
30/07/2025
Crédito da imagem: Fundação Florestal
Uma pesquisa científica realizada na Ilha do Cardoso, no município paulista de Cananéia, avaliou as correlações entre as características do solo e as da vegetação da área. Os resultados mostraram que os fatores que melhoram a fertilidade do solo favorecem a diversidade de espécies vegetais. No entanto, diminuem a equabilidade, que refere-se à uniformidade na distribuição dos indivíduos entre as espécies em uma comunidade, o quão bem as espécies estão representadas em termos de abundância, se algumas são muito mais numerosas do que outras, ou se a distribuição é mais equilibrada. O trabalho foi publicado no final de maio na revista Hoehnea, um dos periódicos científicos do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA).
Os solos são fundamentais para a vida no planeta. Entre tantos benefícios, armazenam carbono e nutrientes, servem de habitat para diversas formas de vida e têm papel imprescindível no ciclo da água. E o tipo de solo influencia diretamente na estrutura da vegetação, na distribuição e na abundância das espécies arbóreas.
O Parque Estadual da Ilha do Cardoso tem 13,6 mil hectares e representa uma amostra em escala reduzida de todos os tipos de vegetação ocorrentes na Costa Atlântica do Brasil. No estudo, foram analisadas as características físicas e químicas de amostras de solo coletadas em cinco áreas do Parque, localizadas em florestas de restinga, de encostas e de planície. Os dados obtidos foram correlacionados às variáveis da vegetação, como diversidade de espécies, densidade de indivíduos, altura média, diâmetro do tronco, equabilidade, entre outras.
A compreensão dessas características pode embasar diversos trabalhos técnicos, como por exemplo sobre a produção hídrica da área, sobre a capacidade de carga de trilhas ou até mesmo na previsão de riscos de deslizamentos de encostas. Desvendar as relações entre a vegetação e sua interação com o solo possibilita ainda um melhor conhecimento dos processos ecossistêmicos, permitindo predizer os efeitos das alterações ambientais sobre a própria biodiversidade. Pesquisas como essa são importantes para subsidiar planos de manejo para a conservação e para a exploração autossustentada, quando for o caso.
No entanto, ainda são poucos os trabalhos desenvolvidos para estudar especificamente as relações do solo com as florestas do Brasil, principalmente no bioma Mata Atlântica, o que reforça a importância deste estudo. Outro exemplo é uma pesquisa realizada também com a participação do corpo-técnico do IPA no Núcleo Cunha do Parque Estadual da Serra do Mar e publicada na Revista do Instituto Florestal em 2019.
O artigo científico com os resultados do estudo na Ilha do Cardoso tem entre seus autores o pesquisador científico aposentado do antigo Instituto de Botânica Marcos Mecca Pinto e o pesquisador do IPA João Del Giudice Neto.