sementes parecem ter adquirido estratégia de propagação no tempo e no espaço diferente da desenvolvida pelas sementes ortodoxas, quando entram em dormência. A germinação em condições desfavoráveis, letal para a maioria das sementes recalcitrantes, pode resultar na morte das primeiras plântulas produzidas por sementes de Eugenia, mas não da semente toda. Apresentam também, potencial para gerar novas raízes e até plantas inteiras mesmo após a remoção de grande parte de suas reservas, mas essa capacidade depende do tamanho das sementes. Há evidente interesse na compreensão dos fatores envolvidos nessa capacidade regenerativa que permitem a formação de novas plântulas também quando a semente é fracionada. Tais sementes são extremamente predadas por insetos e a intensidade da predação pode variar de um ambiente para outro, entre as espécies e entre os indivíduos de uma mesma espécie. O objetivo deste trabalho foi analisar o número de formações de novas estruturas (raízes e plântulas) em sementes de Eugenia. Frutos de Eugenia spp. foram coletados e tiveram suas sementes extraídas. Estas foram caracterizadas quanto ao teor de água através do método de estufa a 103 ± 2 °C. Em seguida, instalou-se testes de germinação (25°C e luz constante) e de regenerabilidade, com eliminações de raízes (ER) e eliminações de plântulas (EP) para todas as espécies. As sementes das espécies estudadas foram capazes de produzir novas raízes e formar plântulas normais, sucessivamente, mesmo após remoção da raiz e da parte aérea. Os resultados mostraram que essa capacidade regenerativa pode, efetivamente, ter proporcionado estratégia evolutiva, que por sua vez, manteve o potencial de propagação da espécie mesmo sendo recalcitrantes.
Palavras – chave: estratégia ecológica, predação, regeneração.
Camila Rivero Alonso
A produção múltipla e sequencial de plântulas em sementes de Eugenia candolleana, E. pyriformis, E. uniflora, E. involucrata e E. brasiliensis depende de seu estado fisiológico e da massa cotiledonar
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