18/10/2024

No dia 16 de outubro, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil) levou a “Mostra Ecofalante de Cinema” para mais de 80 cidades participantes do Programa Município Verde Azul. O filme exibido foi “Solo Fértil” (Kiss the Ground), documentário que propõe uma quebra de paradigma no uso do solo para a realização de práticas agrícolas mais sustentáveis e para a reversão da emergência climática. Foi proposto que cada município realizasse palestras com convidados locais, seguidas de debate, após a exibição do filme. Na sede da Semil, na capital, os debates contaram, entre outros especialistas convidados, com uma palestra do pesquisador científico Clóvis de Oliveira Jr, do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA). Tanto o documentário, quanto os especialistas presentes, propuseram a adoção de uma agricultura regenerativa, em substituição ao modelo atual que promove a degradação do solo.

O documentário mostra que um solo coberto por uma vegetação diversificada torna-se a mais eficiente ferramenta para sequestro de carbono da atmosfera. Já o modelo de produção de alimentos adotado predominantemente, a monocultura, promove desertificação. Conforme o pesquisador do IPA, um solo bem estruturado apresenta uma melhor relação com o ciclo hidrológico: previne a erosão, regula o clima, resiste a secas, controla o escoamento superficial e melhora a qualidade da água e os processos de infiltração e de armazenamento e, entre outros benefícios. Segundo ele, além da adoção de uma agricultura regenerativa produzir agrossistemas resilientes às mudanças climáticas, aumenta a rentabilidade do produtor, pois nessas práticas há colheita todos os meses do ano e a dependência de insumos externos para recuperar a fertilidade do solo é reduzida, ou seja, há menos custos.

No filme, a alimentação saudável também é apresentada como uma das chaves para a reversão das mudanças climáticas. Clóvis apresentou, em sua palestra, dados da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) das Nações Unidas que mostram que 1/3 dos solos do planeta estão em estado de degradação. Em seguida, apresentou diversos benefícios da construção de sistemas agroalimentares saudáveis, entre eles a diversificação e a segurança alimentar. O pesquisador apontou que as principais enfermidades que acometem as pessoas, como diabetes, pressão alta e doenças cardiovasculares, são causadas por um modelo de alimentação desequilibrado, excessivo em açúcar, sal e gorduras.

Também participaram do evento ministrando palestras Afonso Peche Filho, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o consultor ambiental João Batista da Cruz e a produtora de café Ana Paula Urtado.

O evento foi promovido em celebração ao Dia Mundial da Alimentação. O debate realizado na Semil foi transmitido ao vivo pelo Portal de Educação Ambiental da Coordenadoria de Educação Ambiental.

Assista ao vídeo completo com o debate: