
25/09/2024
No dia 20 de setembro, o Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) ofereceu uma aula sobre briófitas e jardinagem. A palestra foi ministrada pela bióloga Sandra Visnadi, pesquisadora científica do Núcleo de Conservação da Biodiversidade da instituição. O evento foi realizado em ambiente online e teve a participação de 45 participantes. Essa foi a segunda apresentação sobre o tema oferecida neste ano. A primeira foi realizada em março.
As briófitas têm se tornado muito populares em projetos paisagísticos como cobertura de chão em ambientes sombreados, onde outros tipos de planta têm mais dificuldade para crescer. As briófitas não comprometem estruturas urbanas, como alvenaria, e não competem com a grama (pois buscam condições opostas pra se desenvolver). Ocupam substratos nus, onde outras plantas não germinariam.
Briófitas são em geral plantas pequenas e tem como uma de suas características marcantes a ausência de vasos condutores de seiva. Os musgos são as briófitas mais populares, mas há também as hepáticas e os antóceros. São majoritariamente plantas terrestres, sendo que algumas são aquáticas. Não se desenvolvem em água salobra ou marinha. Ocupam principalmente locais úmidos, mas podem ocorrer em uma diversidade de ambientes, desde as florestas tropicais, cerrado, caatinga até o Ártico. Apesar do potencial econômico pouco conhecido, , as briófitas são relevantes para o meio ambiente. Elas retêm a água da chuva (de 5 a 35 vezes o seu peso seco), ajudam na prevenção de inundações, na conservação da umidade e na prevenção de secas. Também previnem o assoreamento de rios e a erosão do solo. Não são invasoras ao ponto de suplantarem outros tipos de vegetação e, ao contrário, servem de substrato para outras plantas e fungos. Além disso, protegem raízes e brotos de outras plantas contra ventos e geadas.
Nos ambientes urbanos, os parques tendem a ser os locais que mais favorecem a riqueza de briófitas. A palestrante comentou que esse grupo de plantas constitui ótimos bioindicadores de qualidade ambiental. Durante sua fala, revelou resultados de pesquisas realizadas em diversos parques da cidade de São Paulo que são realizados para compreender como as briófitas se distribuem nesses espaços verdes. Sandra mostrou os fatores que podem influenciar na riqueza de briófitas, como a umidade, se vegetação é densa ou esparsa, qual o índice de cobertura vegetal do entorno, entre outros. Explicou que áreas maiores têm mais espaço para acúmulo de espécies e áreas mais antigas, mais tempo para o acúmulo de espécies. Dentre os lugares estudados, vale destacar o Parque Estadual Fontes do Ipiranga, onde está localizada a unidade Jardim Botânico do IPA, que possui uma riqueza de 266 espécies de briófitas.
Ao final da palestra, a pesquisadora apresentou algumas técnicas práticas de como cultivar as briófitas. Defendeu que a jardinagem seja vista como uma recuperação de área e que respeite as condições naturais.
Assista à palestra na página de Youtube do IPA: