
13/06/2024
No dia 3 de junho, o Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) promoveu evento para apresentar os resultados dos projetos realizados no âmbito do edital “Planos de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa (PDIPs)“, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A concessão de auxílio pela agência de fomento proporcionou a modernização da infraestrutura de pesquisa da instituição e potencializou avanços no conhecimento técnico-científico, na formação de recursos humanos e nas ações de inovação tecnológica. O evento integrou a programação da Semana do Meio Ambiente da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) do estado de São Paulo e aconteceu no auditório Augusto Ruschi, na sede da pasta de governo.
Jonatas Trindade, subsecretário de Meio Ambiente, acompanhou todo o evento e em sua fala elogiou o trabalho realizado pelo IPA, destacando a importância da transparência e da divulgação das ações de pesquisa. O edital foi lançado em 2017 e, entre outras instituições de pesquisa científica paulistas, foram contemplados o Instituto de Botânica (IBt) e o Instituto Geológico (IG), que em 2021 passaram a integrar o recém-criado IPA. Luiz Mauro Barbosa, diretor geral do IBt à época do edital, relatou que havia polêmica em torno do questionamento em relação à possibilidade do projeto representar uma competição com a universidade. “A gente não veio para dividir, mas para somar. E os resultados alcançados mostram isso”, argumentou o pesquisador. “As universidades e institutos de pesquisa científica são diferentes, mas trabalhamos conjuntamente”, complementou a pesquisadora Luciana Ferreira, ex-diretora do IG. A mesa de abertura do workshop “Avanços da Pesquisa Ambiental com o Programa de Desenvolvimento de Infraestrutura e Pesquisa” contou ainda com a presença de Jean Paul Metzger e Michele Badin, ambos da Fapesp, além do coordenador do IPA Marco Aurélio Nalon.
A pesquisadora científica Marisa Domingos apresentou os resultados do projeto oriundo do Instituto de Botânica e que o IPA deu sequência: “Desafios para a conservação da biodiversidade frente às mudanças climáticas, poluição e uso e ocupação do solo” (Processo Fapesp nº 17/50341-0). As pesquisas tiveram enfoque na região do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, que abrange 72 municípios com inúmeros fragmentos de vegetação nativa e corpos d’água. Foram realizados diagnósticos observacionais, levantamentos de séries temporais e análises laboratoriais, estudadas das sementes às árvores, de bromélias a algas, buscando compreender como respondem aos estresses resultantes dos impactos antrópicos. Entre 2018 e 2024, foram publicados 173 artigos científicos relacionados ao projeto, que envolveu 52 profissionais do Instituto e cujas parcerias abrangeram 25 instituições nacionais e 25 estrangeiras. O PDIP também fortaleceu o programa de pós-graduação da instituição com a concessão de 22 bolsas da Fapesp. Houve conserto e aquisição de equipamentos e a estruturação de uma central de pesquisa multiusuária, o Laboratório de Estudos Ambientais, na unidade Jardim Botânico do IPA, além da ampliação das coleções, como a palinoteca (que é a maior do país) e o acervo de herbários (ampliado em 15%). Além disso, o projeto foi marcado pela utilização de ferramentas moleculares para certificação de coleções de plantas e fungos, resultando em mais precisão na identificação das espécies. Em relação a educação e divulgação científica, foram entregues produtos como dioramas para o Museu Botânico, vídeos educativos elaborados por alunos da pós-graduação e publicações em mídias diversas.
Em seguida, Luciana apresentou os resultados do projeto “Modernização e ampliação da infraestrutura de pesquisa científica do Instituto Geológico para subsidiar políticas públicas na área de meio ambiente” (Processo Fapesp nº 17/50336-6). Os trabalhos priorizaram a modernização de três áreas de atuação da instituição: avaliação de monitoramento de riscos e desastres relacionados a eventos extremos; caracterização hidrogeológica e proteção de aquíferos, e levantamentos geomorfológicos e climáticos do estado de São Paulo. Entre 2018 e 2013, foram publicados 116 artigos científicos e cinco livros relacionados ao projeto, entre outras comunicações. Entre os resultados obtidos com a empreitada, houve a modernização do sistema de bases de dados (https://redezee.datageo.ambiente.sp.gov.br/ipabd). O projeto também possibilitou a implantação de novas instalações laboratoriais e coleções na unidade Vila Mariana do IPA, como o Laboratório de Hidrossistemas Cársticos e o Laboratório de Análises Geológicas. Também foram realizadas diversas oficinas de capacitação direcionadas aos mais variados atores relacionados às áreas de atuação da instituição, desde agentes públicos à sociedade civil.
Além das apresentações com as prestações de contas em relação aos resultados dos projetos realizados pelo IPA no âmbito do edital da Fapesp, os participantes presentes puderam assistir a duas palestras. Giuliano Locosselli, atualmente no Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena/USP), foi o primeiro bolsista Jovem Pesquisador no âmbito do PDIP do IPA. “A partir deste projeto, alcancei novos postos na minha carreira”, revelou o biólogo. Em sua palestra, apresentou resultados de pesquisa mostrando que florestas urbanas são fundamentais para a adaptação das cidades às mudanças climáticas pois potencializam o provimento de serviços ecossistêmicos durante eventos extremos. Já a pesquisadora científica Célia Souza, do IPA, apresentou o Sistema de Alerta de Ressacas e Inundações Costeiras (Saric), criado no âmbito do projeto entre 2020 e 2023. Esse novo sistema integra informações de previsão de condições marítimas, altura de maré, ondas e monitoramento de situação de praias do litoral paulista.