
04/12/2023
No dia 4 de dezembro, a Agência Bori divulgou estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e publicado em periódico científico do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) de São Paulo que aponta que o uso de casca de coco no cultivo de bromélias pode reduzir o extrativismo predatório e diminuir o risco de extinção dessas plantas no Paraná. Os pesquisadores testaram germinação de bromélias em substratos diferentes, entre eles a casca de coco, e os resultados apontaram que foram obtidas 30% a mais de mudas de bromélias com esse substrato. O cultivo de bromélias pode ser uma solução que daria destino a quase 300 toneladas de cascas de coco descartadas em aterros sanitários no litoral paranaense.
O artigo científico “Germinação e sobrevivência de Nidularium innocentii Lem. (Bromeliaceae), bromélia ornamental em substratos de baixo custo pra cultivo: uma alternativa ao extrativismo” pode ser acessado na Revista do Instituto Florestal.
Veja abaixo o texto completo da matéria publicada na Bori:
Cientistas propõem uma forma de diminuir o risco de extinção das bromélias no estado do Paraná. No lugar de extrair essas plantas das florestas, a solução envolve cultivá-las com uso de um substrato de resíduos da casca de coco, recurso abundante no litoral paranaense. A conclusão é de um estudo da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) publicado na segunda (4) na “Revista do Instituto Florestal”.
Os pesquisadores testaram a capacidade de germinação de bromélias em seis substratos feitos de materiais facilmente encontrados no estado do Paraná: turfa, fibra de casca de coco, substrato da marca ‘plantmax’, húmus de minhoca, casca de pinus umidificada e solo agrícola peneirado. O experimento foi realizado com 25 sementes por unidade experimental, à temperatura ambiente, irrigadas por um período de 90 dias. Os substratos foram quimicamente analisados de acordo com as normas do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
No 15º dia de experimento quase todas as sementes haviam germinado nos seis substratos testados. O destaque foi para o substrato de casca de coco: quase 30% a mais de sementes de bromélia germinaram nele. O substrato apresenta vantagens de reter bastante água e ser resistente a mudanças de ambiente.
O resíduo da casca de coco tem uma importância regional no Paraná, pois a fruta é bastante consumida no litoral durante os meses de verão, o que gera aproximadamente 300 toneladas de casca. O material pode representar até 70% do lixo sólido descartado em aterros dos municípios da região. Por isso, transformar esses resíduos em substrato poderia ajudar a reduzir o lixo e ser uma nova fonte de renda para a população.
Os resultados do estudo preenchem uma lacuna de conhecimento sobre culturas agronômicas de bromélias. Até então, a produção comercial dessas plantas era limitada por se desconhecer as técnicas mais adequadas de plantio. A extração de bromélias diretamente das florestas era o meio mais recorrente para obtê-las. “Estamos muito satisfeitos com os resultados, as pesquisas precisam se conectar com a realidade, propor alternativas que contribuam com práticas sustentáveis e com a integração entre ser humano e meio ambiente”, explica Adilson Anacleto, doutor em ciências pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coautor do artigo.
Agora, o próximo passo será avaliar a demanda e o potencial de mercado das bromélias que serão cultivadas. Já se sabe que elas são mais resistentes a viagens de longa duração, pestes e doenças, o que favorece a sua produção e venda. “A próxima fase do estudo envolve analisar o perfil do consumidor dessas plantas para determinar quais são as melhores formas de comercializá-las”, revela o pesquisador.
Fonte: Agência Bori
A matéria elaborada pela equipe da Bori subsidiou a publicação de uma notícia no site jornalístico do Uol.
Parceria para divulgação de ciência brasileira
Um dos instrumentos que o IPA herdou do Instituto Florestal para fazer divulgação científica foi a parceria com a Bori, que surgiu como resultado de uma articulação entre editores de Revista do Instituto Florestal e a Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC). A agência de notícias busca construir uma ponte entre os meios de comunicação e as pesquisas científicas realizadas no Brasil, por brasileiros e publicadas em periódicos científicos nacionais. A equipe da Bori avalia os artigos do periódico científico para verificar quais têm relevância e, a partir daí, prepara matérias e enviam para centenas de jornalistas que estão cadastrados no site da agência, alcançando desde profissionais autônomos até aqueles que atuam em grandes mídias.
A Bori já produziu 10 matérias jornalísticas sobre pesquisas publicadas na Revista do Instituto florestal. Foram realizadas divulgações de artigos de autoria tanto de pesquisadores do IPA quanto de outras instituições, como a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade de Cuiabá, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), no Rio Grande do Norte, a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), em Minas Gerais, e a Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
Segue abaixo o histórico das divulgações das pesquisas do IPA realizadas pela Agência Bori:
Estudo identifica aptidão da jurema-preta para uso em pisos de madeira (6/12/2021)
Com grande volume de água, bacias de Cunha (SP) são importante manancial da Mata Atlântica (30/03/2022)
Cultivo de eucalipto protege matas e contribui para preservação da biodiversidade em florestas (11/05/2022)
Dezoito espécies de aves são vistas pela primeira vez em matas de brejo no interior de SP (30/06/2022)
Esterco de aves é o que mais reduz acidez de solo e favorece plantações no Cerrado, aponta estudo (12/09/2022)
Um terço das Áreas de Preservação Permanente em São Luiz do Paraitinga (SP) estão suscetíveis a inundações (16/12/2022)
Árvore usada na restauração do Cerrado se torna mais fértil com adição de calcário e fósforo (30/04/2023)
Desmatamento do interior paulista provocou desaparecimento de 80 espécies de aves (22/05/2023)
Uma em cada dez espécies de árvores da Serra de Paranapiacaba está em risco de extinção (30/06/2023)
Uso de casca de coco melhora cultivo de bromélias e pode reduzir o extrativismo predatório (4/12/2023)
A submissão de artigos para a Revista do Instituto Florestal mudou
A Revista do Instituto Florestal é uma revista de acesso aberto e agora está na plataforma Open Journal Systems – OJS, com suporte da Lepidus Tecnologia. A submissão dos artigos e a tramitação agora se dará de forma eletrônica. Para saber mais, acesse o link: https://rif.emnuvens.com.br/revista/about/submissions. A plataforma também hospeda toda a coleção dos artigos da Revista, oferecendo mecanismos de busca e possibilitando downloads gratuitos, melhorando o acesso tanto para o corpo de cientistas, técnicos e alunos do IPA, quanto para o público externo, tornando os artigos mais acessíveis à sociedade de uma forma geral.
Foto: Bromélia da espécie Nidularium innocentii / Crédito da Imagem: Agnieszka Kwiecień, Nova, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons
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