17/11/2023

Nos dias 6 e 7 e novembro, aconteceu a 3ª edição do Seminário Produtor Sustentável – Leite & Floresta. Com o objetivo de divulgar tecnologias sustentáveis para a produção de leite, o evento contou com diversas palestras voltadas à adequação ambiental de propriedades rurais e à conservação da biodiversidade, ministradas por pesquisadores e técnicos do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) e de outras instituições. O Seminário aconteceu no município de Cruzeiro/SP.

A especialista ambiental Claudia Porto, da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil), apresentou o Programa Refloresta SP, que tem como objetivo a restauração dos serviços ambientais em 700 mil hectares em todo o estado de São Paulo até 2050. “A ideia é cumprir esse objetivo plantando florestas, restaurando serviços em pastos degradados, fazendo a mobilização da bacia hidrográfica, apoiando iniciativas municipais, entre outras ações. Para isso, em uma região onde 70% é pasto, estar em um evento onde se fala sobre produção de leite de maneira sustentável é muito importante pra cumpramos esse objetivo. Encontros onde técnicos, professores, produtores rurais e sindicatos estejam presentes são muito importantes para a troca e para fortalecer as parcerias que podem viabilizar qualquer tipo de projeto”, explica.

Dentre as palestras ministradas pelo corpo técnico do IPA, que também está envolvido no Programa Refloresta SP, o pesquisador científico Luiz Mauro Barbosa apresentou os avanços das ferramentas de restauração ecológica no Vale do Paraíba ao longo dos últimos 40 anos. “Dentre essas ferramentas, posso destacar a chave de tomada de decisões, que é um documento que ensina o agricultor, quem for fazer o reflorestamento, a saber o que se aplica melhor na situação que ele está trabalhando. Geramos, inclusive, um livro com a lista das espécies das diferentes regiões do estado de São Paulo. Trabalhamos todas as espécies que são possíveis de serem utilizadas nesse reflorestamento. Ao longo dos anos tivemos uma evolução, saindo de 200 a 300 espécies que se utilizava, chegando a 3 mil (sendo mil espécies de árvores). A gente indica o que pode ser plantado em cada região e como pode ser plantado. Esse material dá a garantia de que o conhecimento científico existente hoje seja aplicado nos trabalhos de restauração florestal”, relata. Luiz Mauro comenta ainda como os Simpósios de Restauração Ecológica realizados bienalmente no antigo Instituto de Botânica ao longo de décadas foram importantes para pautar a pesquisa científica através das demandas da sociedade trazidas pelos participantes do evento.

O pesquisador científico Miguel Freitas, do IPA, também apresentou resultados de pesquisas de longa duração realizados historicamente no Instituto Florestal em sua palestra “Pomar de sementes de espécies arbóreas nativas”. Estre trabalho, desenvolvido atualmente junto à Fundação Florestal, além de dar subsídios aos produtores rurais aumentando sua renda na coleta de sementes e produção de mudas, atende aos objetivos de programas ligados à Semil, como o Refloresta. Kátia Mazzei e Fernando Cirillo, pesquisadora e assistente técnico do IPA, ministraram palestra sobre conservação da biodiversidade no Vale do Paraíba.

Afonso Peche Filho, pesquisador do Instituto Agronômico e Campinas (IAC), ressaltou a necessidade dos produtores rurais mudarem a ótica do sistema produtivo, principalmente eliminando a degradação e construindo ambientes mais equilibrados. André Luiz Monteiro, engenheiro agrônomo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), apontou a preocupação da região de fazer as coisas diferentes. “Os produtores já perceberam que é uma região de solos bem degradados, muito erodidos por toda a história centenária de exploração. A forma de se resgatar a produtividade e eficiência dos produtores passa por conhecimento, tecnologia e trabalho conjunto de diferentes instituições”, ressalta.

O evento foi organizado pelo Sindicato Rural de Cruzeiro e Lavrinhas em parceria com a Cooperativa de Laticínios de Cachoeira Paulista (Colacap) e a ONG The Nature Conservancy, com o apoio de diversos parceiros.