
21/09/2016
O Instituto Florestal (IF) promoveu nesta quarta-feira, 21 de setembro, as comemorações do Dia da Árvore. O evento aconteceu na sede da instituição, no Parque Estadual Alberto Löfgren (PEAL), zona norte de São Paulo. Na ocasião, foram realizados plantio de mudas, homenagens, atividade prática de escalada para coleta de sementes e o lançamento do Projeto Semear.
O plantio simbólico de cinco mudas de espécies nativas aconteceu no gramado da área administrativa do Parque. Após o plantio, foi formada uma grande roda com todos de mãos dadas em torno das mudas, gesto que também foi realizado em torno do prédio principal.
Clayton Ferreira Lino, presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica atentou para o contexto atual em que não apenas precisamos conservar nossas florestas, mas reparar os erros históricos e reconectar os fragmentos remanescentes.
O evento foi organizado pelo Instituto Florestal, que convidou as outras instituições com sede no PEAL a participarem e reforçou a importância das parcerias e ações em conjunto. Reuniu aproximadamente 130 pessoas, entre servidores do IF, da Fundação Florestal e de outras instituições parceiras, como a Polícia Ambiental e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), além de funcionários terceirizados e estagiários.
Os participantes do evento puderam ainda levar a cartilha Árvore Amiga da Cidade, material produzido por técnicos do IF e que trata sobre os benefícios da arborização urbana.
A importância dos coletores de sementes
O diretor geral do IF Edgar Fernando de Luca falou sobre a importância da instituição na recuperação das áreas naturais. “Não podemos falar sobre árvores sem pensar nas sementes. O Instituto Florestal está numa grande missão, que é fornecer sementes para o reflorestamento do Estado de São Paulo. O Programa Nascentes visa a restauração de cerca de 20.000 hectares de áreas prioritárias, sobre tudo matas ciliares. É o Instituto Florestal que vai fornecer a sementes. O Programa já restaurou mais de 1000 hectares com o plantio de quase 2 milhões de mudas. A primeira etapa do Programa visa a restauração de 4.500 hectares e já temos sementes para produzir cerca de 6,5 milhões de mudas”, informou Edgar.
Durante a cerimônia, foi realizada uma homenagem a Dirceu de Souza. Admitido em 1987 pela Fundação Florestal como sementeiro, Dirceu sempre trabalhou no Instituto Florestal. Está lotado na Estação Experimental de Mogi Guaçu, mas constantemente corre todo o Estado de São Paulo realizando a coleta de sementes e material botânico. A coleta é feita em árvores adultas medindo entre 10 e 30 metros de altura. Para isso, é necessário o uso de material especial para escalar as árvores.
Dirceu recebeu das mãos do diretor geral o Troféu Serelepe, idealizado pelo artista Ricardo Giacon e confeccionado com sementes. Também foram mencionados outros profissionais do Instituto Florestal que atuam intensivamente na coleta de sementes: Giovani Germano, João Barbosa da Silva e Adão Francisco Sales.
Após a cerimônia, o próprio Dirceu conduziu, com a ajuda de Giovani, uma demonstração prática de coleta de sementes utilizando o equipamento de escalada. Além do uso de esporas, para determinados tipos de árvores Dirceu utiliza uma técnica de rapel desenvolvida por ele e que já foi inclusive ensinada para comunidades tradicionais ribeirinhas e povos indígenas da amazônia.
Revitalização do viveiro de mudas e horta comunitária.
O evento marcou o lançamento do Projeto Semear. Seu objetivo é promover a revitalização do viveiro de mudas da sede do Instituto Florestal. Espera-se retomar a produção de mudas de espécies florestais, bem como envolver os funcionários e residentes da área na criação e manutenção de uma horta comunitária. Os trabalhos deverão integrar compostagem e coleta seletiva. A ideia é começar primeiramente trabalhando com público interno da instituição e, num segundo momento, envolver as comunidades do entorno para fortalecer os laços da instituição com a população. “O projeto tem a proposta de que possamos convier mais, semear relacionamentos”, conta Malu Gandra, coordenadora da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (RBCV).
História do Dia da Árvore no Brasil
O naturalista sueco Alberto Löfgren, que dá nome ao parque onde se localiza a sede do Instituto Florestal, foi citado nas falas do mestre de cerimônias, o pesquisador Luis Alberto Bucci, e do diretor geral do IF, Edgar Fernando de Luca. Em 1886, Löfgren deu início a instituição que viria a se tornar o Instituto Florestal. Em 1901 já apontava os problemas decorrentes da falta de árvores na cidade de São Paulo e o desmatamento no Estado. Inspirado em comemorações realizadas na Suécia e no Arbor Day dos Estados Unidos, propôs a criação do Dia da Árvore no Brasil. A primeira comemoração ocorreu no ano de 1902 em Araras, interior do Estado. Foi organizado por João Pedro Cardoso e foram utilizadas mudas do Horto Botânico da Cantareira (o nome do IF na época). Este é considerado por alguns historiadores o marco zero do nosso ambientalismo.
Fotos: Acervo Instituto Florestal