Nos dias 28 e 29 de agosto, Regina Tomoko Shirasuna, assistente técnica de pesquisa científica e tecnológica no Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), ministrou o curso “Identificação de Vegetação – Do Campo ao Herbário: Morfologia Vegetal e Conservação na Mata Atlântica”, no município paulista de Ilhabela. O evento foi organizado pela prefeitura local com apoio da Escola de Governo Municipal.

O objetivo foi capacitar profissionais que atuam no município para identificar e conservar a biodiversidade local. O público participante incluiu profissionais da Defesa Civil, da Fundação Florestal e técnicos da prefeitura que atuam em áreas de conservação ambiental e na gestão de recursos naturais. A atividade reuniu aproximadamente 30 técnicos.

No primeiro dia, as aulas, de caráter teórico-prático, abordaram a morfologia vegetal, com uma introdução ao uso da chave de identificação botânica. Também foram apresentadas técnicas de herborização, coleta em campo, prensagem de material botânico e confecção de rótulos, bem como uma introdução às principais famílias botânicas, com destaque para aquelas de maior representatividade no Brasil.

Outro tema de destaque foi a caracterização das fitofisionomias da Mata Atlântica e das vegetações associadas, tanto pelo sistema do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) quanto pela perspectiva jurídico-normativa. Foram ainda explicadas terminologias aplicadas a cursos d’água, além de um breve histórico sobre a importância da Mata Atlântica, das formações aquáticas e da vegetação paludosa.

Encerrando a parte teórica, foi discutida a sucessão ecológica primária e secundária, com detalhamento dos estágios suscessionais, grupos ecológicos e funcionais, exemplificados por meio de fotos de espécies indicadoras. Ao final, foram ainda apresentadas as principais espécies exóticas e invasoras que oferecem riscos aos ecossistemas nativos.

A programação incluiu uma visita técnica ao viveiro de mudas, bem como a observação direta da vegetação em campo, contemplando trechos de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, vegetação de praia, escrube de restinga e o complexo do manguezal, com seus diferentes extratos: mangue arbóreo, mangue arbustivo e marismas (mangue herbáceo). No segundo dia de curso, o grupo realizou uma aula prática no Parque das Cachoeiras, na Água Branca, e em áreas de mangue próximos à Ponte Estaiada e ao embarque da balsa. Na visita de campo, os alunos puderam aplicar o conhecimento adquirido, além de desenvolver habilidades essenciais para o manejo e conservação dos ecossistemas da ilha.

O curso representou uma oportunidade de integração entre teoria e prática, fortalecendo o conhecimento técnico e ampliando a compreensão sobre a flora nativa e os desafios da conservação ambiental na região.

Regina é bióloga com mestrado em taxonomia vegetal e curadora do Viveiro Tamboril, localizado na Unidade Jardim Botânico do IPA.