17/10/2025

Imagem: Pica-pau-verde-barrado (Colaptes melanochloros) / Crédito: Paulo Muzio

Após 14 anos desde a publicação do último levantamento de aves com abrangência para todo o território paulista, foi apresentada uma lista atualizada com 864 espécies, 76 a mais que a anterior. O pesquisador científico Alexsander Antunes, do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), participou do estudo que revisou todos os registros ornitológicos disponíveis para o estado de São Paulo, que abriga mais de 40% da diversidade de aves do país. A pesquisa foi conduzida junto a cientistas da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do Centro de Estudos Ornitológicos. O artigo científico Updated checklist of the birds of São Paulo State, Brazil (Lista de verificação atualizada das aves do estado de São Paulo, Brasil) foi publicado em agosto na revista Papéis Avulsos de Zoologia, periódico científico do Museu de Zoologia da USP.

Os autores apontam o papel significativo dos observadores de aves na adição de muitos dos novos registros do estado desde a lista de 2011, com algumas espécies, como Florisuga mellivora e Poospiza nigroufa, sendo documentadas apenas por meio dessas fontes. São Paulo ostenta a maior comunidade de observação de aves do Brasil, com mais de 14 mil membros registrados na plataforma WikiAves e mais de 6 mil na eBird. A expectativa é de que, pelo tamanho dessa comunidade, novos registros continuem a surgir, especialmente em regiões subamostradas, como o Noroeste Paulista.

Em meio a essa grande diversidade de aves, 20 espécies já estão extintas em São Paulo e 39 são classificadas como criticamente ameaçadas de extinção. Os pesquisadores apontam preocupações em relação à perda progressiva da cobertura vegetal nativa, o que resulta no declínio de táxons dependentes de florestas e especializados em habitats. Eles ressaltam que esforços de restauração, projetos de conectividade de habitats e programas de reintrodução de fauna são cruciais para restaurar processos ecológicos interrompidos nos ecossistemas remanescentes do Cerrado e da Mata Atlântica. Dentre as iniciativas, destacam a criação de 280 áreas protegidas em São Paulo ao longo da história, o que contribuiu para a redução das taxas de desmatamento.

A publicação dá subsídios para uma melhor compreensão da avifauna em São Paulo, servindo de referência para observar mudanças na comunidade de aves ao longo do tempo. Além disso, ajuda no monitoramento direcionado e nas avaliações de risco de extinção, garantindo que todas as espécies no estado sejam incluídas nos esforços de conservação.