
08/11/2024
Em 1º de novembro, aconteceu a 4ª edição do Seminário de Iniciação Científica do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA). No evento, estudantes de graduação, bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do IPA, apresentaram os resultados das pesquisas realizadas ao longo do último ano. O encontro aconteceu em ambiente virtual e possibilitou a participação de pessoas de diferentes lugares do estado de São Paulo.
Ao longo do dia, foram apresentados 10 trabalhos. Ano passado, foram apenas quatro bolsistas, mas de lá para cá o Instituto conseguiu com a concessão de mais seis cotas de bolsas com o CNPQ.
A primeira apresentação foi do estudante de Ciências Biológicas Danilo Bitencourt, orientado pela pesquisadora científica do IPA Mirian Rinaldi. Em seu trabalho, avaliou a distribuição subcelular de metais pesados e a capacidade de defesa e os danos celulares nas folhas das arbóreas pioneiras, Pleroma mutabile e Alchornea sidifolia, e das não pioneiras, Paubrasilia echinata e Ceiba speciosa, presentes em fragmento urbano de Mata Atlântica, o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, na capital paulista. As espécies apontaram respostas independentes do grupo sucessional.
A apresentação seguinte foi da estudante de engenharia florestal Gabrielli Viana, orientada pelo pesquisador Eduardo Longui, que dá continuidade à pesquisa já apresentada no seminário do ano passado. Neste trabalho, foi estudada a arquitetura hidráulica de 51 espécies nativas. Os resultados mostraram que espécies com vasos mais longos e largos em geral tem maior condutividade hidráulica, porém com maiores índices de vulnerabilidade, uma vez que vasos mais largos possuem maior chance de desenvolver embolias que prejudicam o transporte de água.
O aluno de biologia Heitor Fonseca, orientado por Frederico Arzolla, apresentou pesquisa sobre as variações na estrutura e na composição de grupos sucessionais entre trechos de floresta em diferentes condições de solo no Parque Estadual da Cantareira. Foram amostrados 768 indivíduos de árvores e samambaias arborescentes, totalizando 42 famílias e 93 espécies. Os resultados indicam que as condições ambientais têm moldado a estrutura da vegetação e a predominância de grupos sucessionais na floresta, podendo-se observar as diferenças de cada ambiente.
O estudante de agronomia João Felipe Volpi avaliou os estoques de biomassa e carbono no estrato arbóreo de uma área submetida à regeneração natural, localizada no Parque Estadual do Rio Turvo, dez anos após o abandono de um bananal. A análise revelou alta diversidade taxonômica. Os estoques de carbono observados indicam que o tempo de regeneração é um fator chave na capacidade de sequestro de carbono da vegetação. O estudo reforça o potencial da regeneração natural como uma solução eficaz e de baixo custo para a recuperação de áreas degradadas e a mitigação das mudanças climáticas. O trabalho foi orientado pelo pesquisador científico Ocimar Bim.
Encerrando as apresentações da parte da manhã, o estudante João Matheus Freitas apresentou trabalho que investigou a conservação e o melhoramento genético do baru (Dipteryx alata), espécie nativa de Cerrado ameaçada de extinção. O experimento foi plantado em 2013 na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão, em Selvíria/MS, vinculada à Universidade Estadual Paulistas (Unesp) de Ilha Solteira. Após 10 anos, a taxa de sobrevivência foi moderada (53%). Os resultados destacam o potencial genético do baru para programas de melhoramento e conservação, promovendo sua sustentabilidade e uso econômico. O estudo foi orientado pelo pesquisador do IPA Miguel Freitas.
