
08/07/2025
No dia 2 de julho, o Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) apresentou os resultados do “Diagnóstico da produção de mudas nativas do estado de São Paulo”, projeto integrante do Programa Refloresta-SP. O levantamento envolve 174 viveiros e revela capacidade de produção de até 74 milhões de mudas nativas por ano.
O estudo foi coordenado por Luiz Mauro Barbosa, pesquisador científico do IPA com longa história de contribuições para o aprimoramento de políticas públicas e o fortalecimento dos viveiros como agentes fundamentais na recuperação dos ecossistemas paulistas. O evento aconteceu no plenário Paulo Nogueira Neto, na sede da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), na capital paulista.
Além de mapear os viveiros existentes, o diagnóstico visa a fortalecer a articulação entre os atores e subsidiar políticas públicas mais eficazes. Todos os dados são atualizados periodicamente e disponibilizados publicamente no Mapa de Viveiros do IPA. A ferramenta permite localizar viveiros por região, volume de produção, capacidade instalada e diversidade de espécies, promovendo a integração entre produtores, consumidores e gestores ambientais.
Os dados consolidados em junho revelam um setor robusto e diversificado, porém ainda desigual em termos de escala e estrutura:
- Produção anual total estimada: 37 milhões de mudas
- Total de viveiros mapeados: 174
- Espécies nativas cultivadas: mais de 750
- Viveiros com mais de 100 mil mudas/ano: 78
- Viveiros com mais de 100 espécies diferentes: 46
De acordo com o levantamento, 22 viveiros têm capacidade de produção acima de 1 milhão de mudas por ano e sete produzem mais de 200 espécies diferentes – uma amostra da diversidade biológica disponível para projetos de restauração ecológica. Entre as espécies mais comuns estão ipê-amarelo, ipê-roxo, pau-jacaré, quaresmeira, angico-vermelho, jequitibá-rosa, aroeira-pimenteira, paineira, jatobá e sibipiruna, todas com papel fundamental em projetos de restauração ecológica, serviços ecossistêmicos e conexão de fragmentos florestais.
Além da coleta de dados via questionários, o projeto também promove a aproximação entre os diversos atores do setor por meio de workshops, com participação de viveiristas, técnicos, pesquisadores e representantes do poder público. Nestes eventos, são debatidas questões como rastreabilidade, regularização, logística, financiamento e intercâmbio de sementes.
“O diagnóstico mostra que há um potencial produtivo muito maior do que o aproveitado hoje. Com este planejamento, é possível ativar essa capacidade e atender à crescente demanda por restauração ambiental”, afirma Luiz Mauro.
Com a ampliação da base de dados e o fortalecimento da rede de viveiristas, o diagnóstico consolida-se como um instrumento técnico de apoio ao planejamento e execução de restauração ecológica ou através de sistemas agroflorestais, fundamentais para o enfrentamento da crise climática e para o desenvolvimento de uma economia verde no estado de São Paulo.
Assista ao vídeo do evento na página de Youtube do IPA.
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