
16/05/2025
Projeto de pesquisa busca compreender a relação entre mudanças climáticas, concentração de pólen, poluentes atmosféricos e doenças respiratórias na cidade de São Paulo. Os estudos com pólen alergênico serão coordenados pela pesquisadora científica Cynthia Fernandes Pinto da Luz, do Laboratório de Palinologia do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), vinculado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil).
A iniciativa prevê a primeira estação de coleta de pólen da capital paulista, no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), localizado no bairro da Armênia, equipada com um amostrador volumétrico semiautomático do tipo Hirst, utilizado para a coleta de grãos de pólen e esporos do ar, e um ceilômetro, usado para a obtenção de dados meteorológicos detalhados. Além disso, outro coletor será instalado em área de mata preservada do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, onde está localizada a unidade Jardim Botânico do IPA.
O projeto conta com a colaboração de pesquisadores do Brasil, do Chile e da Espanha. A pesquisadora do IPA, bióloga com doutorado em geologia, e outros pesquisadores envolvidos, realizarão treinamento na Universidade de Granada, na Espanha, para aprender a manipular o equipamento de coleta. O treinamento será realizado sob supervisão da pesquisadora Paloma Cariñanos González, especialista em Aeropalinologia. No Brasil, irão atuar como replicadores, capacitando outros participantes do projeto, bem como os futuros interessados.

Pólen de aroeira-mansa (Schinus terebinthifolia), espécie nativa que ocorre na cidade de São Paulo, possui alto potencial alergênico
O cronograma do projeto prevê a criação do primeiro banco de dados nacional que correlacionará a concentração de pólen no ar, variáveis climáticas e poluentes com internações e óbitos por doenças respiratórias, utilizando informações do Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus) e das estações de monitoramento da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A partir desse banco de dados, será desenvolvido um modelo de Machine Learning (um ramo da inteligência artificial) capaz de prever surtos de doenças respiratórias, auxiliando na formulação de políticas públicas e estratégias preventivas.
Os resultados serão disponibilizados em uma plataforma interativa, que permitirá acesso aos dados coletados, download de informações e divulgação científica voltada tanto para especialistas quanto para o público geral.
Com impactos científicos, sociais e econômicos, a iniciativa contribuirá para o entendimento dos efeitos das mudanças climáticas na saúde, promovendo a redução de custos hospitalares e aprimorando estratégias de prevenção e tratamento de doenças respiratórias.
O projeto “Aplicação de Machine Learning para Predizer Casos de Internação e Óbito por Doenças Respiratórias” (ATIIM) tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e é coordenado pelo físico Gregori de Arruda Moreira, professor do IFSP.
Abaixo, imagens microscópicas de grãos de pólen de espécies exóticas de árvores e arbustos urbanos da cidade de São Paulo com potencial alergênico alto ou moderado:
Crédito das imagens: Cynthia Fernandes Pinto da Luz
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