Abrindo os trabalhos na parte da tarde, Mariana Silva, orientada pelo pesquisador científico Denilson Peralta, apresentou pesquisa que teve como objetivo apresentar uma listagem das briófitas ocorrentes no Parque Estadual Morro do Diabo, localizado em Teodoro Sampaio/SP, que preserva o maior remanescente de Mata Atlântica do Oeste Paulista. Para isso, foram analisadas 254 exsicatas depositadas no Herbário “Maria Eneyda Pacheco Kauffman Fidalgo” (Herbário SP), uma das coleções do IPA. Foram encontradas, até o momento, 100 espécies, distribuídas em 57 gêneros. Este estudo representa o primeiro levantamento florístico de briófitas na região.
Logo após, Mayra Santos, estudante de biologia, apresentou estudo no qual foram avaliados fungos como aceleradores da degradação de resíduos vegetais em um sistema otimizado por nutrientes. Para isso, foram utilizadas co-culturas de diferentes espécies de basidiomicetos para a degradação de folhas de 4 espécies de palmeiras, que são resíduos urbanos de difícil destinação. O trabalho foi orientado pela pesquisadora científica do IPA Vera Vitali.
A aluna Patrícia Rodrigues avaliou como a poluição atmosférica, especialmente em megacidades como São Paulo, impacta negativamente a saúde e a produtividade das plantas nativas. Os estudos foram realizados em duas áreas da Mata Atlântica com diferentes níveis de poluição: a Reserva Florestal do Instituto de Biociências, na capital paulista, e a Reserva Florestal do Morro Grande, em Cotia/SP. Patrícia foi orientada pela pesquisadora Fernanda Moreira, que foi bolsista de iniciação científica no antigo Instituto de Botânica e atualmente faz pós-doutorado no IPA.
Em seguida, foi apresentado o trabalho de Sasha Steidle, orientado pelo pesquisador Humberto Gallo Júnior. O estudo traz uma análise das pesquisas em Unidades de Conservação do Estado de São Paulo. Foi examinada a produção científica em 22 Parques Estaduais (PE) paulistas. Os resultados mostram que os núcleos do PE Serra do Mar com mais pesquisas são Picinguaba (56,8%) e Santa Virgínia (34,5%), por terem trilhas e alojamento. Em relação à área de conhecimento, a maioria dos projetos de pesquisa se enquadra em Ciências Biológicas (71,8% do total).
Por fim, foi apresentado o trabalho de Itainara Silva, orientado pela pesquisadora científica do IPA Mutue Fujii. A pesquisa teve como objetivo ampliar o conhecimento a respeito de variantes pigmentares na alga vermelha Gracilaria caudata visando à prospecção de bioativos. Pesquisas recentes destacam a riqueza bioquímica das algas vermelhas, evidenciando sua capacidade de produzir compostos bioativos que possuem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, anticancerígena, antimicrobiana e nutracêutica, tornando-as alvos atrativos para o desenvolvimento de produtos farmacêuticos, cosméticos e suplementos nutricionais. Avanços no isolamento e seleção de linhagens de algas vermelhas podem otimizar a produção de compostos de interesse, impulsionando ainda mais o potencial biotecnológico desse grupo.
As pesquisadoras científicas Catarina Nievola e Silvia Ribeiro de Souza, do IPA, formaram a banca para as arguições juntamente com o convidado externo Danilo Centeno, da Universidade Federal do ABC. Ao final do evento, foi realizada premiação para três trabalhos de destaque:
1º lugar: João Felipe Rocha – “Composição Florística e Estoques de Carbono no Estrato Arbóreo em uma área de mata Atlântica no Parque estadual do Rio Turvo – SP”
2º lugar: Patrícia Rodrigues – “Conteúdo de pigmentos fotossintéticos e trocas gasosas de espécies nativas de dois fragmentos de Mata Atlântica com diferentes níveis de poluição atmosférica”
3° lugar: Danilo Bitencourt – “Níveis de tolerância e distribuição subcelular de metais pesados em folhas de arbóreas em fragmento urbano de Mata Atlântica”
Acesse aqui o caderno de resumos do 4º Seminário de Iniciação Científica.
Texto: Núcleo de Divulgação Científica – IPA