27/05/2022

 

Em 27 de maio é comemorado o Dia da Mata Atlântica. A data de celebração é uma referência ao dia em que Padre Anchieta assinou a Carta de São Vicente, documento no qual descreveu, pela primeira vez, a riqueza das florestas tropicais nas Américas, ainda em 1560.

O bioma (ou domínio, como preferem alguns autores) ocorre em 17 estados do Brasil, do Rio Grande do Sul ao Piauí e seus ecossistemas constituem uma das maiores biodiversidades do mundo. Não é uma paisagem única e homogênea. Ela varia de norte a sul e do litoral para o interior conforme a temperatura e altitude e obedece a distintos regimes de chuvas, influenciados pela proximidade com o mar e pelas peculiaridades do relevo, solos e clima de cada região. No território da Mata Atlântica vivem cerca de 145 milhões de habitantes e concentra-se mais de 70% da economia do Brasil. Suas florestas ultrapassam as fronteiras do nosso país, chegando a parte da Argentina e do Paraguai. Juntamente com o Cerrado, é um dos dois biomas presentes no estado de São Paulo.

No entanto, a Mata Atlântica foi bastante devastada desde a chegada dos colonizadores ao nosso território. E continua sendo. Em 1500, quando os portugueses chegaram à costa brasileira, a Mata Atlântica ocupava mais de 1.300.000 km², cerca de 15% do atual território brasileiro. Atualmente reduzida a menos de 12% de sua extensão original, está entre os cinco hotspots de biodiversidade mais críticos do planeta pelo grau de destruição e fragmentação que historicamente caracterizaram sua ocupação e exploração predatória dos recursos. A degradação do bioma coloca em risco a existência de espécies de flora e fauna, a cultura e o modo de vida de comunidades tradicionais ou mesmo o abastecimento urbano de água e alimentos.

Neste sentido, compreendendo a importância da Mata Atlântica, o Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) remonta uma longa história relacionada à pesquisa científica e à conservação da natureza, inclusive considerando que a floresta em pé pode render ganhos econômicos. Desde a criação da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, em 1886, passando pela criação dos institutos de Botânica, Florestal e Geológico, que em 2021 seriam fundidos e transformados em IPA, há uma trajetória de criação e gestão de áreas legalmente protegidas no estado de São Paulo que atualmente, geridas pela Fundação Florestal, cumprem seu papel de conservar e preservar espécies, comunidades, monumentos geológicos e até assegurar qualidade do ar que respiramos.

Ao longo das décadas foram realizadas pesquisas das mais variadas, inclusive de longo prazo, como o monitoramento de três bacias hidrográficas em Cunha/SP por mais de 20 anos e cujos dados ajudam a compreender alterações nesses ecossistemas e a desenvolver soluções para possíveis problemas no manejo de bacias hidrográficas e garantir o abastecimento urbano. As pesquisas científicas desenvolvidas na instituição têm caráter multidisciplinar e abordam as mais diferentes temáticas e aplicações, como experimentos em restauração florestal para recuperar as áreas degradadas ou em produção florestal, visando rendimento econômico aliado à conservação. As pesquisas relacionadas à identificação de madeira ajudam aos órgãos de fiscalização a coibirem o comércio ilegal. A educação ambiental também se faz presente para criar uma ponte entre todo esse universo da proteção ambiental e a comunidade. Entre tantas outras…

O Instituto de Pesquisas Ambientais também abriga na Unidade Horto Florestal, na zona norte da capital paulista, a sede da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA). A entidade é vinculada ao programa Man and Biosphere da Unesco, foi criada em 1991 e tem como funções: a conservação da biodiversidade e dos demais atributos do bioma, incluindo a paisagem e os recursos hídricos, valorizando a sociodiversidade e o patrimônio étnico e cultural a ela vinculados; o fomento ao desenvolvimento econômico que seja social, cultural e ecologicamente sustentável; e o apoio à produção e difusão do conhecimento tradicional e científico, à educação ambiental e à capacitação, bem como à pesquisa.

Referências:

https://rbma.org.br/
https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/educacaoambiental/27-de-maio-dia-nacional-da-mata-atlantica/
https://abori.com.br/ambiente/com-grande-volume-de-agua-bacias-de-cunha-sp-sao-importante-manancial-da-mata-atlantica/